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Tipo: Tese
Título: “As mulheres são a força do futuro": a (des)construção dos estereótipos femininos deflagrados nos comentários de postagens sobre super-heroínas na fanpage de facebook ei nerd
Autor(es): Domiciano, Ive Marian de Carvalho
Orientador: Ribeiro, Pollyanne Bicalho
Palavras-chave em português: Dialogismo;Representações sociais;Estereótipos femininos;Facebook;Comentário online
Palavras-chave em inglês: Dialogism;Social representations;Female stereotypes;Online commentary
Palavras-chave em francês: Dialogisme;Représentations sociales;Stéréotypes féminins;Commentaire en ligne
CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA
Data do documento: 2023
Citação: DOMICIANO, Ive Marian de Carvalho. “As mulheres são a força do futuro": a (des)construção dos estereótipos femininos deflagrados nos comentários de postagens sobre super-heroínas na fanpage de facebook ei nerd. 2023. 288 f. Tese (Doutorado em Linguística) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
Resumo: Na presente pesquisa, temos como objetivo principal analisar e compreender o processo de (des)construção de estereótipos femininos nos discursos deflagrados em comentários nas postagens de uma fanpage no Facebook. Utilizamos como arcabouço teóricoa Teoria Dialógica do Discurso (TDD), no que se trata das noções de alteridade, de responsividade, crivada de valoração (e, portanto, ideológica), dentro de um contexto espacial-temporal (cronotopo), e a Teoria das Representações Sociais (TRS), a partir das Representações de Referência (RR) e das Representações de Uso (RU), divisão proposta por Py (2000) que foi adotada por nós neste trabalho, possibilitando, assim, compreender como essas são estruturadas por um determinado grupo social acerca de um objeto de representação específico - aqui, o gênero feminino, simbolizado pelas super-heroínas She-Hulk, Capitã Marvel e Mulher-Maravilha. Ressaltamos, ainda, que, além das duas teorias que serviram de base à nossa pesquisa, recorremos à noção de estereótipo, segundo a concepção de Amossy e Pierrot (2010); às teorias feministas e representações femininas nos quadrinhos e em produções audiovisuais, segundo Delphy (1981), Perrot (2008), Beauvoir (1967), Hehl (2016) e Luyten (2019); aos estudos de Bakhtin e o Círculo (2003) sobre gêneros discursivos; de Ferreira e Frade (2010), Vilela (2010), Silva (2010), Marcuschi (2015), Araújo (2016) e Remenche e Rohling (2016), a respeito da emergência dos gêneros discursivos digitais; e, em específico, sobre o gênero comentário on-line, seguimos as proposições defendidas por Melo (2018), Kozinets (2014), Cunha (2014), Santos (2018), Francelino e Oliveira (2018). Inspirando-nos em Marková (2006) para a realização da análise das representações sociais a respeito do gênero feminino a partir de uma perspectiva discursiva. Selecionamos, nos comentários online realizados nas postagens da fanpage Ei Nerd que versam sobre as três super-heroínas, recortes de cadeias discursivas (que aqui chamamos, didaticamente, de Bloco de Comentários) e, através de categorias de análise delimitadas a partir das duas teorias, identificamos as representações sociais a respeito do gênero feminino e constatamos que a maioria dos sujeitos participantes deste grupo social se sentem incomodados com o protagonismo feminino, principalmente quando este ameaça as RR construídas por eles acerca dos personagens masculinos canônicos. Assim, encontramos representações que confirmaram e validaram o estereótipo de super-heroína que faz parte das RR da maioria dos sujeitos que compõem este grupo social: branca, curvilínea, sensual, forte e empoderada mas sem colocar em xeque a força e o poder masculinos. Qualquer constructo que foge, ainda que minimamente, dessa representação já ancorada é criticada e invalidada. Atestamos, ainda, que a baixa participação feminina nas discussões (que comprova que estes espaços virtuais de debate a respeito de quadrinhos e suas adaptações audiovisuais ainda são majoritariamente ocupados por homens) e o fato de os sujeitos não se mostrarem receptivos a opiniões contrárias inviabilizou a possibilidade de atualizações mais contundentes dos discursos nos quais estes estereótipos são deflagrados.
Abstract: In this research, our main objective is to analyze and understand the process of (de)construction of female stereotypes in discourses triggered in comments on posts on a Facebook Fan Page. We use, as a theoretical framework, the Dialogic Discourse Theory (DDT), when it comes to notions of otherness, responsiveness, riddled with valuation (and, therefore, ideological), within a spatial-temporal context (chronotope), and the Theory of Social Representations (TSR), based on Reference Representations (RR) and Use Representations (UR), a division proposed by Py (2000) that was adopted in this work, thus enabling us to understand how these representations are structured by a certain social group around a specific object of representation - here, the female gender, symbolized by the superheroines She-Hulk, Captain Marvel and Wonder Woman. We also emphasize that, in addition to the two theories that served as the basis for our research, we resorted to the notion of stereotype, according to the conception of Amossy and Pierrot (2010); to feminist theories and female representations in comics and audiovisual productions, according to Delphy (1981), Perrot (2008), Beauvoir (1967), Hehl (2016) and Luyten (2019); to the studies of Bakhtin and the Circle (2003) on speech genres; to Ferreira and Frade (2010), Vilela (2010), Silva (2010), Marcuschi (2015), Araújo (2016) and Remenche and Rohling (2016), regarding the emergence of digital speech genres; and, specifically, regarding the online commentary genre, we follow the propositions defended by Melo (2018), Kozinets (2014), Cunha (2014), Santos (2018), Francelino and Oliveira (2018). We were inspired by Marková (2006) to carry out the analysis of social representations regarding the female gender from a discursive perspective. We selected, in the online comments on posts on the Ei Nerd fan page that deal with the three superheroines, excerpts from discursive chains (which we call here, didactically, Comments Block) and, through categories delimited from the two theories, we identified social representations regarding the female gender and found that the majority of subjects participating in this social group feel uncomfortable with female protagonism, especially when it threatens the reference representations constructed by them regarding canonical male characters. Thus, we found representations that confirmed and validated the superhero stereotype that is part of the reference representation of the majority of subjects who are part of this social group: white, curvy, sensual, strong and empowered but without calling into question masculine strength and power. Any construct that deviates, even minimally, from this already anchored representation is criticized and invalidated. We also attested that the low female participation in the discussions (which proves that these virtual spaces for debate regarding comics and their audiovisual adaptations are still mostly occupied by men) and the fact that the subjects were not receptive to contrary opinions made the possibility of more incisive updates of the discourses in which these stereotypes are triggered unfeasible.
Résumé: Dans cette recherche, notre objectif principal est d’analyser et de comprendre le processus de (dé)construction de stéréotypes féminins dans les discours déclenchés dans les commentaires des posts d’une page fan sur Facebook. Nous utilisons, comme cadre théorique, la Théorie du discours dialogique (TDD), lorsqu'il s'agit des notions d'altérité, de réactivité, chargées de valorisation (et donc idéologique), dans un contexte spatio-temporel (chronotope), et la Théorie des représentations sociales (TRS), basées sur les représentations de référence (RR) et les représentations d'usage (RU), division proposée par Py (2000) que nous avons adoptée dans ce travail, permettant ainsi de comprendre comment celles-ci sont structurées par un certain groupe social autour d'un objet de représentation spécifique - ici, le genre féminin, symbolisé par les super-héros She-Hulk, Captain Marvel et Wonder Woman. Nous soulignons également qu'outre les deux théories qui ont servi de base à nos recherches, nous avons eu recours à la notion de stéréotype, selon la conception d'Amossy et Pierrot (2010); aux théories féministes et aux représentations féminines dans la bande dessinée et les productions audiovisuelles, selon Delphy (1981), Perrot (2008), Beauvoir (1967), Hehl (2016) et Luyten (2019); aux études de Bakhtine et du Cercle (2003) sur les genres discursifs ; de Ferreira et Frade (2010), Vilela (2010), Silva (2010), Marcuschi (2015), Araújo (2016) et Remenche et Rohling (2016), sur l'émergence des genres discursifs numériques ; et, plus spécifiquement, concernant le genre du commentaire en ligne, nous suivons les propositions défendues par Melo (2018), Kozinets (2014), Cunha (2014), Santos (2018), Francelino et Oliveira (2018). S'inspirer de Marková (2006) pour réaliser l'analyse des représentations sociales concernant le genre féminin dans une perspective discursive. Nous avons sélectionné, dans les commentaires en ligne faits sur les articles de la fanpage Ei Nerd qui traitent des trois super-héroïnes, des extraits de chaînes discursives (que nous appelons ici, didactiquement, Comments Block) et, à travers des catégories d'analyse délimitées à partir des deux théories, nous avons identifié représentations sociales concernant le genre féminin et a constaté que la majorité des sujets participant à ce groupe social se sentent mal à l'aise avec le rôle principal féminin, surtout lorsqu'il menace les représentations de référence qu'ils ont construites concernant les personnages masculins canoniques.Ainsi, nous avons déclenché des représentations qui ont confirmé et validé le stéréotype du super-héros qui fait partie de la représentation de référence de la majorité des sujets faisant partie de ce groupe social : blanc, sinueux, sensuel, fort et autonome mais sans remettre en question la force et le pouvoir masculin.Toute construction qui s’écarte, même minimement, de cette représentation déjà ancrée est critiquée et invalidée. Nous attestons également que la faible participation féminine aux débats (ce qui prouve que ces espaces virtuels de débat autour de la bande dessinée et de ses adaptations audiovisuelles sont encore majoritairement occupés par des hommes) et le fait que les sujets ne soient pas réceptifs aux opinions contraires ont rendu impossible toute possibilité de d'une mise à jour plus énergique des discours dans lesquels ces stéréotypes sont déclenchés.
URI: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/75849
ORCID do(s) Autor(es): https://orcid.org/0000-0002-5603-888X
Currículo Lattes do(s) Autor(es): http://lattes.cnpq.br/6092927794102679
ORCID do Orientador: https://orcid.org/0000-0002-5128-8089
Currículo Lattes do Orientador: http://lattes.cnpq.br/8949168170307834
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Aparece nas coleções:PPGL - Teses defendidas na UFC

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