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Tipo: Dissertação
Título: Cidade caminhante: escritas urbanas e outras feituras com imagens no Centro de Fortaleza/CE
Autor(es): Sá, Alice Diógenes Olímpio Dote
Orientador: Diógenes, Glória Maria dos Santos
Palavras-chave: Grafitos - Centro (Fortaleza,CE);Centro (Fortaleza, CE) - Usos e costumes
Data do documento: 2020
Citação: SÁ, Alice Diógenes Olímpio Dote. Cidade caminhante: escritas urbanas e outras feituras com imagens no Centro de Fortaleza/CE. 2020. 332f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Fortaleza, 2020.
Resumo: No fazer antropológico com a cidade, o caminho se faz ao caminhar. Atraem-me imagens nômades, que mobilizam e são mobilizadas pelo movimento: as escritas urbanas (frases e palavras que deslizam pelas superfícies citadinas em pixações, estênceis, lambe-lambe). O coletivo Narrativas Possíveis, criado em 2017 em Fortaleza/CE, nos colocou no encalço dessas imagens, que, por sua vez, provocaram-nos a perceber e pensar a cidade através delas. As práticas do coletivo transmutaram-se e confundiram-se com as dessa pesquisa antropológica, que busca o encontro com escritas urbanas no Centro de Fortaleza/CE através do caminhar. Perceber sua movência impeliu-me a adotar métodos de pesquisa que consideram as maneiras pelas quais elas existem e se fazem ver. Habitar os entres, portanto, é uma questão de “objeto” e de método. O andar-encontrar-fotografar foi um disparador de outros encontros: a contaminação pela qual a cidade procede produziu-me o desejo de relacionar-me com ela de outras maneiras, como através do audiovisual e do desenho, além de também intervir em suas superfícies. Compreendo, assim, a imagem não somente como “objeto”, nem como “representação”, mas como produção. Descobridores e fazedores de imagem, inventamos modos de riscar e recriar a cidade ao habitá-la, sendo a própria produção antropológica uma via dessa criação. Entre as múltiplas grafias das escritas urbanas, fotografia, audiovisual, desenho, intervenção, foi criada uma combinatória de métodos-táticas que caracteriza um fazer com imagens, uma invencionática antropológica. Tateio também essas linguagens, experimentando novamente os entres e descobrindo algo nas suas dobras. Por isso, operando uma “montagem” entre elas, surgiu outra superfície de partilha da pesquisa, como uma mesa de imagens onde elas mostram-se em suas relações: cidadecaminhante.tumblr.com. Esta dissertação, por um lado, partilha esse caminho de pesquisa/implicação na e com a cidade através do fazer antropológico. Por outro lado, através das experiências concretas do caminhar, pensamos as maneiras pelas quais as escritas urbanas se exercem, acontecem, operam na cidade. Gritos de protesto, recados de amor, desabafos íntimos, palavras soltas e mesmo frases sem sentido aparente: mais do que a mensagem veiculada nas escritas urbanas, importa o gesto que as cria e que nelas está presente. Habitando uma zona de indiscernibilidade entre arte, vandalismo e política, elas parecem confundir e profanar tais noções, bem como as prescrições normativas do espaço, enquanto passam pelo traçado cotidiano de caminhos e afetos. Os encontros com tais imagens ensejamnos o pensar sobre a mistura; a legibilidade que confunde; o anonimato e a coautoria de quem vê (e por vezes risca o risco); o jogo entre visibilidade e invisibilidade; a efemeridade e a miudeza; a errância; a repetição no espaço e no tempo; a sobrevivência das imagens. Passando por tais questões, propomos também que as escritas urbanas configuram um agir urbano de potência micropolítica. Percebendo a relação entre o que a escrita urbana faz e o que diz, entendemos que o que está em jogo nessas imagens não é somente o que se risca, mas o próprio gesto, contido no rastro e nele prolongado, de escrever (n)a cidade.
Abstract: In the anthropological work with the city, the path is made when walking. Nomadic images attract me, which mobilize and are mobilized by the movement: urban writings (phrases and words that slide across city surfaces in graffiti, stencils, wheat-paste). The collective Narrativas Possíveis, created in 2017 in Fortaleza/CE, put us in pursuit of these images, which, in turn, caused us to perceive and think the city through them. The collective's practices were transmuted and confused with those of this anthropological research, which seeks to encounter urban writings in the Center of Fortaleza/CE through walking. Realizing their movement impelled me to adopt research methods that consider the ways in which they exist and make themselves visible. Inhabiting the in-betweens, therefore, is a matter of “object” and method. Walking-finding-photographing was a trigger for other encounters: the contamination by which the city proceeds produced my desire to relate to it in other ways, such as through audiovisual and drawing, as well as intervening on its surfaces. Thus, I understand the image not only as an “object”, nor as a “representation”, but as a production. Images discoverers and makers, we invent ways of drawing and recreating the city by inhabiting it, with anthropological production itself being one way of this creation. Among the multiple spellings of urban writing, photography, audiovisual, drawing, intervention, a combination of methods-tactics was created, characterizing a doing with images, an anthropological “inventionatic”. I also feel these languages, experimenting the in-between again and discovering something in their folds. For this reason, by operating a “montage” between them, another surface for sharing research emerged, like a table of images where they show themselves in their relationships: cidadecaminhante.tumblr.com. This dissertation, on the one hand, shares this path of research/involvement in and with the city through anthropological work. On the other hand, through the concrete experiences of walking, we think about the ways in which urban writings are exercised, happen, operate in the city. Screams of protest, love messages, intimate outbursts, loose words and even phrases with no apparent meaning: more than the message conveyed in urban writings, the gesture that creates them and is present in them matters. Inhabiting a zone of indiscernibility between art, vandalism and politics, they seem to confuse and desecrate such notions, as well as the normative prescriptions of space, while passing through the daily tracing of paths and affections. The encounters with such images give us the opportunity to think about the mixture; the readability that confuses; the anonymity and co-authorship of those who see (and sometimes scratches the scratches); the game between visibility and invisibility; the ephemerality and the offal; the wandering; the repetition in space and time; the survival of the images. Going through such questions, we also propose that urban writings configure an urban act of micropolitical potency. Realizing the relationship between what urban writing does and what it says, we understand that what is at stake in these images is not only what is written, but the gesture itself, contained in the trail and prolonging it, of writing (in) the city
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/54177
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