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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78642
Tipo: | Tese |
Título: | Saberes, aprendizagens e estratégias articuladas por mulheres na busca por parir com dignidade no Ceará |
Autor(es): | Sales, Carolina Bentes de Oliveira |
Orientador: | Gussi, Alcides Fernando |
Palavras-chave em português: | Parto humanizado;Saberes locais;Narrativas de mulheres;Aprendizagem |
Palavras-chave em inglês: | Humanized childbirth;Local knowledge;Women's narratives;Learning |
CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO |
Data do documento: | 2024 |
Citação: | SALES, Carolina Bentes de Oliveira. Saberes, aprendizagens e estratégias articuladas por mulheres na busca por parir com dignidade no Ceará. 2024. 129 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2024. |
Resumo: | Esta tese se debruça sobre as histórias de parto de mulheres de Itapipoca, interior do Ceará, para investigar os processos de aprendizagem para o parto e a articulação de estratégias em busca de uma assistência segura que evite a violência obstétrica. Para isso, analisou-se como as narrativas dessas mulheres descrevem o cenário de assistência ao parto a partir de suas próprias experiências e saberes. Com este objetivo, desenvolveu-se um trabalho de pesquisa qualitativa com características que convergem para a etnografia. Ao longo de três anos, de forma intermitente e atravessada pela pandemia de COVID-19, realizou-se uma pesquisa de campo, na qual, a partir do formato de amostragem snowball, foram entrevistadas gestantes, puérperas, senhoras e parteiras de três distintas localidades (centro, comunidade indígena, comunidade quilombola). A partir desses encontros, observaram-se relatos majoritariamente negativos em relação à assistência de parto na principal maternidade no centro da cidade de Itapipoca. A história do “bebê na caixa de sapato”, repetida tantas vezes, emergiu como uma representação dos medos que cercam o nascimento e de sofrer violência obstétrica nessa localidade. As narrativas apresentam ainda que, durante o pré-natal, nos postos de saúde, faltam estratégias institucionais que ajudem as mulheres a compreenderem os riscos e os benefícios de cada via de parto. Nesse mesmo sentido, não foram encontrados, na maioria das vezes, diálogos sobre sexualidade e parto nas famílias. Desse modo, analisamos como estas mulheres criam suas próprias estratégias na busca de um parto digno. A “escolha” pela cirurgia cesariana está entre as principais respostas para evitar a dor e a possibilidade de uma assistência violenta de parto. No entanto, essa seria uma ilusão de liberdade, já que não há informações necessárias para se tomar uma decisão esclarecida, considerando que, contextualmente, vivemos em um país que é o segundo em números de cirurgia cesariana no mundo, muitas vezes sem indicação médica real. Como contraponto, isso gera o que o Movimento da Humanização do Parto chama de cultura cesarista. O que esta tese observou nessas histórias foi que as experiências de parto são mediadas pelas redes de apoio das mulheres e seus familiares, influenciando de forma relevante a tomada de decisão pela via de parto de cada uma delas, e que a cultura de parto de cada família é passada de geração em geração, o que se dá menos por transmissão de conhecimento e mais a partir das relações em diversos ambientes que engajam suas habilidades de atenção e resposta. Desse modo, concluímos que aprender sobre parto exige mais do que informação, pois a aprendizagem precisa ser situada, nos diferentes contextos socioculturais das mulheres. Esta tese, por fim, afirma que a aprendizagem é um sistema complexo, que pode considerar os ambientes nos quais os seres humanos são centros de atenção e agência, desenvolvendo habilidades, ou seja, respondem aos estímulos do ambiente com sua história de vida, seus conceitos sobre o mundo, sua família e suas particularidades. |
Abstract: | This dissertation narrates childbirth stories of women from Itapipoca, a town in the countryside of Ceará, in order to investigate their learning process about labour, birth and the development of strategies aimed at seeking safe care to prevent obstetric violence. For this purpose, we analyzed how the narratives of these women describe the childbirth care scenario and reflect on their own experiences. With this goal in mind, a qualitative research project was developed with characteristics that converge towards ethnography. Over a period of 3 years, intermittently and influenced by the COVID-19 pandemic, a field research was conducted using a snowball sampling method, in which pregnant, postpartum and elderly women, along with midwives from three different locations (urban center, indigenous community, quilombola community) were interviewed. From these interviews, we observed that there were predominantly negative reports regarding childbirth care at the main maternity hospital in the city center. These narratives also showed that during prenatal care at health clinics, there is a lack of discussion that helps women understand the risks and benefits of each childbirth method. Similarly, we do not find, most of the time, dialogue about sexuality and childbirth within families. Thus, we analyze how these women create their own strategies in the pursuit of dignified childbirth. The "choice" for cesarean surgery is among the main responses to avoid pain and a violent labour and birth assistance. However, this would be an illusion of freedom, since there is not enough information available to make a proper decision. After all, we live in a country that ranks second in the world in terms of cesarean surgeries, often without a real medical indication. This creates what the Humanization of Childbirth Movement refers to as a "cesarean culture." In this sense, we observe that the childbirth experiences from their families and friends significantly influence each woman's decision-making regarding the mode of delivery. It was also noted that each family's childbirth culture is passed down from generation to generation, less through the transmission of knowledge and more through relationships in various environments that engage their abilities of attention and response. Therefore, we understand that learning about childbirth requires more than just quality information, since it needs to be situated and contextualized. Learning is a complex system that should consider the environments in which humans are the focus of attention and agency, since they respond to environmental stimuli with their life history, their concepts about the world, their family, and their particularities. |
URI: | http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/78642 |
Currículo Lattes do(s) Autor(es): | http://lattes.cnpq.br/0224662348700721 |
Currículo Lattes do Orientador: | http://lattes.cnpq.br/7306722117822350 |
Tipo de Acesso: | Acesso Aberto |
Aparece nas coleções: | PPGEB - Teses defendidas na UFC |
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