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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/65221
Type: | Tese |
Title: | Raiva no estado do Ceará: caracterização epidemiológica, ações de vigilância e o conhecimento da população sobre a doença (1970-2020) |
Authors: | Duarte, Naylê Francelino Holanda |
Advisor: | Heukelbach, Jorg |
Keywords: | Vírus da Raiva;Epidemiologia;Transmissão de Doença Infecciosa;Monitoramento Epidemiológico;Quirópteros;Animais Selvagens;Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde |
Issue Date: | 22-Feb-2022 |
Citation: | DUARTE, N. F. H. Raiva no estado do Ceará: caracterização epidemiológica, ações de vigilância e o conhecimento da população sobre a doença (1970-2020). 2022. 153 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/65221. Acesso em: 20/04/2022. |
Abstract in Brazilian Portuguese: | Apesar de a raiva canina estar controlada no Ceará, ainda são enfrentados grandes problemas relacionados ao ciclo silvestre da doença. O estudo objetivou caracterizar a dinâmica de transmissão do vírus da raiva e a eficácia operacional das ações de vigilância no estado do Ceará entre 1970 e 2020 e descrever o conhecimento, as atitudes e as práticas da população sobre a doença. Foram realizados estudos do tipo descritivo, com uso de dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e do Hospital São José de Doenças Infectocontagiosas (HSJDI), e de questionários aplicados em 27 municípios, com divisão em cinco subestudos: 1 –Caracterização das ações de vigilância da raiva em morcegos no estado do Ceará (Nordeste do Brasil) após a implantação do programa de vigilância passiva; 2 – Descrição da epidemiologia da raiva humana no estado do Ceará de 1970 a 2019; 3 – Caracterização dos casos da raiva humana no estado do Ceará, Brasil, em um período de 44 anos, de 1976 a 2019; 4 – Descrição da integração da vigilância da raiva humana e medidas preventivas no estado do Ceará, Nordeste do Brasil; 5 – Descrição dos conhecimentos, atitudes e práticas das pessoas em contato com mamíferos silvestres com potencial risco de transmissão para a raiva no estado do Ceará. No subestudo 1: foi confirmado positivo para o vírus da raiva um total de 8,4% das 1.180 amostras de morcegos enviadas para diagnóstico laboratorial. Destas, 96,2% eram de espécies não hematófagas e 75% pertenciam à família Molossidae. Houve aumento do envio de amostras e positividade após a implantação da vigilância passiva. Subestudo 2: dos 171 casos de RH, 75,7% eram homens, 60% tinham até 19 anos e 56% residiam em áreas urbanas. O cão foi transmissor em 74% dos casos. Entre 1970 e 1978, houve crescimento dos casos de 13,7 – IC 95% 4,6; 41,5); e entre 1978 e 2019, redução de - 6,7 – IC 95% -8,8; -5,9), com redução da transmissão por cães e aumento por silvestres a partir de 2005. Subestudo 3: dos 171 casos (76,2%) foram por cão. Apenas 30% tiveram diagnóstico inicial para raiva. A mordedura nas mãos foi a exposição mais frequente (96,6%). Apenas 22% dos pacientes buscaram atendimento após agressão. Os sintomas mais prevalentes foram agressividade/irritabilidade (79,4%) e febre (66,7%). Subestudo 4: os seis últimos casos de RH ocorreram no período de 2005 a 2016 em áreas rurais onde havia poucos recursos. Foram realizados ações e treinamentos de forma integrada. Os pacientes e seus familiares desconheciam o risco da raiva mediada por animais selvagens e criavam saguis. Apenas um paciente buscou atendimento, mas não recebeu tratamento. Em nenhum dos casos, o diagnóstico inicial foi raiva. Em quatro casos, a transmissão foi por saguis. Os morcegos devem ser considerados alvos da vigilância da raiva com ênfase no estudo da AgV para fornecer evidências adicionais para o planejamento e a implementação de medidas de controle eficazes. Subestudo 5: a maioria dos entrevistados (92%) havia escutado falar sobre a raiva e citou pelo menos uma espécie que transmitia a doença (79,6%). As espécies mais citadas foram as de macacos (69%) e cães (67,2%). No entanto, 16% desses listaram uma espécie incorreta. Em geral, o conhecimento sobre a sintomatologia e as medidas de prevenção era fraco. A maioria criava cães e gatos (93,8%) e afirmou vaciná-los contra a raiva (85,7%). Um total de 67,3% relatou o aparecimento de animais selvagens de vida livre em volta das suas casas, na sua maioria saguis e canídeos selvagens, e 18,3% afirmaram ataques a animais ou seres humanos. Setenta e três por cento tinham criado ou ainda estavam criando animais selvagens como animais de estimação, na sua maioria macacos-prego (79,5%) e saguis (24,1%). Conclui-se que a vigilância passiva dos morcegos em áreas urbanas e rurais e o fortalecimento da assistência são fundamentais para evitar novos casos humanos no Ceará e em todo território nacional. Houve mudança na dinâmica da transmissão da RH no Ceará, com redução de casos por cão e incremento de silvestres. A maioria dos óbitos humanos foi decorrente da não procura por atendimento e falhas no sistema de saúde. É necessário realizar campanhas educativas sobre o ciclo silvestre e medidas de prevenção de forma contínua e integrada, fortalecimento da vigilância e treinamento profissional. A raiva, no Ceará é uma doença mediada pela fauna silvestre e acomete populações rurais mais vulneráveis. Uma abordagem integrada da saúde é inevitável para a eliminação da raiva humana. Existem importantes lacunas de conhecimento dentro de uma população de alto risco com contato com mamíferos silvestres, com práticas inadequadas relativamente à manutenção de animais selvagens e com medidas tomadas após as agressões por esses animais. |
Abstract: | Although canine rabies is under control in Ceará, major problems related to the sylvatic cycle of the disease are still faced. The study aimed to characterize the dynamics of rabies virus transmission and the operational effectiveness of surveillance actions in the state of Ceará between 1970 and 2020 and describe the knowledge, attitudes, and practices of the population about the disease. Descriptive type studies were conducted, using data from the Health Secretariat of the State of Ceará (Sesa), the São José Hospital for Infectious Diseases (HSJDI) and questionnaires applied in 27 municipalities, with division into five substudies: 1 – Characterization of rabies surveillance actions in bats in Ceará state (Northeast Brazil) after the implementation of the passive surveillance program; 2 – Description of the epidemiology of human rabies in Ceará state from 1970 to 2019; 3 – Characterization of human rabies cases in Ceará state, Brazil, in a period of 44 years, from 1976 to 2019; 4 – Description of the integration of human rabies surveillance and preventive measures in the state of Ceará, Northeast Brazil; 5 – Description of the knowledge, attitudes and practices of people in contact with wild mammals with potential transmission risk for rabies in the state of Ceará. In sub-study 1: a total of 8.4% of the 1,180 bat samples sent for laboratory diagnosis were confirmed positive for rabies virus. Of these, 96.2% were non-hematophagous species and 75% belonged to the Molossidae family. There was an increase in sample submission and positivity after the implementation of passive surveillance. Sub-study 2: Of the 171 RH cases, 75.7% were male, 60% were up to 19 years old, and 56% resided in urban areas. The dog was a transmitter in 74% of cases. Between 1970 and 1978, there was an increase in cases of 13.7 - 95% CI 4.6; 41.5); and between 1978 and 2019, a decrease of - 6.7 - 95% CI -8.8; -5.9), with a reduction in transmission by dogs and an increase by wild ones starting in 2005. Sub-study 3: of the 171 cases (76.2%) were per dog. Only 30% had initial diagnosis for rabies. Hand bite was the most frequent exposure (96.6%). Only 22% of patients sought care after aggression. The most prevalent symptoms were aggression/irritability (79.4%) and fever (66.7%). Sub-study 4: The last six cases of RH occurred in the period from 2005 to 2016 in rural areas where there were few resources. Actions and training were carried out in an integrated manner. Patients and their families were unaware of the risk of rabies mediated by wild animals and raised marmosets. Only one patient sought care but did not receive treatment. In none of the cases was the initial diagnosis rabies. In four cases, the transmission was by marmosets. Bats should be considered targets for rabies surveillance with an emphasis on studying AgV to provide additional evidence for planning and implementing effective control measures. Sub-study 5: Most respondents (92%) had heard of rabies and cited at least one species that transmitted the disease (79.6%). The most commonly mentioned species were monkeys (69%) and dogs (67.2%). However, 16% of those listed an incorrect species. In general, knowledge about the symptomatology and prevention measures was poor. Most raised dogs and cats (93.8%) and reported vaccinating them against rabies (85.7%). A total of 67.3% reported the appearance of free-living wild animals around their homes, mostly marmosets and wild canids, and 18.3% stated attacks on animals or humans. Seventy-three percent had raised or were still raising wild animals as pets, mostly nail monkeys (79.5%) and marmosets (24.1%). It is concluded that passive surveillance of bats in urban and rural areas and the strengthening of assistance, are fundamental to avoid new human cases in Ceará and throughout the national territory. There was a change in the dynamics of RH transmission in Ceará, with a reduction of cases per dog and an increase in wild cases. Most human deaths were due to not seeking care and failures in the health system. It is necessary to carry out educational campaigns on the wild cycle and prevention measures in a continuous and integrated way, strengthening surveillance and professional training. Rabies, in Ceará is a wildlife-mediated disease that affects the most vulnerable rural populations. An integrated health approach is inevitable for the elimination of human rabies. Important knowledge gaps exist within a high-risk population with contact with wild mammals, with inadequate practices regarding the keeping of wild animals, and with measures taken after animal aggression. |
URI: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/65221 |
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