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Tipo: Tese
Título: Mães da periferia entre luta e luto: práticas de resistência e cuidado de mulheres que tiveram filhos/as assassinados/as no Ceará
Título em inglês: Mothers in the periphery between fight and mourning: resistance and care practices of women who had children murdered in Ceará
Autor(es): Rodrigues, Jéssica da Silva
Orientador: Barros, João Paulo Pereira
Palavras-chave: Feminismos;Mulheres;Luta;Luto;Decolonialidade;Feminisms;Women;Struggle;Mourning;Decoloniality
Data do documento: 2022
Citação: RODRIGUES, Jéssica da Silva. Mães da periferia entre luta e luto: práticas de resistência e cuidado de mulheres que tiveram filhos/as assassinados/as no Ceará. Orientador: João Paulo Pereira Barros. 2022. 192 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Programa de Pós-graduação em Psicologia, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022.
Resumo: O presente estudo de tese analisa de que modo um coletivo de mulheres que tiveram seus/suas filhos/as assassinados/as vítimas da violência de Estado tem operado na produção de resistências, cuidado e reconstrução das trajetórias de suas participantes. O estudo se efetivou junto ao grupo “Mães da Periferia”, coletivo composto majoritariamente por mulheres que tiveram seus/suas filhos/as assassinados/as por violência policial no Estado do Ceará. Mais especificamente, a pesquisa reflete de que modo o referido grupo coengendra processos de luto e luta a partir da criação de estratégias de cuidado; problematiza como o grupo opera a construção de memória, justiça, reparação a partir de suas práticas de resistência e discute que efeitos o coletivo produz na trajetória das mulheres que o integram. As reflexões aqui propostas se ancoram em referenciais dos estudos feministas, em especial do feminismo negro e decolonial como Curiel, Davis, Akotirene, Mayorga, Menezes, Gonzalez, hooks, Lugones; em diálogos com autores de perspectivas anti-coloniais como Mbembe e Fanon. Essas/es autoras/es nos auxiliam a pensar as questões de raça, classe e gênero em uma perspectiva anticolonial e interseccional, em conexão com a psicologia. Possibilitam, assim, refletirmos acerca das marcas da colonialidade e das violências que são imanentes nas trajetórias de luta e luto dessas mulheres. Metodologicamente, o estudo caracteriza-se como qualitativo, alinhado à perspectiva participativa interseccional decolonial. Foram utilizadas as seguintes estratégias metodológicas: 1) Realização de um processo grupal com as participantes do coletivo “Mães da Periferia”, como tecnologia leve de cuidado; 2) Realização de entrevistas narrativas com mães do coletivo, no intuito de ouvir a dimensão de singularidade em seus processos de luta por justiça e memória de seus filhos, assim como aspectos de suas experiências. Como ferramentas, foram utilizados: Diários de Campo e roteiro semi-estuturado para realização das entrevistas. Como principais resultados, pode-se destacar que as mulheres desenvolvem entre si importantes tecnologias de cuidado; o cuidado tem uma importante dimensão política desteà medida que ele está diretamente relacionado aos modos de possibilitar a vida frente às politicas de precarização de corpos negros que experimentam formas de subalternização; as formas de cuidado se relacionam diretamente com os processos de luta por memória, justiça e repação; a transformação dos lutos em lutas possibilitam a continuidade da vida que se afirma como enfrentamento às políticas de morte.
Abstract: This thesis study analyzes how a collective of women who had their children murdered/victims of state violence has operated in the production of resistance, care and reconstruction of the trajectories of its participants. The study was carried out with the group “Mães da Periferia”, a collective composed mainly of women who had their children murdered by police violence in the State of Ceará. More specifically, the research reflects how the aforementioned group coengenders mourning and struggle processes from the creation of care strategies; it problematizes how the group operates the construction of memory, justice, reparation based on its practices of resistance and discusses what effects the collective produces in the trajectory of the women that integrate it. The reflections proposed here are anchored in references from feminist studies, especially from black and decolonial feminism such as Curiel, Davis, Akotirene, Nogueira, Mayorga, Menezes, Gonzalez, Carneiro, Bento, hooks, Lugones; in dialogues with authors from anti-colonial perspectives such as Mbembe and Fanon. These authors help us to think about issues of race, class and gender in an anti-colonial and intersectional perspective, in connection with psychology. Thus, they make it possible for us to reflect on the marks of coloniality and the violence that are immanent in the trajectories of struggle and mourning of these women. Methodologically, the study is characterized as qualitative, in line with the decolonial intersectional participatory perspective. The following methodological strategies were used: 1) Carrying out a group device with the participants of the collective “Mães da Periferia”, as a light care technology; 2) Conducting narrative interviews with mothers from the collective, in order to hear the dimension of singularity in their processes of struggle for justice and memory of their children, as well as aspects of their experiences. As tools, the following were used: Field Diaries and a semi-structured script for carrying out the interviews. As main results, it can be highlighted that women develop important care technologies among themselves; care has an important political dimension to itas it is directly related to ways of making life possible in the face of precarious policies for black bodies who experience forms of subalternization; forms of care are directly related to the processes of struggle for memory, justice and reparation; the transformation of mourning into struggles enables the continuity of life that asserts itself as a confrontation with death policies.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/70016
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