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Type: Dissertação
Title: Praticas educativas: limites entre o bater e o não bater : contribuições ao estudo da violência Intrafamiliar
Authors: Martins, Mary Anne Fontenele
Advisor: Bucher, Júlia Sursis Nobre Ferro
Keywords: Práticas educativas;Maus-Tratos Infantis;Violência Doméstica;Família
Issue Date: 2002
Citation: MARTINS. Mary Anne Fontenele. Praticas educativas: limites entre o bater e o não bater : contribuições ao estudo da violência Intrafamiliar. 2002. 171 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002.
Abstract in Brazilian Portuguese: Este estudo tem como objetivo compreender a significação atribuída ao castigo físico corporal e/ou psicológico como método educativo adotado pelos pais, por meio da identificação dos fatores que influenciam na educação dos filhos e do conhecimento das experiências, sentimentos, definições, atitudes e opiniões dos pais acerca do processo educativo. Partimos do pressuposto que a raiz da violência social encontra-se nas relações familiares estabelecidas e construídas no cotidiano do sistema familiar. Como uma herança cultural e de posse do pátrio-poder, em nome da educação, pais e responsáveis maltratam e agridem seus filhos, como se fossem coisas, objetos de descarga das frustrações, dos medos, das angústias vividas na sociedade contemporânea, o que gera um círculo vicioso. Estudo qualitativo realizado junto aos pais da comunidade 4 Varas do Pirambu-CE e do SOS-Criança no ano de 2001. A coleta dos dados foi por meio de 12 entrevistas semi-estruturadas e grupo focal. Utilizando as práticas discursivas como foco central de análise na abordagem construcionista, foi possível a produção de sentidos a partir do cotidiano das famílias, nas relações pais e filhos, através da const.rução de 27 diagramas de significação. Desenvolvemos um modelo teórico relacionando as práticas educativas a partir do conceito de limite entre o bater e o não bater nas relações pais e filhos. Levamos em consideração o imaginário social e como esse imaginário se repercute nessas práticas educativas. Procuramos identificar nos discursos dos pais os significados atribuídos a essas práticas e encontramos 7 fatores: Modelo de identificação transgeracional; Modelos de violência social extrafamiliar internalizados; Atrtopercepção da maternidade/patemidade; Conceito de criança; Relações de poder; Motivos para bater; Controle social. Este estudo nos aponta para a compreensão de que o ato de bater nos filhos seja adequado para impor a ordem e manter a relação de dominação- subordinação. Observamos que no imaginário social há uma diferença clara entre bater para maltratar e bater para educar, embora todos pratiquem a segunda opção. O limite, segundo eles, estaria na força empregada no ato de bater: uma palmada não dói, um espancamento sim. Neste contexto, não há violência na percepção dos pais que batem. Não entendem o limite entre a violência e a não violência, considerando que estão no processo educativo correto. Verificamos que o conceito de criança, os modelos intra e extrafamiliar internalizados, as relações de poder estabelecidas e o cotidiano violento diferenciam entre os discursos dos pais que batem e dos que não batem. Ressaltamos que o aspecto transgeracional exerce influência no estilo de educação adotado pelos pais e contribui de forma incisiva na construção deste discurso. Desta forma, obtemos respostas complexas e diversas dos pais que sinalizam para a necessidade de construção de um projeto que busque educar pais e mães, informando-os e preparando-os para desempenhar adequadamente seus papéis na educação de seus filhos, mesmo'dentro das condições de vida precárias e no atual sistema econômico desigual e desumano, entidades governamentais e não governamentais, para que se possa construir uma cultura da tolerância, um costume do diálogo e do respeito mútuo entre pais e filhos, uma nova prática social de educar nossas crianças baseada no amor e na compreensão. Talvez possamos aprender e seguir o exemplo de nossos índios que sabiam educarr sem bater.
Abstract: The purpose of this study is to comprehend the meaning of bodily physical and/or psychological punishment as a disciplinary method adopted by parents, identifying factors that influence them in their ch.ildren’s discipline and the parents’ knowledge on their experiences, feelings, definitions, altitudes and opinions around the educational disciplinary process. We assume that the root of social violence comes from already established family relationships and are built in everyday routines of the family system. Under the guise of discipline, added to their own cultural baggage, parents, with their parental authoríty, or others who are in charge mistreat and beat their children as if they were objects - things to unload their own frustrations, fears and anguish ~ who live in modern society, thus creating a vicious circle. A selective study was made with parents in 4 Varas do Pirambu community, in Ceará and SOS-Children in 2001. The data was gathered through 12 semi-structured in-depth interviews and focus groups. We used practical discussions as the central focal point for constructive approach and it was possible to reproduce the families’ daily routines with parents-children relationships through the development of 27 “meaning” diagrams, We developed a theoretical model relating disciplinary practices about the concept on the limit of spanking or not spanking in parents-children relations. We took in consideration the social realm they live in and how this social realm .reflects in those disciplinary practices. We tried to identify with the parents’ discussions the meanings given to those disciplinary practices and we established 7 factors: Trans-generation identification model; mternalized exíra- familiar social violence model; parenthood self-perception; childreifs concepís; power relations; reasons to spank; social control. This study points out to us how to understand that the act of spanking children is appropriate to impose order and to maintain a domínant-submissive relationship, We observed that in the society’s eyes, there is a clear difference between spanking for the purpose of mistreating someone and spanking to impose discipline, although everyone practices the latter. The limit, they say, is the physical strength at the time of spanking: a swat doesn’t hurt, beating does. In this context, there isn't violence in the perception of parents who spank. They dorft understand the limit between violence and non-violence, but are instead, doing the correct disciplinary process. We checked that childrerfs concept, the internalized intra and extra familiar models, established power relations and the everyday violence are drfferent between those parents who spank and those who don’t. We would like to híghlight that the trans-generation aspect exerts influence in the disciplinary style adopted by the parents and adds incisively in this discussion. In this way, we received assorted and complex answers from parents who show a need for the development of a project that tries to educate parents, informing and preparing them for their special roles in disctplining their children even in the most primitive and adverse social settings and the current inhumane and unequal economic system. We recommend interaction in all sectors of society, government and non-government agencies, so there can exist a culture of tolerance, dialogue and mutual respect between parents and children and a new social practice of understanding. Perhaps we can leam and follow the examples from our Indian natives who knew how to discipline withoiH spanking.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/50284
Appears in Collections:PPGSP - Dissertações defendidas na UFC

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