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Tipo: Tese
Título: A emergência de construções resultativas de verbos sobre violência no português brasileiro
Autor(es): Lima, João Paulo Rodrigues de
Orientador: Silva, Ana Cristina Pelosi
Palavras-chave: Construções resultativas;Transitiva;In-transitiva;Metonímia;Emergência
Data do documento: 2023
Citação: LIMA, João Paulo Rodrigues de. A emergência de construções resultativas de verbos sobre violência no português brasileiro. Orientadora: Ana Cristina Pelosi. 2023. 450 f. Tese (Doutorado em Linguística) - Programa de Pós-graduação em Linguística, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
Resumo: A tese objetiva descrever a emergência semântico-cognitiva das construções resultativas transitivas e in-transitivas sob uma abordagem semântico-cognitiva, de modo a contribuir para a explicação do fenômeno quanto à produtividade e à distribuição no contexto discursivo midiático sobre violência. A hipótese é que a emergência ocorre em virtude da participação de processos cognitivos de domínio geral, como a metonímia (BARCELONA, 2003; KOVECSES; RADDEN, 1998), a atração probabilística entre colocações e construções – colostrução - (STEFANOWITCH; GRIES, 2003) e a categorização de Modelos Cognitivos Idealizados – MCI (LAKOFF, 1987), dentre outros fatores. Tradicionalmente, a alternância verbal causativa se define quando uma construção intransitiva resulta de uma transitiva e o verbo daquela mantém o mesmo sentido de “causa” e “mudança de estado” (RAPPAPORT HOVAV; LEVIN, 2012; RAPPAPORT HOVAV, 2014). Contrária à proposta de derivação transformacional sintática, Goldberg (1995) compreende que as construções causativas são interdependentes e estabelecem relação de produtividade através de enlaces hereditários, visando atender condições e propósitos semântico-pragmáticos. São, portanto, denominadas de construções resultativas transitivas e intransitvas, enfatizando o [EFEITO] que ambas explicitam na forma. Esta tese adotou uma terminologia própria quanto ao fenômeno, nomeando as construções de in-transitivas. As construções que, por sua vez, emergiram somente na forma transitiva foram tratadas como apenas-transitivas. A pesquisa apresenta metodologia descritiva e de cunho hipotético-dedutivo, coletando os dados a partir do CASS corpus de notícias sobre violência publicadas em jornais brasileiros entre 2014-2015, disponibilizado pela Universidade de Lancaster (UK). De aproximadamente dois milhões de palavras, foram extraídas 6988 linhas de concordância que apresentaram verbos de mudança de estado associados ao conceito VIOLÊNCIA. As construções resultativas apenas transitivas foram analisadas separadamente das in-transitivas, observando os princípios da Coerência Semântica e da Correspondência (GOLDBERG, 1995) e os fundamentos da Gramática de Construções (CROFT, 2003; LANGACKER, 1987; 2008). O primeiro grupo emergiu a maioria das construções analisadas, verificando-se a atuação do encadeamento metonímico SUJEITO PELO AGENTE - AGENTE PELA CAUSA - SUJEITO PELA CAUSA, assim como OBJETO DIRETO PELO PACIENTE - PACIENTE PELO EFEITO - OBJETO DIRETO PELO EFEITO. Quanto às construções transitivas instanciadas sem o argumento [objeto direto], as metonímias CAUSA PELO EFEITO e PROCESSO PELO EFEITO participaram efetivamente dessas emergências. Estas construções foram avaliadas estatisticamente como colostruções e demonstraram o propósito discursivo de generalizar a comunicação do [EFEITO] referente ao [PROCESSO] representado pelo verbo da construção. Sobre as construções in-transitivas, alguns verbos, como “disparar” e “explodir”, emergiram em ambas as formas transitiva e intransitiva. Outros instanciaram-se somente na forma transitiva, contudo permaneceram nesta classificação por apresentarem a possibilidade de emergir em ambas as variantes em outros discursos e corpora. Verificou-se, ainda, a contribuição das metonímias CAUSA PELO EFEITO para as formas transitivas e EFEITO PELA CAUSA para as variantes intransitivas. Atestou-se a proeminência do [EFEITO] sobre a [CAUSA], visto aquele ser capaz de perfilar tanto o argumento/participante [objeto direto/paciente] nas transitivas quanto o [sujeito/paciente] nas intransitivas, as quais se constituíram como colostruções por acentuarem a exclusividade de suas colocações. A maioria das construções emergiu como resultativo-transitivas e algumas se restringiram a estas, demonstrando que o MCI CAUSALIDADE/VIOLÊNCIA se organiza em torno da interação conceptual [CAUSA]-[PROCESSO]-[EFEITO], atraindo a variante transitiva para a prototipicidade da categoria.
Abstract: This thesis aims to describe the cognitive semantic emergence of transitive and in-transitive resultative constructions following a cognitive-semantic approach, in order to cover its productivity and distribution in the discursive-mediatic violence context. The hypothesis is that emergence occurs because of general order cognitive processes, such as metonymy (BARCELONA, 2003; KOVECSES; RADDEN, 1998), probabilistic attraction between collocations and constructions – collostructions – (STEFANOWITCH; GRIES, 2003) and Idealized-Cognitive-Model (ICM) categorization (LAKOFF, 1987), among other reasons. Traditionally, causative verbal alternation is about an intransitive construction deriving from a transitive one and its verb still keeps the same meaning of “cause” and “change of state” (RAPPAPORT HOVAV; LEVIN, 2012; RAPPAPORT HOVAV, 2014). Opposite to the syntactic transformational derivation, Goldberg (1995) understands causative constructions are interdependent and they build a productive relation through inheritance links to meet semanticpragmatic conditions and purposes. Therefore, they are named after transitive and intransitive resultative constructions, since both forms highlight the [EFFECT] explicitly. This study chose its own terminology for the phenomenon, calling them in-transitive constructions. Those which emerged only in the transitive form were treated as transitive-only. The research uses descriptive methodology and is based on hypothetical-deductive procedures, collecting the data from the CASS corpus on violence news, published by Brazilian media between 2014-2015, and made available by the Lancaster University (UK). From an almost-two-million-word corpus, 6,988 concordance lines were extracted with change-of-state verbs associated to the VIOLENCE concept. The transitive-only resultative constructions were analyzed apart from the in-transitive ones, considering the Semantic Coherence and Correspondence principles (GOLDBERG, 1995). The first group has emerged most of the analyzed constructions, and a metonymic chain has been verified: SUBJETCT FOR AGENT - AGENT FOR CAUSE - SUBJECT FOR CAUSE; as well as DIRECT OBJECT FOR PATIENT - PATIENT FOR EFFECT – DIRECT OBJECT FOR EFFECT. Regarding the transitive constructions without the [direct object] argument, the CAUSE-FOR-EFFECT and the PROCESS-FOR-EFFECT metonymies have participated effectively in these constructions’ emergences, which were statistically accepted as collostructions that showed the discursive purpose of generally communicating the [EFFECT] of the [PROCESS] represented by the construction verb. On the in-transitive constructions, some verbs, as “disparar” (fire/shoot) and “explodir” (explode), have emerged in both transitive and intransitive forms, while others came up only in the transitive form. However, they remained in the same group due to the possibility of emerging in both variants in other discourses and corpora. Yet the CAUSE-FOR-EFFECT and the EFFECT-FOR-CAUSE metonymies have contributed with the intransitive variants. The [EFFECT] dominance over the [CAUSE] was verified, since the first was able to profile the arguments/participants [direct object/patient] for the transitive constructions and the [subject/patient] for the intransitive ones. The latter came up as collostructions for pointing their collocational exclusivity. Most of the constructions in the research have emerged as transitiveresultative and some even got restricted to this form, which revealed CAUSALITY/VIOLENCE ICM is built around the [CAUSE]-[PROCESS]-[EFFECT] conceptual interaction, attracting the transitive variant to the category prototypicity.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/73745
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