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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/47821
Tipo: | Dissertação |
Título : | Desfiando o bordado narrativo de Autran Dourado: um exercício de leitura do texto literário |
Autor : | Ramos, Angélica Maria de Almeida Carvalho |
Tutor: | Peloggio, Marcelo Almeida |
Palabras clave : | O risco do bordado;Tempo;Imaginação |
Fecha de publicación : | 2019 |
Citación : | RAMOS, Angélica Maria de Almeida Carvalho. Desfiando o bordado narrativo de Autran Dourado: um exercício de leitura do texto literário. 2019. 182f. - Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-graduação em Letras, Fortaleza (CE), 2019. |
Resumen en portugués brasileño: | A pesquisa tem como objetivo primordial investigar como o tempo, atrelado às práticas mnemônicas e ao exercício da imaginação, é construído no romance O risco do bordado (1970), de Waldomiro Autran Dourado (1926-2012), a partir das estratégias narrativas mobilizadas para a sua composição. Autor de feitio erudito Autran Dourado inicia sua careira literária em 1944, com a publicação da novela Teia, pelas Edições Edifício, obra a qual se seguem Sombra e Exílio e Tempo de Amar (1952). O projeto estético do escritor mineiro caracteriza-se, sobretudo, por um intenso diálogo com a tradição, e com as expressões literárias e filosóficas que marcam a história da civilização ocidental. Bebendo da fonte dos clássicos, o autor constrói sua ficção utilizando-se de bricolagens, recortes, emulações de tragédias gregas, esboçando o perfil de suas personagens a partir de uma reconfiguração de mitos, símbolos e fábulas constitutivas do imaginário do homem moderno. O tempo aflora, nesse sentido, como o tempo espiralado dos mitos em que uma imagem remete à outra, ou melhor dizendo: vive dentro de outra, podendo ser ressuscitada a qualquer momento pela evocação ou recordação. A angústia, o desespero e o erotismo dilacerado pelo sentimento de culpa são alguns temas recorrentes na ficção autraniana. Em O risco do bordado, eles são catalisados pela imaginação do personagem João Nogueira da Fonseca, espécie de porta-voz da fictícia cidade de Duas Pontes. A infância sobressaí-se como um pano de fundo frutífero para a criação literária, sendo a partir dela que se inaugura o universo lúdico da ficção. Desenha-se, ao longo das páginas da romance, a partir da figura de João, o perfil de um escritor em franco processo de amadurecimento que, desconcertado pela opacidade da memória, encontra no devaneio a matéria prima para a criação de seu mundo fabular. Destacam-se ainda, com recursos estéticos, o uso da técnica de narrativa em blocos, a presença do narrador personativo desorientador da leitura, o jogo barroco de sombra e luz. A pergunta motivacional desta pesquisa é, portanto, a seguinte: como o ato de narrar, atrelado ao recursos mnemônicos e ao uso criativo da imaginação, inaugura novas temporalidades no texto literário? A fim de tentar problematizar a questão levantada, este trabalho inicial divide-se em duas etapas. Primeiro, analisar-se-á o romance tecendo uma discussão sobre as características referentes à estruturação romanesca, observando as estratégias estéticas, já citadas neste texto, empreendidas pelo autor para criar a coordenada espaço-temporal de sua narrativa, e depois destruí-la dando vazão à imaginação que desorienta toda a cronologia proposta. Em seguida, traçar-se-á um caminho hermenêutico desdobrando a análise do tempo em dois eixos de significação: o do personagem, imerso em seu horizonte passional, imiscuído no devaneio, a quem acompanhamos, com quem sofremos intimamente o fluxo dos acontecimentos reconstruindo o universo a partir do seu ponto de vista; e do narrador que, enxergando os acontecimentos por trás, tenta conferir uma significação a eles a partir do esforço de recordação. Como fundamentação teórica toma-se, como ponto de partida para as discussões, as contribuições de POUILLON (1974), MENDILOW(1972), BORNEUF(1971), STANZEL (1971), BAKHTIN (2008), ELIADE (1972), ISER (2002), AGOSTINHO (2008), BACHELARD (2009), MERLEAU-PONTY (1999), RICOEUR (2000), dentre outros. |
Abstract: | The research has as its main objective to investigate how time, coupled with mnemonic practices and the exercise of the imagination, is built on the novel O risco do bordado, by Waldomiro Autran Dourado (1926-2012), based on narrative strategies mobilized for its composition. Autran Dourado began his literary career in 1944, with the publication of the novel Teia, by the Building Editions, a work which follows Shadow and Exile and Time to Love (1952). The aesthetic project of the Minas Gerais writer is characterized, above all, by an intense dialogue with tradition, and with the literary and philosophical expressions that mark the history of Western civilization. Drinking from the source of the classics, the author builds his fiction using do-it-yourself, clippings, emulations of Greek tragedies, sketching the profile of his characters from a reconfiguration of myths, symbols and fables constitutive of the imagery of modern man. The time, in this sense, emerges as the spiral time of the myths in which one image refers to another, or rather, it lives within another, and can be resurrected at any moment by evocation or remembrance. Anguish, despair, and eroticism torn by guilt are some of the recurring themes in autochronic fiction. In O risco do Bordado, they are catalysed by the imagination of the character João Fonseca Nogueira, a spokesman for the fictional town of Duas Pontes. The childhood emerged as a fruitful backdrop to literary creation, from which the playful universe of fiction was inaugurated. Throughout the pages of the novel, drawing from the figure of John, the profile of a writer in a frank process of maturing, who, disconcerted by the opacity of memory, finds in the daydream the raw material for the creation of his world of fables. The use of the technique of narrative in blocks, the presence of the disorientating person narrator of the reading, the baroque game of shadow and light stand out with aesthetic resources. The motivational question of this research is therefore: how does the act of narrating, linked to mnemonic resources and the creative use of imagination, inaugurate new temporalities in the literary text? In order to try to problematize the question raised, this work is divided into three stages. First, the novel will be analyzed by weaving a discussion about the characteristics related to the romanesque structure, observing the aesthetic strategies already mentioned in this text, undertaken by the author to create the temporal coordinate of his narrative, and then to destroy it by giving to the imagination that disorients the whole proposed chronology. In the next, a hermeneutic path will be traced, unfolding the analysis of time in two axes of signification: that of the character, immersed in his passionate horizon, immersed in reverie, whom we accompany, with whom we have intimately suffered the flow of events by reconstructing the universe from their point of view; and the narrator who, seeing the events behind, tries to give a meaning to them from the memory effort. As a theoretical basis, the contributions of POUILLON (1974), MENDILOW(1972), BORNEUF(1971), STANZEL (1971), BAKHTIN (2008), ELIADE (1972), ISER (2002), AGOSTINHO (2008), BACHELARD (2009), MERLEAU-PONTY (1999), RICOEUR (2000), among others. |
URI : | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/47821 |
Aparece en las colecciones: | PPGLE- Dissertações defendidas na UFC |
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