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Tipo: Dissertação
Título: Cuidados paliativos e cuidados hospice em pacientes portadores de doenças infecciosas graves no estado do Ceará
Autor(es): Ferragut, Juliana Mandato
Orientador: Pires Neto, Roberto da Justa
Palavras-chave: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida;Cuidados Paliativos;Doenças Transmissíveis
Data do documento: 25-Jan-2020
Citação: FERRAGUT, J. M. Cuidados paliativos e cuidados hospice em pacientes portadores de doenças infecciosas graves no estado do Ceará. 2020. 68 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2020.
Resumo: Introdução: O cuidado paliativo (CP) é a abordagem que promove qualidade de vida a pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Desde os primórdios do desenvolvimento dessa abordagem de cuidado compreende-se que os pacientes vivendo com doenças infecciosas graves são candidatos a receberem esses tratamentos especializados, a partir do diagnóstico até a fase avançada da doença. No entanto, há escassez de estudos e trabalhos na literatura científica sobre CP para esse perfil de pacientes. Objetivos: Descrever as características de pacientes que faleceram no Hospital São José de Doenças Infecciosas, instituição de referência no Estado do Ceará; e comparar os cuidados de final de vida dispensados aos pacientes acompanhados pelo serviço especializado em cuidado paliativo (SECP) com relação aos pacientes que não foram assistidos por um serviço especializado. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, abrangendo todos os pacientes que faleceram durante internação hospitalar no período de janeiro de 2017 a março de 2018 e possuíam como causa base do óbito uma doença grave avançada. Também foram analisados, de forma comparativa, os dados dos pacientes que no período de janeiro de 2019 a setembro de 2019 faleceram neste mesmo hospital sob a assistência do SECP, identificando informações gerais e quais terapêuticas foram assumidas no final de vida desses pacientes. Resultados: Não houve diferença significativa entre os dois grupos ao compararmos idade e sexo (p=0,643 vs p=0,566, respectivamente). A prevalência de uso de ventilação mecânica invasiva foi quase 10 vezes superior no grupo de pacientes sem suporte especializado (63,6% vs 6,7%, respectivamente; p<0,001) e o número de pacientes submetidos a hemodiálise no final de vida ocorreu em uma incidência 8 vezes superior neste grupo (22,1% vs 3,3% respectivamente; p=0,002). O uso de cateter venoso central (55, 71,4% vs 6, 10%; p<0,001), sondagem vesical (55, 71,4% vs 7, 11,7%; p<0,001) e de dieta enteral por sonda nasoentérica (59, 76,6% vs 1, 1,7%; p<0,001) também apresentaram uma prevalência muito superior entre os pacientes que não foram acompanhados pelo SECP no último dia de vida. A ocupação de leitos de terapia intensiva durante o processo ativo de morte ocorreu com uma prevalência 8 vezes maior (27,3% vs 3,3%; p<0,001) e com relação ao uso de antibioticoterapia no último dia de vida identificamos também uma maior incidência entre os pacientes desse grupo (74% vs 8,3%, respectivamente; p<0,001). Entre os pacientes portadores de HIV dos dois grupos o uso de TARV no último dia de vida, comparativamente, também apresentou diferença estatisticamente relevante (54,1% vs 2,3%, respectivamente; p<0,001), o mesmo ocorreu ao analisarmos a dispensação de antituberculínicos entre os pacientes portadores de tuberculose ativa no processo ativo de morte (9,1% vs 91,7%, respectivamente; p<0,001). Com relação ao controle de sintomas no final da vida, identificamos que todos os pacientes acompanhados pelo SECP receberam opioides no seu último dia de vida, enquanto apenas 13% dos pacientes que faleceram sem assistência especializada receberam opioides no momento da morte (p<0,001). Conclusões: Os pacientes portadores de doenças infecciosas graves quando assistidos por um serviço especializado em CP, durante o final de vida e o processo de morte, possuem diversos aspectos de impacto positivo do ponto de vista assistencial e gerencial do cuidado, possibilitando uma melhor prática em saúde e gestão de recursos públicos.
Abstract: Introduction: Palliative care (PC) is the approach that promotes quality of life for patients and their families in the face of diseases that threaten the continuity of life, through prevention and relief of suffering. Since the beginning of the development of this care approach, it is understood that patients living with serious infectious diseases are candidates for receiving these specialized treatments, from diagnosis to the advanced stage of the disease. However, there is a lack of studies in the scientific literature on PC for this profile of patients. Objectives: To describe the characteristics of patients who died at the São José Hospital for Infectious Diseases, a reference institution in the State of Ceará; and to compare the end-of-life care provided to patients monitored by the specialized palliative care service (SECP) in relation to patients who were not assisted by a specialized service. Methodology: This is a cross-sectional, retrospective study, covering all patients who died during hospitalization in the period from January 2017 to March 2018 and had as a basic cause of death an advanced serious disease. We also analyzed comparatively the data of patients who, in the period from January 2019 to September 2019, died in this same hospital under the assistance of the SECP, identifying general information and which therapies were adopted at the end of these patients' lives. Results: There was no significant difference between the two groups when comparing age and sex (p = 0.643 vs p = 0.566, respectively). The prevalence of the use of invasive mechanical ventilation was almost 10 times higher in the group of patients without specialized support (63.6% vs 6.7%, respectively; p <0.001) and the number of patients undergoing hemodialysis at the end of life occurred at an 8-fold higher incidence in this group (22.1% vs 3.3% respectively; p = 0.002). The use of central venous catheter (55, 71.4% vs 6, 10%; p <0.001), bladder catheterization (55, 71.4% vs 7, 11.7%; p <0.001) and enteral diet for nasoenteric tube (59, 76.6% vs 1, 1.7%; p <0.001) also had a much higher prevalence among patients who were not followed up by the SECP on the last day of life. The occupation of intensive care beds during the active process of death occurred with a prevalence 8 times higher (27.3% vs 3.3%; p <0.001) and with regard to the use of antibiotic therapy on the last day of life, we also identified a higher incidence among patients in this group (74% vs 8.3%, respectively; p <0.001). Among HIV patients in both groups, the use of TAARV on the last day of life comparatively also showed a statistically significant difference (54.1% vs 2.3%, respectively; p <0.001), the same occurred when analyzing the dispensing of antituberculin drugs among patients with active tuberculosis in the active process of death (9.1% vs 91.7%, respectively; p <0.001). Regarding symptom control at the end of life, we found that all patients followed by the SECP received opioids on their last day of life, while only 13% of patients who died without specialized assistance received opioids at the time of death (p <0.001) . Conclusions: Patients with serious infectious diseases when assisted by a specialized PC service during the end of life and the death process have several aspects of positive impact from the care and managerial point of view of care, enabling a better practice in health and management of public resources.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/55800
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