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Tipo: Tese
Título: Adolescer na zona rural da Bahia : condicionantes da saúde em comunidades quilombolas e não quilombolas
Autor(es): Sousa, Bárbara Cabral de
Orientador: Leite, Alvaro Jorge Madeiro
Coorientador: Medeiros, Danielle Souto de
Palavras-chave: Adolescentes;Comportamento Alimentar;Comportamento Sedentário
Data do documento: 2017
Citação: SOUSA, Bárbara Cabral de. Adolescer na zona rural da Bahia: condicionantes da saúde em comunidades quilombolas e não quilombolas. 2017. 216 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva)-Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/69188. Acesso em: 09 nov. 2022.
Resumo: A geração de adolescentes no Brasil é numerosa e uma parcela considerável destes vive em áreas rurais, marcadas por desigualdades que dificultam o acesso a serviços públicos de saúde, educação e lazer. Essas desigualdades afetam as diferentes dimensões da vida dos adolescentes e reverberam, incisivamente em situações de morbimortalidade, principalmente em um mesmo espaço rural, com destaque para comunidades quilombolas e não quilombolas. O objetivo do estudo foi caracterizar condicionantes de saúde de adolescentes quilombolas e não quilombolas da zona rural de um município do sudoeste da Bahia. Estudo transversal, realizado em 2015, com adolescentes de 10 a 19 anos, residentes em comunidades quilombolas (184) e não quilombolas (210). Foi utilizado questionário semiestruturado, adaptado de pesquisas nacionais. As diferenças foram testadas pelo qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher. As concordâncias foram verificadas pelo kappa ponderado. A razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança de 95% (IC95%) estimaram a associação por regressão de Poisson. Foram entrevistados 390 adolescentes, 42,8% quilombolas, 51,3% do sexo feminino e 52,3% com idade < 15 anos. A ocorrência de relação sexual esteve associada à mediana de 15 anos de idade (RP=1,42; IC95%: 1,33-1,52) e a ter experimentado uma dose de álcool (RP=2,41; IC95%: 1,70-3,46). O consumo de feijão entre os quilombolas foi maior (RP=1,11; IC95%: 1,04-1,20) e o consumo de hortaliças (RP=0,73; IC95%: 0,77-0,52), frutas (RP=0,67; IC95%: 0,48-0,92) e leite (RP=0,68; IC95%: 0,47-0,99) menor, que os não quilombolas. O sedentarismo no lazer mostrou-se associado ao sexo feminino (RP=1,36; IC95%: 1,08-1,70), à escolaridade com 10 e mais anos (RP=1,70; IC95%: 1,26-2,28), ao hábito regular de comer enquanto assiste TV (RP=1,51; IC95%: 1,22-1,88), ao consumo regular de salgadinhos de pacote (RP=1,33; IC95%: 1,01-1,76) e ao excesso de peso (RP=1,41; IC95%: 1,11-1,78). Houve baixa concordância entre as categorias de imagem corporal e estado nutricional (k=0,32) e atitudes de controle de peso (k=0,44). Os adolescentes do campo demonstraram hábitos alimentares mais saudáveis, menores prevalências de relação sexual, de sedentarismo no lazer, de sobrepeso/obesidade e prática de atitudes extremas prejudiciais à saúde, em comparação aos adolescentes urbanos. Entretanto, observou-se precocidade no início das relações sexuais, associado ao uso de álcool, baixo consumo de frutas, hortaliças, leite e o consumo regular de marcadores de alimentação não saudável e percepção imprecisa do seu peso e/ou atitude relacionada ao peso. A desigualdade econômica entre os estratos evidenciou iniquidades sociais presentes na população rural estudada. Sugere-se intervenções que melhorem a qualidade de vida, impeçam a permanência dos maus hábitos e minimizem as vulnerabilidades. A intersetorialidade efetiva entre os campos da saúde e da educação dentro das políticas públicas mostra-se relevante, com vistas à inserção de temáticas que tratem de comportamentos e hábitos saudáveis à manutenção da saúde dos adolescentes.
Abstract: The generation of adolescents in Brazil is large and a considerable number live in rural areas, marked by inequalities that make access to public health, education and leisure services difficult. These inequalities affect the different dimensions of adolescents' lives and reverberate, incisively in situations of morbidity and mortality, especially in the same rural area, with emphasis on quilombola and non-quilombola communities. The objective of this study was to characterize health conditioners of quilombola and non - quilombola adolescents from the rural zone of a city in Bahia's southwest. Cross-sectional study, carried out in 2015, with adolescents between 10 and 19 years old, living in quilombola communities (184) and non-quilombolas (210). A semi-structured questionnaire was used, adapted from national surveys. Differences were tested by Pearson's chi-square or Fisher's exact test. The concordances were verified by the weighted kappa. The prevalence ratio (PR) and its 95% confidence interval (95% CI) estimated the association by Poisson regression. A total of 390 adolescents were interviewed, 42.8% were quilombolas, 51.3% were female, and 52.3% were < 15 years old. The occurrence of sexual intercourse was associated with the median age of 15 years (PR = 1.42, 95% CI: 1.33-1.52) and to have experienced a dose of alcohol (PR = 2.41, 95% CI: 1.70-3.46). Bean consumption among the quilombolas was higher (RP = 1.11, 95% CI: 1.04-1.20) and vegetable consumption (RP = 0.73, 95% CI: 0.77-0.52) , Fruit (RP = 0.67, 95% CI: 0.48-0.92) and milk (RP = 0.68, 95% CI: 0.47-0.99) lower than non-quilombolas. The leisure-time sedentary lifestyle was associated with the female gender (PR = 1.36, 95% CI: 1.08-1.70), schooling aged 10 and over (PR = 1.70, 95% CI: 1.26 (OR = 1.51, 95% CI: 1.22-1.88), to the regular consumption of packet snacks (RP = 1.33, 95% CI: -2.28), to regular eating habits while watching TV 1.01-1.76) and to overweight (RP = 1.41, 95% CI: 1.11- 1.78). There was low agreement between body image categories and nutritional status (k = 0.32) and weight control attitudes (k = 0.44). The adolescents in the field demonstrated healthier eating habits, lower prevalence of sexual intercourse, leisure time inactivity, overweight / obesity, and practice of extreme attitudes detrimental to health compared to urban adolescents. However, precocity was observed at the beginning of sexual intercourse, associated with alcohol use, low fruit consumption, vegetables, milk and regular consumption of unhealthy food markers and imprecise perception of their weight and / or weight-related attitude. Economic inequality among the strata showed social inequalities present in the studied rural population. It is suggested that interventions that improve the quality of life, prevent the permanence of bad habits and minimize vulnerabilities. The effective intersectoriality between the fields of health and education within public policies is relevant, with a view to the insertion of themes that deal with healthy behaviors and habits to the maintenance of adolescents' health.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/69188
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