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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78208
Tipo: | Tese |
Título: | O lugar de Heródoto: um mensageiro da morte na fronteira da alteridade |
Autor(es): | Cardoso, Edilane Vitório |
Orientador: | Araújo, Orlando Luiz de |
Palavras-chave em português: | Heródoto;Literatura grega;Morte;Nómos;Alteridade |
Palavras-chave em inglês: | Herodotus;Greek literature;Death;Nómos;Otherness |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA |
Data do documento: | 2024 |
Citação: | CARDOSO, Edilane Vitório. O lugar de Heródoto: um mensageiro da morte na fronteira da alteridade. 2024. 143 f. Tese (Doutorado em Letras) - Programa de Pós-graduação em Letras, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2024. |
Resumo: | A narrativa historiográfica escrita por Heródoto (485-425 AEC), e legada à posteridade, reflete o amplo vislumbre de seu autor, enquanto desempenha alguns papeis, já que cumpre determinadas funções com vistas à composição de seu texto. Na condição de investigador e também enunciador de seu relato, o autor ocupa lugares que passam pelo ver, ouvir, saber, conhecer. Desse modo, para a tessitura de seus lógoi, Heródoto atua não só como testemunha ocular e pesquisador-viajante, mas também como narrador-mensageiro. O tema central em torno do qual se configuram as Histórias – embora Heródoto também recorra a inúmeras digressões – é o grande confronto bélico entre gregos e bárbaros. Trata-se de um embate multissecular, basta recordar a primeira de suas manifestações na Ilíada homérica: a guerra dos aqueus contra os troianos, dentro de um contexto que se compreende como pré-histórico ou mítico. Em função disso, nos lógoi herodotianos há que se ponderar acerca da relação do narrador e enunciador com os diversos nómoi (costumes) estrangeiros ali retratados. Ademais, discutir a morte, considerando diferentes culturas e suas compreensões em torno do fenômeno é, inevitavelmente, adentrar no domínio da religião. Nesse sentido, o enfoque da nossa pesquisa gira em torno do retrato dado às compreensões sociais da morte, suas práticas ritualísticas e representações religiosas, considerando os diferentes grupos étnicos retratados nas Histórias. Uma vez impelidos a refletir sobre os valores sociais da morte e os ritos em torno dela praticados, percebemos significativa e inexorável correlação com a alteridade, na medida em que as posições do indivíduo diante da finitude e as inúmeras práticas a ela associadas dependem sobremaneira dos valores e costumes – nómoi – da comunidade descrita. Dessa forma, para a discussão proposta, convém explicitar o conceito de nómos, já que em torno dele é viável a abordagem sobre etnografia e alteridade. Conforme assinala Romilly, em La loi dans la pensée grecque, (1971, p. 54), o vocábulo sofreu uma transformação semântica decorrente da própria evolução da pólis grega. Assim, ao seu entendimento primordial, etnográfico (abrangendo as práticas e crenças transmitidas de geração em geração, constitutivas do legado ético de cada povo), acrescentou-se o sentido político. Ou seja, o significado relativo a costumes juntou-se ao sentido de lei. A pesquisa ancora-se em uma abordagem qualitativa, para sua viabilização nos respaldamos nas contribuições teóricas de Loraux (1975/1977/1994), Romilly (1971/ 1993), Garland (1985), Hall (1989), Burkert (1993), Calame (2000), Vernant (2002/2009), Soares (2003/2005), Silva (1995/2010), Gagnebin (2005), Hartog (2003/2014). Assim, percebemos que a morte na prosa herodotiana representa, em seu sentido originário, a execução prática dos valores de um código, de um nómos, na medida em que é um fenômeno de natureza social, política e religiosa. O nómos, portanto, constitui um elemento formador da identidade individual e coletiva dos sujeitos retratados nas Histórias. |
Abstract: | The historiographical narrative written by Herodotus (485-425 B.C.E.) and bequeathed to posterity reflects the broad vision of its author, as he plays certain roles, since he fulfills certain functions with a view to composing his text. As an investigator and also the enunciator of his account, the author occupies places that include seeing, hearing, knowing and knowing. In this way, Herodotus acts not only as an eyewitness and traveler-researcher, but also as a messenger-narrator. The central theme of the Histories - although Herodotus also resorts to numerous digressions - is the great war between the Greeks and the barbarians. It is a multi-century clash, and it is enough to remember the first of its manifestations in the Homeric Iliad: the war of the Achaeans against the Trojans, within a context that can be understood as prehistoric or mythical. As a result, in the Herodotian lógoi we have to consider the relationship between the narrator and the enunciator and the various foreign nómoi (customs) portrayed there. Furthermore, to discuss death, considering different cultures and their understanding of the phenomenon, is inevitably to enter the realm of religion. In this sense, the focus of our research revolves around the portrayal given to social understandings of death, its ritualistic practices and religious representations, considering the different ethnic groups portrayed in the Stories. Once impelled to reflect on the social values of death and the rites practiced around it, we perceive a significant and inexorable correlation with otherness, insofar as the individual's position in the face of finitude and the countless practices associated with it depend greatly on the values and customs - nómoi - of the community described. For the purposes of this discussion, it is worth explaining the concept of nómos, since it is around it that the approach to ethnography and alterity is viable. As Romilly points out in La loi dans la pensée grecque (1971, p. 54), the word underwent a semantic transformation as a result of the evolution of the Greek polis. Thus, to its primordial, ethnographic understanding (encompassing the practices and beliefs passed down from generation to generation, constituting the ethical legacy of each people), a political meaning was added. In other words, the meaning of customs was added to the meaning of law. The research is based on a qualitative approach, and to make it feasible we draw on the theoretical contributions of Loraux (1975/1977/1994), Romilly (1971/ 1993), Garland (1985), Hall (1989), Burkert (1993), Calame (2000), Vernant (2002/2009), Soares (2003/2005), Silva (1995/2010), Gagnebin (2005), Hartog (2003/2014). Thus, we realize that death in Herodotian prose represents, in its original sense, the practical execution of the values of a code, of a nómos, insofar as it is a phenomenon of a social, political and religious nature. The nómos, therefore, constitutes a formative element of the individual and collective identity of the subjects portrayed in the Stories. |
URI: | http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78208 |
ORCID do(s) Autor(es): | https://orcid.org/0000-0002-7194-4725 |
Currículo Lattes do(s) Autor(es): | http://lattes.cnpq.br/5459495652208329 |
ORCID do Orientador: | https://orcid.org/0000-0001-9886-3733 |
Currículo Lattes do Orientador: | http://lattes.cnpq.br/2680403686223727 |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
Aparece nas coleções: | PPGLE - Teses defendidas na UFC |
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