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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/67104
Type: | Tese |
Title: | Itinerários de cuidado de si de mulheres trabalhadoras sexuais da Barra do Ceará |
Title in English: | Itineraries self-care of sex work women in Barra do Ceará |
Authors: | Silva, Lorena Brito da |
Advisor: | Méllo, Ricardo Pimentel |
Keywords: | Trabalho sexual;Mulheres;Cuidado de si;Itinerários de cuidado;Barra do Ceará |
Issue Date: | 2022 |
Citation: | SILVA, Lorena Brito da. Itinerários de cuidado de si de mulheres trabalhadoras sexuais da Barra do Ceará. Orientador: Ricardo Pimentel Méllo. 2022. 254 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022. |
Abstract in Brazilian Portuguese: | Esta Tese versa sobre as práticas de cuidado que circulam entre as mulheres e as racionalidades que as sustentam, considerando seus itinerários pelos territórios de prostituição e pelo bairro da Barra do Ceará, Fortaleza/CE. Para analisar a produção dos itinerários de cuidado de si, foi necessário conhecer interseccionalmente as experiências de cuidado, mapear as principais redes de relações com outras pessoas, lugares e serviços. Ademais, relacionaram-se as práticas de cuidado pessoais e coletivas, problematizando-se as racionalidades que as sustentam. Teóricometodologicamente, os estudos foucaultianos, decoloniais e do feminismo negro fundamentaram esta pesquisa qualitativa. A Barra do Ceará foi o território-referência e, a partir do projeto “Cuida!”, percorreram-se três zonas de prostituição (pistão, casa de massagem e região de bares), marcadas por um território empobrecido e em conflito facções/polícia. Entre 2016/2019, foram realizadas observações e conversas no cotidiano, entrevistas e diários de campo, tendo as práticas discursivas como caminho de análise das nove cenas que compõem o estudo. As mulheres, em sua maioria negras, têm entre 18 e 35 anos, com Ensino Médio incompleto, mães solo que saíram cedo de casa, vivendo em quartos próximos aos pontos de batalha. Como principais aprendizados, sistematizaram-se as imagens de controle de “puta-devida-fácil”, “puta-coitada” e “puta-atrevida”, como efeitos dos racismos, sexismos e de preconceito de classe que intensificam precariedades, contribuindo para a fragilização dos laços e a solidão. Com base em uma articulação médico-jurídica, as políticas públicas agem mais no controle e prevenção da transmissão de IST. As ACS se aproximam das trabalhadoras sexuais, contudo, as equipes ampliadas encontram dificuldade para continuar os acompanhamentos iniciados na zona. Seus itinerários de cuidado estão reduzidos às zonas, envolvendo principalmente os pontos em que cultivam relações mais antigas, bem como em um terreiro de umbanda que oferta cuidados espirituais e do corpo. O “Cuida!” mediou a aproximação com a UAPS, o CUCA e o CAPS, e os espaços de lazer estão nas zonas e nas idas para as casas de familiares. As práticas de cuidado foram sistematizadas em três grupos: a) Fazer a si: anonimato como garantia de privacidade e sobrevivência; sinceridade, alegria, limites e liberdade para guiar as relações; raiva e barraco para lidar com as indignações; tiração de onda e nomadismo como posturas; b) cuidados da saúde: reconhecimento do momento de sair ou permanecer na zona; busca de banhos, chás e orações, antes dos equipamentos públicos; c) estabelecimento de alianças nos territórios: camaradagem e intimidade marcam, quando relações ultrapassam a zona; o cuidado mútuo diante da dororidade; relações com cafetinas/cafetões e clientes fixos serão alianças de aprendizado e proteção; a zona como localde trabalho, celebração e resistência. Considera-se que o cuidado de si, ao apostar em uma relação ética com o exercício de fazer a si, pode contribuir para a integralidade e a criação de práticas que se afinem com seus modos de viver. A disputa entre as racionalidades biomédicocoloniais, biopsicossociais, comunitário-tradicionais e da zona-camaradagem ultrapassa os cuidados em saúde, atravessando as condições/autorizações de existirem. Espera-se cooperar com práticas integrais e plurais de cuidado, nas zonas de prostituição. |
Abstract: | This thesis is about the care practices that circulate among women and the rationalities that support them, considering their itineraries through the territories of prostitution and the neighborhood of Barra do Ceará, Fortaleza/CE. To analyze the production of self-care itineraries, it was necessary to know intersectionally the experiences of care, map the main networks of relationships with other people, places and services. Furthermore, personal and collective care practices were related to each other, questioning the rationalities that support them. Theoretically-methodologically, Foucauldian, decolonial and black feminism studies supported this qualitative research. Barra do Ceará was the reference territory, and based on the project “Take care!” three areas of prostitution were visited (trottoir, massage parlor and bar area), marked by an impoverished territory, in conflict between factions and the police. Between 2017/19, interviews, field diaries, observations and conversations were carried out in everyday life, using discursive practices as a way of analyzing the 9 scenes that make up the study. The women are between 18 and 35 years old, non-white, with incomplete high school, single mothers who left home early, living in rooms close to battle points. As main learnings, the control images of “easy-life bitch”, “poor bitch” and “sassy bitch” were systematized as effects of racism, sexism and class prejudice that intensify precariousness, contributing to the weakening of bonds and loneliness. From a medical-legal articulation, public policies act more in the control and prevention of STI transmission. The Community Health Agents approach the sex workers, however, the expanded teams find it difficult to continue the follow-ups started in the zone. Their care itineraries are limited to zones, mainly involving the points where they cultivate oldest relationships, as well as in an Umbanda terreiro that offers spiritual and physical care. The “Take care!” mediated the approximation with UAPS, CUCA and CAPS, and the recreational spaces are in the zones and in the relatives' houses. Care practices were systematized into 3 groups: a) Do to yourself: anonymity as a guarantee of privacy and survival; b) health care: recognition of when to leave or stay in the area; seek baths, teas and prayers before heading to public facilities; c) Establishment of alliances in the territories: camaraderie and intimacy mark when relationships go beyond the zone; mutual care when facing pain; relationships with cafetinas/pimps and fixed customers will be alliances of learning and protection; the zone as a place of work, celebration and resistance. It is considered that the self-care, when betting on an ethical relationship with the exercise of doing the self, can contribute to the integrality and the creation of practices that are in tune with their ways of living. The dispute between biomedical-colonial, biopsychosocial, community-traditional andzone-comradeship rationalities goes beyond health care, crossing the conditions/authorizations to exist. It is expected to contribute with integral and plural care practices in prostitution zones. |
URI: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/67104 |
Appears in Collections: | PPGP - Teses defendidas na UFC |
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