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Tipo: Tese
Título: Do Brasil real ao real do Brasil: uma cartognose do Brasil contemporâneo na perspectiva da psicologia social crítica
Título em inglês: From Real do Brasil para o Brasil Real: a cartognose of contemporany Brazil from the perspective of critical social psychology
Autor(es): Castro, Emanuel Messias Aguiar de
Orientador: Lima, Aluísio Ferreira de
Palavras-chave: Cartognose;Teoria Social Brasileira;Teoria Crítica;Filosofia da diferença;Psicologia Social Crítica
Data do documento: 2021
Citação: CASTRO, Emanuel Messias Aguiar de. Do Brasil real ao real do Brasil: uma cartognose do Brasil contemporâneo na perspectiva da psicologia social crítica. Orientador: Aluísio Ferreira de Lima. 2021. 253 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
Resumo: O texto que segue é o produto de uma pesquisa teórica realizada para a defesa de tese de doutoramento em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Esta pesquisa buscou articular três conceitos/métodos filosóficos para produção de uma experiência intelectual que visa sistematizar uma crítica sobre a relação entre subjetividade, sociedade e política. Os conceitos fundamentais aqui remetidos são a Diagnóstica (fundamentalmente inspirada pelo trabalho do psicanalista brasileiro Christian Dunker), a Cartografia (em seu aspecto geofilosófico de Giles Deleuze e Felix Guattari) e o Perspectivismo (teoria do antropólogo amazonista Eduardo Viveiros de Castro). Em nosso entendimento, a triangulação desses três conceitos nos oferece coordenadas mais precisas do que o uso individual deles. Assim, para compreender os novos modos de produção das “formas de vida” no mundo contemporâneo marcado pela racionalidade neoliberal, é preciso pensar como as “patologias sociais” se articulam geograficamente em uma condição de perspectiva, ou seja, articulando uma orientação paralática entre olhar do Norte e do Sul global, entendendo, com a paralaxe, que a mudança de posição do observador causa um efeito espectral de mudança no objeto. Para compreender essa racionalidade, recorremos à noção de forma de vida como pilar central, que está imbricada com a expansão semiótica do que Michael Hardt e Antonio Negri denominam de Império. Assim, a primeira parte busca contemplar essa triangulação, explanando sobre cada conceito e suas articulações com a economia política e seus efeitos no modo de produção de subjetividade, bem como o entendimento de que o neoliberalismo se vale, em ampla medida, de disposições psicológicas para organizar a subjetividade a partir de suas racionalidades geolocalizadas. O produto dessa articulação nos forçou a nomeação de um outro conceito, por nós batizado de Cartognose. Trata-se, em suma, da produção da perspectiva do diagnóstico cartográfico das formas de vida no mundo marcado pela racionalidade neoliberal. Em outras palavras, podemos dizer que se trata da construção de um mapa de conceitos, mas não de qualquer conceito, e sim daqueles que têm a função de oferecer um diagnóstico histórico e geográfico de imbricação entre aspectos subjetivos e objetivos do plano da imanência (pontuamos que essa divisão é meramente didática). Nesse sentido, em larga medida, trata-se da reconstrução de uma narrativa, e, como toda narrativa, ela é marcada pela experiência do narrador e por suas escolhas literais, muitas produtos de uma perspectiva ficcional da realidade. A narrativa da experiência de produção das formas de vida no interstício de uma economia política marcada pelas modulações biopolíticas, necropolíticas e psicopolíticas, pois estas são categorias políticas caras à racionalidade neoliberal, apesar de não serem as únicas categorias de organização política possíveis. Nosso intuito é produzir um mapa narrativo que nos ofereça elementos para pensar a experiência neoliberal do Brasil contemporâneo, denominada pelo sociólogo Francisco de Oliveira como “Neoliberalismo Avacalhado”. Tal experiência não se resume à totalidade dessas expressões do político, mas sim a uma apropriação significativamente particular dessas formas políticas na experiência brasileira. Separadas por um interlúdio de características ensaísticas que busca conectar a experiência intelectual à história geopolítica do Brasil, a segunda parte buscou uma aplicação que mais parece uma implicação dessas ideias. Essa cartognose se implica ao Brasil pós-inflacionário, ou seja, pós-1985. Apesar de a expressão referir-se ao que ocorre pós-reabertura democrática, nossa análise crítica tem como principal foco as condições oikonomicas e dispositivas criadas pelo Lulismo (entendendo os governos Lula e Dilma como uma continuidade) para o surgimento de novas expressões da subjetividade na Forma de Vida do “neoliberalismo lulista” (termo usado pela economista Leda Paulani para referir-se à política macroeconômica do governo Lula) muitas vezes referida pela expressão “Neoliberalismo de baixo para cima” da socióloga argentina Veronica Gago. Assim adotamos como hipótese de trabalho que as políticas lulistas criaram as condições de possibilidade para o surgimento do que seria o epicentro da radicalidade de novas expressões da subjetividade brasileira nas figuras das multidões como classes sociais amplamente estratificadas. Essa demarcação é entendida como um ponto de inflexão na experiência da subjetividade brasileira, pois aponta a insistência de um passado e de um futuro em nosso presente atravessados pela diversidade de sistemas políticos e econômicos que, em nossa subjetividade, conversam-se agonizando, produzindo dobras, inflexões e reflexões sobre a realidade brasileira. Ao final da tese, tornou-se impossível não tecer considerações acerca da situação de pandemia no Brasil. Escrito no período dos anos de 2020, o texto, aqui apresentado como epílogo, levanta questionamentos sobre como será o mundo pós-pandêmico, se é que ele existirá, bem como ousa apontar a cosmopolítica ameríndia (analisada ao longo do texto na obra de Eduardo Viveiros de Castro) como uma possível chave alternativa de compreensão de novas políticas do “comum”. Sabemos que este trabalho está longe de se esgotar, pois, como um trabalho de Teoria Crítica, um de suas principais características é seu envelhecimento precoce enquanto crítica da imanência. O que se pretendeu aqui foi, antes de tudo, um relato de um narrador observador de um mundo em conflito entre o plano e o esférico em constantes capotamentos.  
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/65035
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