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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/52221
Tipo: | Dissertação |
Título: | Humanos Indireitos?: Modos de Subjetivação de Adolescentes e Jovens a quem se atribui o cometimento de ato infracional. |
Título em inglês: | Unworthy Humans?: Modes os Subjectivation os Adolescents and Young People to which the practice of infrational act is assigned. |
Autor(es): | Cavalcante, Clara Oliveira Barreto |
Orientador: | Barros, João Paulo Pereira |
Palavras-chave: | Adolescentes;Jovens;Medidas socioeducativas;Modos de subjetivação;Violências |
Data do documento: | 2020 |
Citação: | CAVALCANTE, Clara Oliveira Barreto. "Humanos indireitos?": modos de subjetivação de adolescentes e jovens a quem se atribui o cometimento de ato infracional. 2020.193f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia. Fortaleza (CE), 2020. |
Resumo: | Considerando o contexto de violência letal e recrudescimento de dispositivos punitivos que (in)visibiliza segmentos juvenis negros e moradores da periferia como "humanos indiretos", esta dissertação teve como objetivo geral analisar modos de subjetivação juvenis em contexto de violências, a partir de narrativas de sujeitos a quem se atribui o cometimento de ato infracional acerca de suas trajetórias. Os objetivos específicos foram: 1) discutir narrativas de adolescentes e jovens a quem se atribui o cometimento de ato infracional sobre suas experiências juvenis em territorialidades periferizadas e seus atravessamentos com a arte; 2) mapear efeitos das dinâmicas da violência no cotidiano desses adolescentes e jovens; 3) problematizar relações das políticas públicas com esses adolescentes e jovens, a partir de suas trajetórias institucionais. Metodologicamente, tratou-se de uma cartografia como método de pesquisa-inter(in)venção, articulada ao projeto de extensão Histórias Desmedidas, realizado pelo VIESES: Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação. Os participantes foram sujeitos em cumprimento de medida de meio aberto no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) da Regional V, além de egressos do sistema socioeducativo que participaram de ações daquele projeto de extensão no referido CREAS. As estratégias metodológicas envolveram realização de oficinas temáticas, entrevistas narrativas e acompanhamento de percursos com os participantes em seus territórios e na cidade. As narrativas dos participantes sobre suas experiências juvenis ressaltam cenas de violações de direitos, racismo, violência e sujeição criminal. Suas narrativas põem em relevo vivências em um fogo cruzado, decorrente das expectativas negativas da sociedade sobre seus futuros, dos conflitos territoriais ligados às disputas de facções e das políticas de segurança pública calcadas numa lógica de guerra e fabricação de inimigos. Corrobora-se, com efeito, a produção de modos de (des)subjetivação a partir dos quais a morte está corriqueiramente à espreita. As investidas de mortificação de tais juventudes se dão não apenas pela sua exposição à aniquilação física, mas por meio de uma matriz colonial de poder que simbolicamente engendra experiências de silenciamento, apagamento, homogeneização, segregação, abandono institucional, cidadania escassa e ausência de perspectiva de futuro próspero e longevo. Violências institucionais, expressas principalmente em relação ao sistema socioeducativo e à polícia, destacam-se em suas narrativas. Afetos como ódio, medo e ressentimento em relação a instituições diversas são realçados. Insurgências também se sobressaem nas narrativas desses jovens, que demonstram inconformidade com a problemática de precarização da vida, da violação de direitos e da exposição cotidiana à morte violenta, além de expressarem produção de vida e re-existências, a partir, por exemplo, da experimentação de deslocamentos por uma cidade historicamente segregada e pelos próprios territórios faccionalizados, e por meio da incorporação da arte, da poesia e da literatura como dispositivos de reinvenção de territórios existenciais. Desse modo, esperamos que esta pesquisa possa contribuir com discussões sobre modos de subjetivação e estratégias de (re)existências em tempos necropolíticos. |
Abstract: | Considerem the context of lethal violence and the upsurge of punitive devices that make black youth segments impoverished and made impoverished as "unworthy humans" invisible, this dissertation had the general objective of analyzing ways of subjectivating young people in the context of violence, from the narratives of subjects to whom it is attributed the practice of infracional act concerning their trajectories. The specific objectives were: 1) to discuss narratives of adolescents and young people who are responsible for committing an infraction on their youth experiences in peripheral territories and their crossings with art; 2) map the effects of the dynamics of violence on the daily lives of these adolescents and young people; 3) problematize public policy relations with these adolescents and young people, based on their institutional trajectories. Methodologically, it was a cartography as a research-inter (in) intervention method, linked to the extension project Histórias Desmedidas, carried out by VIESES: Research and Interventions Group on Violence, Social Exclusion and Subjectivity. Participants were subject to an open medium measure at the Specialized Social Assistance Reference Center (CREAS) of Regional V, in addition to graduates from the socio-educational system who participated in the actions of that extension project in said CREAS. The methodological strategies involved conducting thematic workshops, narrative interviews and monitoring of routes with participants in their territories and in the city. Participants' narratives about their youth experiences highlight scenes of rights violations, racism, violence and criminal subjection. Such narratives highlight experiences in a crossfire, due to the negative expectations of society about their futures, territorial conflicts linked to faction disputes and public security policies based on a logic of war and the manufacture of enemies. In fact, it corroborates the production of modes of (de) subjectivation from which death is currently lurking. The onslaught of mortification of such youths occurs not only due to their exposure to physical annihilation, but through a colonial matrix of power that symbolically engenders experiences of silence, erasure, homogenization, segregation, institutional abandonment, scarce citizenship and the absence of a perspective of prosperous and long-lived future. Institutional violence, expressed mainly in relation to the socio-educational system and the police, stands out in their narratives. Affections such as hatred, fear and resentment towards different institutions are highlighted. Insurgencies and re-existences are also noticeable in the narratives of these young people about themselves, either when they demonstrate non-conformity with the problem of precariousness in life, the violation of rights and daily exposure to violent death, or through the creation of strategies to singularize their lives, from, for example, the experimentation of displacements through a historically segregated city and the factionalized peripheral territories themselves, in addition to the incorporation of art, poetry and literature as devices for reinventing existential territories. Thus, such research can contribute to discussions about modes of subjectivation and resistance strategies in necropolitical times. |
URI: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/52221 |
Aparece nas coleções: | PPGP - Dissertações defendidas na UFC |
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