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Tipo: Dissertação
Título: Estigma relacionado à hanseníase em comunidades e pessoas acometidas em território hiperendêmico do Nordeste do Brasil
Autor(es): Andrade, Thainá Isabel Bessa de
Orientador: Barbosa, Jaqueline Caracas
Coorientador: Ramos Junior, Alberto Novaes
Palavras-chave: Medicina Tropical;Hanseníase;Estigma Social;Saúde Pública
Data do documento: 29-Jul-2022
Citação: ANDRADE, T. I. B. Estigma relacionado à hanseníase em comunidades e pessoas acometidas em território hiperendêmico do Nordeste do Brasil. 2022. 174 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022. Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/68865. Acesso em: 18 out. 2022.
Resumo: A hanseníase é uma Doença Tropical Negligenciada (DTN), infecciosa e crônica, de curso lento, com grande potencial incapacitante e estigmatizante. Seus primeiros relatos datam de milhares de anos e os sintomas da doença eram compreendidos como sinal de impureza e de castigo divino destacados por dogmas religiosos. No início do século XX, pessoas acometidas pela hanseníase foram submetidas a processos de segregação marcados por exclusão social, internação e isolamento compulsórios, contribuindo para a construção sociocultural da doença nos tempos atuais e resultando em forte estigma, preconceito e valoração negativa. O estigma associado à doença também pode modificar a concepção de territórios e de atividades laborais, religiosas, de lazer e comunitárias que nele ocorrem, mantendo um ciclo persistente de estigmatização. Objetivou-se, com esse estudo, analisar a expressão do estigma relacionado à hanseníase percebida por profissionais/gestores de saúde, de educação, comunidade geral e pessoas acometidas pela doença no município hiperendêmico de Floriano, Piauí. Trata-se de estudo transversal de caráter operacional e natureza quantitativa, conduzido no município de Floriano, Estado do Piauí, de maio a dezembro de 2019. Inicialmente, foi descrito o contexto sócio-histórico-cultural do estigma decorrente da hanseníase no município. A população do estudo foi analisada quanto a suas características sociodemográficas, clínicas e operacionais utilizando-se instrumento específico. A percepção do estigma foi avaliada através da aplicação da Explanatory Model Interview Catalogue para comunidade (EMIC-CSS) e para pessoas afetadas (EMIC-AP). Para a EMIC-CSS, foram abordados 30 profissionais/gestores de saúde, 30 profissionais/gestores de educação e 55 membros da comunidade que nunca tiveram ou têm hanseníase. Para a EMIC-AP, foram abordadas 16 pessoas em tratamento para hanseníase ou em pós-alta, com ou sem reação hansênica. Todos os dados coletados foram consolidados e analisados por meio de estatística descritiva a partir de frequências e medidas de tendência central e de dispersão. As comparações realizadas entre variáveis categóricas foram baseadas no teste qui-quadrado de Pearson, com nível de confiança de 95%. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal da Bahia. Apesar da redução geral de casos novos de hanseníase na última década, Floriano segue como município marcado por sua hiperendimicidade. Além da expressão persistente da doença, delineiam-se histórias de 9 discriminação às pessoas acometidas, resultando em exclusão social, obstáculos para o diagnóstico precoce e verificação de sequelas físicas pelo alto potencial incapacitante. Para a EMIC-CSS, a pontuação variou de 0 a 28 pontos, com média 18,9 para profissionais de saúde, 15,7 para profissionais de educação e 15,3 para a comunidade geral. Houve associação da EMIC-CSS com a categoria dos participantes (p=0,016), escolaridade (p=0,021), renda mensal (p=0,011) e participação em atividades educativas/informativas sobre hanseníase (p=0,049). Quanto à EMIC-AP, as pontuações variaram de 0 a 25 pontos, atingindo média de 11,4. Associou-se a EMIC-AP a indivíduos com incapacidade física (p= 0,032). Os resultados encontrados evidenciam um grau elevado de estigma percebido em meio à comunidade e sua associação com variáveis sociodemográficas, clínicas e operacionais. Demarca-se, também, a utilidade das escalas de estigma como facilitadoras de seu dimensionamento em ambiente de saúde, escolar e comunitário como uma das estratégias definidas por agendas nacionais e internacionais de combate à hanseníase.
Abstract: Leprosy is a Neglected Tropical Disease (NTD), infectious and chronic, with a slow course, with great disabling and stigmatizing potential. Its first reports date back thousands of years and the symptoms of the disease were understood as a sign of impurity and divine punishment highlighted by religious dogmas. At the beginning of the 20th century, people affected by leprosy were subjected to segregation processes marked by social exclusion, compulsory hospitalization and isolation, contributing to the sociocultural construction of the disease in the current times and resulting in strong stigma, prejudice and negative valuation. The stigma associated with the disease can also change the conception of territories and the work, religious, leisure and community activities that occur there, maintaining a persistent cycle of stigmatization. The objective of this study was to analyze the expression of stigma related to leprosy perceived by professionals/managers of health, education, the general community and people affected by the disease in the hyperendemic municipality of Floriano, Piauí. This is a cross-sectional study of an operational nature and quantitative nature, conducted in the municipality of Floriano, State of Piauí, from May to December 2019. Initially, the sociohistorical-cultural context of the stigma resulting from leprosy in the municipality was described. The study population was analyzed in terms of their sociodemographic, clinical and operational characteristics using a specific instrument. The perception of stigma was assessed through the application of the Explanatory Model Interview Catalog for the community (EMICCSS) and for affected people (EMIC-AP). For the EMIC-CSS, 30 health professionals/managers, 30 education professionals/managers and 55 community members who have never had or have leprosy were approached. For EMIC-AP, 16 people undergoing treatment for leprosy or post-discharge, with or without leprosy reaction, were approached. All data collected were consolidated and analyzed using descriptive statistics based on frequencies and measures of central tendency and dispersion. Comparisons between categorical variables were based on Pearson's chi-square test, with a confidence level of 95%. The project was submitted and approved by the Ethics and Research Committee of the Federal University of Bahia. Despite the general reduction in new cases of leprosy in the last decade, Floriano remains a municipality marked by its hyperendemicity. In addition to the persistent expression of the 11 disease, stories of discrimination against affected people are outlined, resulting in social exclusion, obstacles to early diagnosis and verification of physical sequelae due to the high disabling potential. For the EMIC-CSS, the score ranged from 0 to 28 points, with an average of 18.9 for health professionals, 15.7 for education professionals and 15.3 for the general community. There was an association of EMIC-CSS with the category of participants (p=0.016), schooling (p=0.021), monthly income (p=0.011) and participation in educational/informational activities about leprosy (p=0.049). As for EMIC-AP, scores ranged from 0 to 25 points, reaching an average of 11.4. EMIC-AP was associated with individuals with physical disability (p= 0.032). The results found show a high degree of stigma perceived in the community and its association with sociodemographic, clinical and operational variables. The usefulness of stigma scales as facilitators of their dimensioning in health, school and community environments is also highlighted as one of the strategies defined by national and international agendas to combat leprosy.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/68865
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