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Type: Dissertação
Title: Transtornos mentais comuns e fatores associados entre mulheres privadas de liberdade no Brasil
Authors: Menezes, Francisco Wagner Pereira
Advisor: Carl, Kendall Bernard
Keywords: Saúde Mental;Transtornos Mentais;Mulheres;Prisões;Brasil
Issue Date: 7-Jul-2023
Citation: MENEZES, Francisco Wagner Pereira. Transtornos mentais comuns e fatores associados entre mulheres privadas de liberdade no Brasil. 2023. 84 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/73780. Acesso em: 31 jul. 2023.
Abstract in Brazilian Portuguese: Diversos países consolidaram paulatinamente um estado penal que contribui para a escalada do encarceramento. No caso brasileiro, destaca-se o crescimento do número de mulheres privadas de liberdade, com elevação de 442%, entre os anos de 2000 e 2016. Observa-se que a carga de doenças e outros eventos adversos à saúde é maior entre estas em relação aos homens presos e mulheres da população geral. Este estudo objetivou caracterizar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre mulheres brasileiras privadas de liberdade e seus fatores associados. Trata-se de estudo transversal, constituindo-se um recorte da pesquisa “Inquérito Nacional de Saúde na População Penitenciária Feminina e de Servidoras Prisionais”. O processo de amostragem foi realizado em 5 etapas: levantamento de unidades prisionais femininas no Brasil; estratificação dos presídios; escolha aleatória de um presídio em cada estrato; cálculo do tamanho amostral considerando a prevalência de Infecção Sexualmente Transmissível; e seleção aleatória de mulheres em cada penitenciária. A amostra final coletada foi de 1.327 mulheres. Foi considerado caso de TMC a respondente com escore ≥ 7 no Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20). As variáveis independentes compõem 5 categorias: socioeconômicas e demográficas; condições de saúde; uso de álcool e outras drogas; fatores prisionais e violência. A prevalência de TMC foi de 64,3% (IC 95%: 61,5 – 66,9). Os fatores associados com maior prevalência foram: menor escolaridade (ensino fundamental completo/incompleto: OR = 1,78; IC 95%: 1,14 – 2,76), trabalhar antes da prisão (OR = 1,62; IC 95%: 1,07 – 2,44), ter tido gravidez na adolescência (OR = 1,56; IC 95%: 1,09 – 2,22); já ter sido moradora de rua (OR = 1,72; IC 95%: 1,00 – 2,94); ter pressão alta (OR = 1,90; IC 95%: 1,23 – 2,94), ter crise de asma ou bronquite crônica (OR = 1,87; IC 95%: 1,16 – 2,99), ter ou ter tido IST (OR = 1,41; IC 95%: 1,01 – 1,98); ter percepção ruim sobre sua saúde (OR = 3,21; IC 95%: 2,56 – 4,29); ter feito uso de calmante na vida (OR = 1,90; IC 95%: 1,23 – 2,94); realizar atividade física insuficiente na prisão (OR = 2,04; IC 95%: 1,22 – 3,42); ter sido colocada no isolamento (OR = 1,82; IC 95% 1,21 – 2,75). Por fim, enquanto fatores ligados a violência, ter sofrido ou presenciado violência na prisão (OR = 1,87; IC 95% 1,30 – 2,69). Conclui-se a partir dos resultados obtidos que a elevada prevalência de TMC entre mulheres privadas de liberdade no Brasil corrobora a existência de múltiplos fatores de risco sobrepostos, urgindo a consideração dos mesmos na formulação de políticas e estratégias humanizadas de cuidado para esta população marginalizada, mesmo antes da prisão.
Abstract: Several countries have gradually consolidated a penal state that contributes to the escalation of incarceration. In the Brazilian case, the growth in the number of women deprived of their liberty stands out, with an increase of 442% between the years 2000 and 2016. It is observed that the burden of diseases and other adverse health events is greater among these in compared to male prisoners and female members of the general population. This study aimed to characterize the prevalence of Common Mental Disorders (CMD) among Brazilian women deprived of liberty and its associated factors. This is a cross-sectional study, constituting a part of the research “National Health Survey in the Female Penitentiary Population and Prison Servants”. The sampling process was carried out in 5 stages: survey of female prisons in Brazil; stratification of prisons; random choice of a prison in each stratum; sample size calculation considering the prevalence of Sexually Transmitted Infection; and random selection of women in each penitentiary. The final sample collected was 1.327 women. A respondent with a score ≥ 7 on the Self Report Questionnaire-20 (SRQ-20) was considered a case of CMD. The independent variables comprise 5 categories: socioeconomic and demographic; health conditions; use of alcohol and other drugs; prison factors and violence. The prevalence of CMD was 64.3% (95% CI: 61.5 – 66.9). The factors associated with the highest prevalence were: less education (complete/incomplete elementary school: OR = 1.78; 95% CI: 1.14 – 2.76), working before prison (OR = 1.62; 95% CI: : 1.07 – 2.44), having had a teenage pregnancy (OR = 1.56; 95% CI: 1.09 – 2.22); having been homeless (OR = 1.72; 95% CI: 1.00 – 2.94); having high blood pressure (OR = 1.90; 95% CI: 1.23 – 2.94), having an asthma attack or chronic bronchitis (OR = 1.87; 95% CI: 1.16 – 2.99), having or having had an STI (OR = 1.41; 95% CI: 1.01 – 1.98); having a poor perception of their health (OR = 3.21; 95% CI: 2.56 – 4.29); having used tranquilizers in life (OR = 1.90; 95% CI: 1.23 – 2.94); perform insufficient physical activity in prison (OR = 2.04; 95% CI: 1.22 – 3.42); having been placed in isolation (OR = 1.82; 95% CI 1.21 – 2.75). Finally, as factors linked to violence, having suffered or witnessed violence in prison (OR = 1.87; 95% CI 1.30 – 2.69). It is concluded from the results obtained that the high prevalence of CMD among women deprived of their liberty in Brazil corroborates the existence of multiple overlapping risk factors, urging their consideration in the formulation of policies and humanized care strategies for this marginalized population. even before arrest.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/73780
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