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http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/53354
Tipo: | Livro |
Título: | Trabalho em tempos de Covid-19: orientações para a saúde e segurança |
Organizador(es): | Batista, Maxmiria Holanda Diógenes, Saulo da Silva Barreira Filho, Edenilo Baltazar |
Palavras-chave: | Coronavírus;Pandemia;Sars-CoV-2;Covid-19;Proteção - Covid-19;Prevenção - Covid-19;Equipamento de proteção individual - EPI;Saúde - Covid -19;Saúde do trabalhador;Saúde mental;Legislação trabalhista - Covid-19 |
Data do documento: | 2020 |
Instituição/Editor/Publicador: | Imprensa Universitária/ Edições UFC |
Citação: | BATISTA, Maxmiria Holoanda; DIÓGENES, Saulo da Silva ; BARREIRA FILHO, Edenilo Baltazar (org.). Trabalho em tempos de Covid-19: orientações para a saúde e segurança. E-book. Fortaleza: Imprensa Universitária/Edições UFC. 2020. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/53354. Acesso em: |
Resumo: | Ao final de 2019 começaram a chegar notícias, vindas do oriente, que davam conta do surgimento de um novo vírus que, naquele momento, parecia concentrado na China e que não conseguiu despertar grandes preocupações entre o público em geral, muito embora estivesse na mira de profissionais de saúde, de forma destacada infectologistas e epidemiologistas. Estava ali o início de uma pandemia, denominada de Covid-19, reconhecida como doença espiratória gerada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), que em menos de seis meses tornou-se presente em todos os rincões do mundo. A nova epidemia vinha se somar a outras que tiveram reverberações nas configurações em saúde e nos diferentes contextos sociais onde surgiram e se propagaram. Os séculos 20 e 21 foram povoados por epidemias, ora localizadas, ora mais disseminadas, assumindo características pandêmicas, que resultaram em diferentes números de afetados e de mortos. Há aproximadamente cem anos vivia-se a experiência devastadora da chamada “gripe espanhola”, que segundo dados do Centro americano para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), provocou a morte de 50 milhões de pessoas entre 1918 e 1919, em suas diferentes ondas de restrições e retorno à convivência coletiva, após iniciativas precárias de isolamento social. O CDC cita ainda duas grandes epidemias no decorrer do século anterior – Gripe Asiática (1957-1958) e Gripe de Hong Kong (1968-1970) – com números de mortos que superavam 1 milhão de pessoas. Ainda no século 20 cabe destaque especial a epidemia da AIDS, que teve início no princípio dos anos de 1980 e ainda hoje, a despeito de todo avanço do tratamento antirretrovirais, seguem causando mortos, chegando a números aproximados, informados pela UNAIDS (órgão da ONU dedicado ao enfrentamento da AIDS), de 35 milhões, entre mais de 78 milhões de afetados em todo o mundo. O século 21 teve em suas duas primeiras décadas, importantes eventos epidêmicos, talvez não tão fatais quanto aqueles experimentados no século anterior, mas que geraram preocupações significativas em setores da saúde, da política e da economia, pelos riscos que representavam – Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Gripe Aviária, Gripe A H1N1 e Ebola. Os contextos onde se deram tais ocorrências – espacialmente e temporalmente – reverberaram de formas distintas, não só nos aspectos que as desencadearam, mas também na experimentação dos fenômenos em curso e nas possíveis consequências deles advindas. O presente livro se propõe a ser, exatamente, uma análise de um processo em curso. Essa característica impede, no entanto, certo distanciamento histórico para uma posterior análise, a proposta é falar de diferentes dimensões no presente, quando os delineamentos ainda não estão firmes. Os capítulos que aqui estão registrados tratam de fenômenos experimentados no exato momento onde ocorrem. Sua estrutura, tal como pensada pelos organizadores, está disposta a partir de três grandes matrizes. Na primeira delas, temas gerais, onde a própria doença (o “d” de covid) assume o lugar de figura, são trazidas colaborações sobre as formas de transmissão, medidas de prevenção, equipamentos de proteção de individual, cuidados com possíveis disseminações, propostas de vigilância, dentre outras. A segunda, relativa a temas específicos, aborda diferentes reverberações em atividades profissionais direta ou indiretamente vinculadas ao campo da saúde, e que guardam relação com a reconfiguração das ações demandadas pela a atenção com a pandemia. Por fim, a terceira matriz – ações de cuidado e autocuidado para os trabalhadores - guarda relação direta com as ações de cuidado, tanto de si, como direcionado ao outro, visando a um melhor enfrentamento das condições geradas pelo sofrimento psíquico advindo com a emergência da pandemia. Os textos aqui organizados, retratam um mosaico de diferentes disciplinas e experiências, congregados a partir da contribuição de aproximadamente 66 autores. Mesmo em se tratando de domínios já abordados, em alguns casos, os textos ganharam uma nova perspectiva a partir da convocação ao posicionamento diante de um fenômeno que tem como perfil básico a reconstituição de uma série delineamentos gerados pela crise desencadeada pela Covid-19. A gestalt que emerge dessa confluência de diferentes visões, tem como principal referente a compreensão do fenômeno trabalho, daí a justificativa do seu título: Trabalho em tempos de covid-19: orientações para a saúde e a segurança. É exatamente o trabalho, reconhecido como atividade ontológica dos seres humanos, que viabiliza a aproximação e dá sentido à articulação presente neste livro. É a partir do trabalho que se pode compreender também, a luz das premissas neoliberais, uma redução cada vez mais perceptível da capacidade de resposta das sociedades contemporâneas às epidemias, uma vez que sua própria transformação implica uma necessidade de readaptação a novas formas de vivenciá-lo. O que está delineado nas páginas a seguir, demonstra em sua primeira parte a análise da atividade feita pelo próprio trabalhador, que a implementa num momento de rara excepcionalidade, dada a dimensão e intensificação promovida pela Covid-19 e que demandou uma readequação no agir desses trabalhadores. Na sequência são os aspectos específicos e diferenciados de distintas áreas as que cobram relevo, demandando uma nova organização de trabalho. Por fim, ganha destaque também, a implicação subjetiva que reconfigura o sentido vivenciado por cada trabalhador na emergência de uma perspectiva que ultrapassa os limites da prescrição e o confronta com o real da sua atividade. O empenho dos organizadores do livro não se dá sem risco. Produzir ou compilar conhecimento, no momento onde o fenômeno em foco se dá, é algo temerário, mas não deixa de ser louvável, exatamente porque viabiliza fazê-lo ao calor da emoção de quem o produz. Não somos defensores da neutralidade científica, por isso valorizamos sobremaneira a possibilidade de revisão do conhecimento que é construído, mas valorizamos ainda mais a implicação do trabalhador com sua atividade e é isso que o que aqui está relatado traz de mais nobre. Aqui repousam os desafios de apreensão e revisão constante dos saberes produzidos. Os textos não estão, portanto, dissociados do contexto de sua produção. No momento onde o trabalho e os trabalhadores são cobrados a se readaptar diante dos desafios impostos pela pandemia, traduzi-los em palavras e atribuir sentidos é uma experiência enriquecedora. Dar voz a quem realiza a atividade é propiciador de saúde e, sem dúvidas, é o que permite dar início à reação a fragilização das políticas de proteção ao trabalhador e de desregulamentação dos mercados de trabalho. A tendência observada nos últimos anos em reduzir os serviços básicos voltados ao bem-estar da população – saúde, educação, trabalho -, capitaneada por um movimento globalizado que privilegia o ideário neoliberal, foi de certa forma desmascarado. Isso não quer dizer que reverteremos, como num passe de mágica, essa tendência, mas ao viabilizarmos um espaço de fala para os que vivenciam essa realidade de forma direta – como os trabalhadores e investigadores que aqui explicitam seu cotidiano laboral e suas pautas investigativas – é um passo importante para desvelarmos a realidade e criarmos resistência a uma “naturalização” de interesses que privilegiam os poucos, de sempre. |
URI: | http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/53354 |
ISBN: | 978-65-991493-8-2 |
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