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Type: Dissertação
Title: Filoctetes em uma cadeia de recepções: do abandono em Lemnos à fragmentação em Ramon, o Filoteto americano
Authors: Sousa, Marciana Alves de
Advisor: Araújo, Orlando Luiz de
Keywords in Brazilian Portuguese : Filoctetes;Estudos da recepção;Carlos Henrique Escobar;América Latina;Ditadura Militar
Keywords in English : Philoctetes;Reception studies;Latin America;Military dictatorship
Knowledge Areas - CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS
Issue Date: 2023
Citation: SOUSA, Marciana Alves de. Filoctetes em uma cadeia de recepções: do abandono em Lemnos à fragmentação em Ramon, o Filoteto americano. Orientador: Orlando Luiz de Araújo. 2023. 169 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Programa de Pós-graduação em Letras, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
Abstract in Brazilian Portuguese: Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo comparado que tem como ponto de partida a tragédia grega Filoctetes (409 a. C.), de Sófocles. Tendo por base os pressupostos teóricos dos Estudos da Recepção, especialmente Hardwick (2003), analisa-se como o dramaturgo grego do século V. a. C. retoma elementos temáticos e estruturais da Ilíada e da Odisseia de Homero (Séc. VIII a. C.) para construir sua tragédia; em seguida, em um salto no tempo e no espaço, verifica-se como o dramaturgo brasileiro Carlos Henrique Escobar (1976) retoma a tragédia de Sófocles e o mito do herói arqueiro em sua reescritura moderna Ramom, o Filoteto Americano. Desse modo, assume-se a recepção como um movimento no qual um leitor/receptor se torna produtor/escritor, em uma cadeia de recepções. Assim, Sófocles recepciona Homero e, a seu turno, é recepcionado por Escobar. Dando continuidade a esse encadeamento, os três são recebidos por seus leitores e críticos, de modo que seus textos podem tornar-se fonte para um escritor/produtor que reescreva a trama do arqueiro Filoctetes, repleta de possibilidades. No mito grego, após ser mordido por uma serpente e adoecer, Filoctetes, embarcado em um navio rumo a Troia, foi descartado por seus companheiros em uma ilha deserta. Após dez anos, é convocado pelos mesmos que o abandonaram, para pôr fim à guerra com suas armas herdadas de Héracles. Sófocles retoma justamente a empreitada que pretende levar o arqueiro, revoltado por sua condição de abandono, a lutar ao lado daqueles que o desertaram. Na sondagem do que permanece constante entre os textos, de um lado, situam-se o mito e a tragédia grega, do outro, a peça de Escobar, que escreve seu texto em plena Ditadura Militar, em 1975, e o publica no ano seguinte, ainda na mesma década em que, conforme Figueiredo (2015), com o aumento da censura e da violência do regime devido ao AI-5, o teatro brasileiro vivia sob coação. Ambientada no Alto Peru, atual Bolívia, durante o movimento de luta por independência do domínio espanhol, a peça de Escobar retoma o mito de Filoctetes e a tragédia sofocliana privilegiando o tema da opressão, a fim de enfatizar a necessidade de combatê-la. São abordados temas como resistência à tirania, formação de identidade, isolamento social, espaços de exílio, exploração do trabalho e relações étnico-raciais. Além dos autores já citados, dão suporte teórico a esta pesquisa, dentre outros, Amossy (2018), Araújo e Silva (2021), Aristóteles (2005; 2015), Brandão (2005), Carvalhal (2006), Rivera Cusicanqui (2018), Jauss (1984), Kogawa (2014), Levine (2003), Martindale (1993), Mandel (1981), Moraes (2018), Pavis (2015), Perysinakis (1994), Prado (1996), Rosenfeld (2012; 2018), Santos (1991a; 1991b), Schein (2012), Ubersfeld (2005) e Vernant e Vidal-Naquet (2005).
Abstract: This work aims to carry out a comparative study that takes the Greek tragedy Philoctetes (409 BC) by Sophocles as its starting point. Based on the theoretical assumptions of Reception Studies, especially Hardwick (2003), we analyze how the Greek playwright from the 5th century BC. takes up thematic and structural elements of Homer's Iliad and Odyssey (8th century BC) to build his tragedy. Then, in a leap in time and space, we see how the Brazilian playwright Carlos Henrique Escobar (1976) takes up Sophocles's tragedy and the archer hero's myth in his modern rewriting Ramom, o Filoteto americano. In this way, we assume reception as a movement in which a reader/receiver becomes a producer/writer in a chain of receptions. Thus, Sophocles receives Homer and, in turn, is received by Escobar. Continuing this chain, the three are received by their readers and critics so that their texts can become a source for a writer/producer who rewrites the plot of the archer Philoctetes, which is full of possibilities. In the Greek myth, after being bitten by a serpent and falling ill, Philoctetes, embarked on a ship heading to Troy, was discarded by his companions on a desert island. After ten years, he is summoned by the same people who abandoned him, to put an end to the war with his weapons inherited from Heracles. Sophocles takes up precisely the undertaking intended to lead the archer, disgusted by his abandoned condition, to fight alongside those who deserted him. When we probe what remains constant between the texts, on the one hand, we have Greek myth and tragedy; on the other, the play by Escobar, who wrote his text in the midst of the Military Dictatorship in 1975 and published it the following year, still in the same decade in which, according to Figueiredo (2015), with the increase in censorship and violence by the regime due to AI-5, Brazilian theater lived under coercion. Set in Upper Peru, present-day Bolivia, during the struggle for independence from Spanish rule, Escobar's play takes up the myth of Philoctetes and the Sophoclean tragedy, focusing on the theme of oppression to emphasize the need to combat it. Topics such as resistance to tyranny, identity formation, social isolation, spaces of exile, labor exploitation, and ethnic-racial relations are covered. In addition to the authors already mentioned, the following give theoretical support to our research, among others, Amossy (2018), Araújo and Silva (2021), Aristóteles (2005; 2015), Brandão (2005), Carvalhal (2006), Rivera Cusicanqui (2018), Jauss (1984), Kogawa (2014), Levine (2003), Martindale (1993), Mandel (1981), Moraes (2018), Pavis (2015), Perysinakis (1994), Prado (1996), Rosenfeld (2012; 2018), Santos (1991a; 1991b), Schein (2012), Ubersfeld (2005) and Vernant and Vidal-Naquet (2005).
URI: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/75929
Advisor's ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9886-3733
Advisor's Lattes: http://lattes.cnpq.br/2680403686223727
Access Rights: Acesso Aberto
Appears in Collections:PPGLE- Dissertações defendidas na UFC

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