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Tipo: Dissertação
Título: “Os nossos não são homens animais”: imprensa negra, humanidade e cidadania nas páginas do jornal O Exemplo (1902 – 1911)
Autor(es): Lopes, Felipe Ricardo Vieira
Orientador: Jesus, Leandro Santos Bulhões de
Palavras-chave em português: Jornal O Exemplo;Imprensa negra;Substantivo negro e humanidade
Palavras-chave em francês: Journal L’Exemple;Presse noire;Nom noir et humanité
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
Data do documento: 2023
Citação: LOPES, Felipe Ricardo Vieira. “Os nossos não são homens animais”: imprensa negra, humanidade e cidadania nas páginas do jornal O Exemplo (1902 – 1911). 2023. 127 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
Resumo: O século XX é de intensa mobilização das lutas dos movimentos negros tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. Dentro desses movimentos se encontra a imprensa negra, combativa e atuante desde o século XIX. Aqui dialogo com os(as) jornalistas do periódico O Exemplo, entre os anos 1902 até 1911, para compreender como estes sujeitos contaram o mundo em que viveram, como pensaram sua cidade de Porto Alegre-RS, a sociedade, as experiências e expectativas da cidadania. Assim, será discutido como as pessoas negras aparecem na imprensa no início do século XX nas páginas do jornal O Exemplo, pouco mais de 10 anos após ser promulgada a abolição da escravatura. Partindo dos relatos selecionados por quem escreveu a folha existe a possibilidade de compreender as circulações das pessoas, das ideias e dos jornais pelas ruas, associações, casas da cidade de Porto Alegre – RS. Ao ter acesso a escrita dos(as) intelectuais negros(as) outros embates aparecem, um deles é a violência linguística denunciada como aparato de desumanização e de exclusão social em outros veículos de comunicação da cidade. Esse uso da linguagem se referia principalmente às formas pelas quais as pessoas negras eram caracterizadas nos grandes jornais que circulavam na mesma época, que os enclausuram em imagens pejorativas de servidão, ameaça e incapacidades múltiplas, gerando o conceito por eles elaborado de Estilo de senzala. Ao fazerem essa denúncia, os jornalistas não se limitam apenas em questionar as fantasmagorias que estavam sendo postas sobre a população negra local, pois, nessa disputa pela e na linguagem, começam a tecer o chamado substantivo negro. Nesse processo, inventam sua própria identidade e buscam através dela sua humanidade e cidadania, demonstrando não serem prisioneiros da história, mas sim agenciadores dela.
Résumé: Le XXe siècle est marqué par une intense mobilisation des mouvements noirs tant au Brésil que dans d'autres parties du monde. Au sein de ces mouvements se trouve la presse noire, combative et active depuis le XIXe siècle. Dans cet ouvrage, je dialogue avec les journalistes d'O Exemplo entre 1902 et 1911 afin de comprendre comment ces individus ont raconté le monde dans lequel ils vivaient, comment ils ont pensé leur ville, la société, les expériences et les attentes de citoyenneté. Ainsi, nous discuterons de la manière dont les personnes noires apparaissent dans la presse au début du XXe siècle, dans les pages du journal O Exemplo, un peu plus de 10 ans après l'abolition de l'esclavage. En partant des récits sélectionnés par les rédacteurs du journal, il est possible de comprendre les déplacements des personnes, des idées et des journaux dans les rues, les associations et les maisons de la ville de Porto Alegre - RS. En accédant à l'écriture des intellectuels noirs, d'autres affrontements apparaissent, dont la violence linguistique dénoncée comme un dispositif de déshumanisation et d'exclusion sociale dans d'autres médias de la ville. Cette utilisation du langage se réfère principalement aux façons dont les personnes noires étaient caractérisées dans les grands journaux, qui les enfermaient dans des images péjoratives de servitude, de menace et de multiples incapacités, créant ainsi le concept d'Estilo de senzala. En dénonçant cela, les journalistes ne se limitent pas à remettre en question les fantasmagories qui étaient imposées à la population noire locale, car dans cette lutte pour et dans le langage, ils commencent à élaborer ce qu'ils appellent le substantif noir. Dans ce processus, ils inventent leur propre identité et cherchent à travers elle leur humanité et leur citoyenneté, montrant qu'ils ne sont pas les prisonniers de l'histoire, mais qu'ils en sont les acteurs.
URI: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/74356
Currículo Lattes do(s) Autor(es): http://lattes.cnpq.br/7116050620890023
ORCID do Orientador: https://orcid.org/0000-0002-7735-1015
Currículo Lattes do Orientador: http://lattes.cnpq.br/1892221694481474
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Aparece nas coleções:PPGH - Dissertações defendidas na UFC

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