Por favor, use este identificador para citar o enlazar este ítem: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78100
Tipo: Dissertação
Título : Rede brasileira de mulheres cientistas (RBMC): um estudo sobre ativismo digital, experiências e ideias sobre gênero na saúde coletiva
Autor : Bezerra, Francisca Elizabeth Cristina Araujo
Tutor: Araújo, Carmem Emmanuely Leitão
Palabras clave en portugués brasileño: Desigualdade de Gênero;Mídias Sociais;Políticas Públicas;Saúde Coletiva
Palabras clave en inglés: Gender Equity;Social Media;Public Policy;Public Health
Áreas de Conocimiento - CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Fecha de publicación : 2024
Citación : BEZERRA, Francisca Elizabeth Cristina Araujo. Rede brasileira de mulheres cientistas (RBMC): um estudo sobre ativismo digital, experiências e ideias sobre gênero na saúde coletiva. 2024. Dissertação. (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2024. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/ 78100. Acesso em: 09 set. 2024.
Resumen en portugués brasileño: A desigualdade de gênero é um problema histórico, estrutural, complexo, que oprime, segrega e violenta mulheres de múltiplas formas, limitando suas existências. Com a pandemia da Covid-19, a situação das mulheres foi agravada por desafios próprios da situação de emergência em saúde pública e pelos desmontes de direitos ocorridos no período, ao tempo que ganhou espaço no debate público como forma de denúncia, reivindicação e pressão do Estado. Neste contexto, a Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC) constitui-se como uma experiência inédita de ativismo digital. De natureza interdisciplinar, a RBMC agrega milhares de mulheres inseridas em diferentes campos do conhecimento, bem como vinculadas a diversas instituições de ensino e pesquisa do território nacional, incluindo professoras e pesquisadoras da Saúde Coletiva. A experiência da RBMC incita-nos a responder algumas questões: como a RBMC utiliza as mídias sociais para abordar questões de gênero e políticas para mulheres? Quem são as pesquisadoras do Campo da Saúde Coletiva que integram a Rede e como suas experiências pessoais, políticas e acadêmicas se relacionam às suas ideias sobre gênero, conhecimento e política pública para mulheres? O objetivo geral é compreender experiências e ideias de ativistas do campo da saúde coletiva sobre gênero, conhecimento e políticas públicas para mulheres, considerando a constituição e atuação da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas. Trata-se de um estudo multimétodos de natureza qualitativa que envolve Análise do Enquadramento (1a fase) para mapear e analisar os quadros interpretativos e noticiosos nas interações da RBMC nas mídias sociais; e Análise de Narrativas (2a fase) para compreender as experiências e ideias das pesquisadoras do campo da saúde coletiva com notória atuação na Rede. A primeira fase da pesquisa ocorreu com registro dos dados, desde seu lançamento (abril/2021) até abril de 2022. Apesar da alta concentração nas plataformas da RBMC, foram incluídos eventos com parceiros, convidados e divulgação de outras iniciativas em diversas mídias sociais. 767 publicações foram identificadas no período mencionado. Após identificados os quadros, de modo intencional, um deles foi escolhido para análise em profundidade, considerando sua centralidade para a RBMC, qual seja, “desigualdade de gênero”. Na segunda etapa, iniciada no segundo semestre de 2022, conferimos o cadastro de 3.609 pesquisadoras que integram a RBMC com a relação de docentes e discentes na Plataforma Sucupira. Assim identificamos 345 vinculadas ao Campo da Saúde Coletiva. Dentre essas, 21 foram selecionadas em função da participação em pelo menos 01 atividade da Rede (Notas Técnicas, Lives, Entrevistas, Vídeos, Projetos etc.) em seu primeiro ano de atuação. Antes do contato com as selecionadas, a pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil para apreciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (CEP/UFC) (Número do parecer 5.726.953). Os resultados mostram 05 quadros (frames): Movimento e Articulação; Saúde e Pandemia; Ciência e Educação; Política Pública, Estado e Direito; e Desigualdade de Gênero. Os quadros identificados constituem a comunicação estabelecida em redes sociais e meios de comunicação digitais. Eles revelam as interações e temáticas abordadas pela RBMC, revelando as questões interseccionais que os atravessam. O quadro “desigualdade de gênero”, nas mídias sociais, denuncia a deslegitimação da ciência e a Covid-19 como fatores agravantes da existência já vulnerabilizada (estrutural e historicamente); enfatiza violências que fragilizam políticas públicas, geram inseguranças e causam risco de morte; evidencia, principalmente, a gravidade em relação às mulheres pobres, negras e de territórios periféricos; conforma um aglomerado de esforços de pesquisadoras de distintos campos do conhecimento a fim de ampliar a visibilidade de questões de gênero e interseccionalidades, incidir na agenda pública e ratificar a não neutralidade científica. A análise das narrativas (2a fase) evidenciou experiências pessoais com a desigualdade de gênero que demonstram a fragilidade das fronteiras entre público e privado; pois violências, com certa variação, acompanham-nas em todas as etapas da vida, mas principalmente em relação à maternidade e a ocupação de outros espaços de sociabilidade que geram sobrecarga ao tempo que revelam a imprescindibilidade de uma rede de apoio. As experiências políticas revelam uma aproximação com movimentos feministas e de mulheres, ações pontuais e continuadas, partidárias e suprapartidárias, na participação e controle social e organizações da sociedade civil; bem como grupos de estudos e trabalhos acadêmicos, o que coloca também o uso do conhecimento que produzem como subsídio para as ações das quais participam. As experiências acadêmicas reforçam como a sobrecarga do cuidado em relação à maternidade impactam suas vidas e como o espaço acadêmico desconsidera essas questões; tal fato desencadeou críticas a uma forma de fazer ciência que reproduz um sistema de opressões interseccionais (gênero, étnico-racial, etarista, regionalista) e adoecedora, que as levam a ações estratégicas como preparação, recuo e articulações para uma ciência colaborativa. Inclusive, sobre como ser cientista ainda está atrelado a estereótipos tradicionais ao tempo pode promover uma ciência inclusiva e contra-hegemônica em suas conquistas; principalmente no campo da Saúde Coletiva, descrito como acolhedor às mulheres e as questões de gênero, apesar de suas tensões. A relação de gênero, saúde coletiva e políticas públicas para mulheres é tratada como relevante, o que demanda ocupação de espaços de poder e a aproximação entre estudos de gênero e saúde coletiva como fundamental para o enfrentamento dos retrocessos políticos e o vislumbre possibilidades que assegurem intervenções potentes via investimentos, políticas, concursos, seleções, editais e direitos que assegurem o acesso e a permanência de mulheres na ciência e políticas públicas de e com olhar de gênero. Entre experiências narradas, a RBMC congrega características de uma aproximação a partir de contatos e redes de profissionais, com potencial de canalizar conhecimentos e ideias confiáveis via ativismo digital acadêmico; mas também com contradições que podem afetar a participação das integrantes. O estudo contribui ao revelar representação das tensões, contradições e demandas históricas e interseccionais persistentes, particularmente no campo da Saúde Coletiva. A junção entre ciência e ativismo/mobilizações acadêmicas-sociais são potenciais para a implantação de uma agenda de políticas públicas focada na equidade de gênero e justiça social.
Abstract: Gender inequality is a historical, structural, complex problem that oppresses, segregates and violates women in multiple ways, limiting their existence. With the Covid-19 pandemic, the situation of women was aggravated by challenges inherent to the public health emergency situation and the dismantling of rights that occurred during the period, at the same time that it gained space in the public debate as a form of denunciation, demand and pressure from the State. In this context, the Brazilian Network of Women Scientists (RBMC) constitutes an unprecedented experience of digital activism. Interdisciplinary in nature, RBMC brings together thousands of women working in different fields of knowledge, as well as linked to various teaching and research institutions across the country, including professors and researchers in Public Health. RBMC's experience encourages us to answer some questions: how does RBMC use social media to address gender issues and women's policies? Who are the researchers in the Public Health Field who are part of the Network and how do their personal, political and academic experiences relate to their ideas about gender, knowledge and public policy for women? The general objective is to understand the experiences and ideas of activists in the field of public health about gender, knowledge and public policies for women, considering the constitution and activities of the Brazilian Network of Women Scientists. This is a multi-method study of a qualitative nature that involves Framing Analysis (1st phase) to map and analyze the interpretative and news frames in RBMC interactions on social media; and Narrative Analysis (2nd phase) to understand the experiences and ideas of researchers in the field of collective health with notable work in the Network. The first phase of the research occurred with data recording, from its launch (April/2021) until April 2022. Despite the high concentration on RBMC platforms, events with partners, guests and dissemination of other initiatives on various social media were included. 767 publications were identified in the mentioned period. In the second stage, starting in the second half of 2022, we checked the registration of 3,609 researchers who are part of the RBMC with the list of teachers and students on the Sucupira Platform. Thus, we identified 345 linked to the Public Health Field. Among these, 21 were selected due to their participation in at least 01 Network activity (Technical Notes, Lives, Interviews, Videos, Projects, etc.) in their first year of operation. Before contacting those selected, the research was submitted to Plataforma Brasil for consideration and approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Ceará (CEP/UFC) (Opinion number 5,726,953). The results show 05 frames: Movement and Articulation; Health and Pandemic; Science and Education; Public Policy, State and Law; e Gender Inequality. The identified frames constitute the communication established on social networks and digital media. They reveal the interactions and themes addressed by RBMC, revealing the intersectional issues that cross them. After identifying the situations, we intentionally chose one of them for an in-depth analysis, considering its centrality to the RBMC, that is, “gender inequality”. The “gender inequality” framework on social media denounces the delegitimization of science and Covid-19 as aggravating factors of an already vulnerable existence (structurally and historically); emphasizes violence that weakens public policies, creates insecurity and causes a risk of death; mainly highlights the severity in relation to poor, black women and women from peripheral territories; constitutes a cluster of efforts by researchers from different fields of knowledge in order to increase the visibility of gender issues and intersectionalities, influence the public agenda and ratify scientific non-neutrality. The analysis of the narratives (2nd phase) highlighted personal experiences with gender inequality that demonstrate the fragility of the boundaries between public and private; as violence, with a certain variation, accompanies them at all stages of life, but mainly in relation to motherhood and the occupation of other sociability spaces that generate overload while revealing the indispensability of a support network. Political experiences reveal an approximation with feminist and women's movements, specific and continuous actions, partisan and non-partisan, in participation and social control and civil society organizations; as well as study groups and academic work, which also uses the knowledge they produce as support for the actions in which they participate. Academic experiences reinforce how the overload of care in relation to motherhood impacts their lives and how the academic space disregards these issues; This fact triggered criticism of a way of doing science that reproduces a system of intersectional (gender, ethnic-racial, ageist, regionalist) and sickening oppressions, which lead them to strategic actions such as preparation, retreat and articulations for a collaborative science. Including how being a scientist is still tied to traditional stereotypes and can promote an inclusive and counter-hegemonic science in its achievements; mainly in the field of Public Health, described as welcoming to women and gender issues, despite their tensions. The relationship between gender, collective health and public policies for women is treated as relevant, which demands the occupation of spaces of power and the rapprochement between gender studies and collective health as fundamental to confronting political setbacks and envisioning possibilities that ensure interventions powerful through investments, policies, competitions, selections, notices and rights that ensure the access and permanence of women in science and public policies from and with a gender perspective. Among narrated experiences, RBMC brings together characteristics of an approach based on contacts and networks of professionals, with the potential to channel reliable knowledge and ideas via academic digital activism; but also with contradictions that, in addition to bringing people together, can alienate members. The RBMC is important, but not yet essential, for strengthening gender studies in the Public Health Field; This is part of a collective construction, which, according to the narratives, needs to go further to adapt to the demands of the scientists involved and society, not excluding, but starting with face-to-face discussions, expanding institutional articulations, however, maintaining their autonomy. The study contributes by revealing a representation of tensions, contradictions and persistent historical and intersectional demands, particularly in the field of Public Health. The junction between science and activism/academic-social mobilizations are potential for implementing a public policy agenda focused on gender equity and social justice.
URI : http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78100
ORCID del autor: https://orcid.org/0000-0003-3577-1756
Lattes del autor: http://lattes.cnpq.br/0355998045321242
ORCID del tutor: https://orcid.org/0000-0003-4322-8390
Lattes del tutor: http://lattes.cnpq.br/0808732576466792
Derechos de acceso: Acesso Aberto
Aparece en las colecciones: PPGSP - Dissertações defendidas na UFC

Ficheros en este ítem:
Fichero Descripción Tamaño Formato  
2024_dis_fecabezerra.pdf2,06 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Los ítems de DSpace están protegidos por copyright, con todos los derechos reservados, a menos que se indique lo contrario.