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Tipo: Dissertação
Título: Implicações da pandemia de COVID-19 nas condições e nos modos de cuidado ofertados na primeira infância
Autor(es): Silva, Jordan Prazeres Freitas da
Orientador: Machado, Márcia Maria Tavares
Palavras-chave: Infecções por Coronavírus;Modelos de Assistência à Saúde;Poder Familiar;Saúde Mental;Pesquisa Qualitativa
Data do documento: 23-Nov-2020
Citação: SILVA, J. P. F. Implicações da pandemia de COVID-19 nas condições e nos modos de cuidado ofertados na primeira infância. 2020. 100 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2020.
Resumo: Introdução: Em decorrência da alta taxa de incidência da COVID-19 no mundo, países têm investido em intervenções para contenção da doença embasadas pelo distanciamento físico, e isso está sendo capaz de transformar o cotidiano das famílias. Objetivo: Compreender as implicações da COVID-19 sobre as condições e os modos de cuidado ofertados na Primeira Infância, a partir das narrativas de mães que estavam convivendo com essa pandemia em Fortaleza, Ceará. Método: Estudo de abordagem qualitativa, delineado pelas Histórias Orais de Vida, que buscou ouvir as narrativas de mães que tinham filhos na Primeira Infância (0 - 6 anos) e que vivenciaram as medidas para enfrentamento e contenção da infecção humana provocada pelo novo coronavírus em Fortaleza, Ceará. Para os procedimentos de coleta de dados, empregamos como instrumento a entrevista semiestruturada e, para o processamento do material empírico, utilizamos como lente a Análise do Conteúdo de Bardin. Resultados: Foram entrevistadas 30 mães que relataram ter de um a três filhos nascidos. A média de idade entre as mulheres foi de 32 anos. Sobre o estado civil das participantes, a maioria delas (vinte e sete) era casada ou convivia em união estável, duas eram solteiras e uma era viúva. As interrogadas foram agrupadas por estrato social, dividindo-as pelo IDH de seus bairros, sendo treze residentes em territórios com baixo IDH (0,189), e dezessete moradoras de localidades com o IDH elevado (0,953). Das entrevistadas, quatro, do grupo de IDH desfavorecido, recebiam algum tipo de benefício social do governo (Bolsa Família ou Auxílio Emergencial). A maioria das mulheres (dezessete) apresentava alto nível de escolaridade (pós-graduação), outras seis concluíram formação em nível superior, enquanto o restante, (sete), do grupo de nível social baixo, possuía apenas o ensino médio. A partir dos discursos dessas mulheres observaram-se duas categorias principais de análise: percepções, sentimentos e estratégias das mães para a convivência com as medidas de contenção da propagação da COVID-19; comportamentos de cuidado parental e cotidiano das crianças no contexto domiciliar diante da pandemia de coronavírus. Percebemos que as entrevistadas possuem dúvidas sobre as estratégias de saúde pública implementadas no país, contudo, a maioria delas, apesar de manifestarem uma série de sentimentos negativos como: ansiedade, cansaço extremo, estresse, irritabilidade, impaciência, medo e preocupação; têm seguido às determinações das autoridades sanitárias e narram perceber as ações para mitigação da doença como medidas de segurança para a população. Como estratégia de enfrentamento para vivenciar as experiências da pandemia, verificou-se que muitas mães buscaram não pensar na doença e se utilizaram das tecnologias digitais como forma de manter a rede de apoio social ativa e sentir certo alívio diante do distanciamento físico induzido. Notamos também que durante a pandemia a maioria dos cuidadores desta pesquisa ficou responsável integralmente pelos cuidados dos filhos e que houve maior participação dos homens nesse processo. Outra questão evidenciada foi que parte das famílias buscaram formas, principalmente lúdicas, para transformar o contexto estressante da pandemia em um cenário minimamente prazeroso para as crianças. Foi possível perceber ainda, que apesar da inserção das atividades manuais no cotidiano das famílias, as crianças passaram mais tempo à frente de telas e apresentaram mudanças no comportamento, com sintomas de agitação, ansiedade, dependência excessiva dos pais, distúrbios do sono, estresse e medo. Considerações finais: Para que sejam ofertadas condições favoráveis de cuidado à Primeira Infância os cuidadores precisam estar minimamente saudáveis. Portanto, é relevante realizar um monitoramento em médio e longo prazo da saúde mental materna e das condições para o exercício da parentalidade positiva no pós-pandemia. É necessário um acompanhamento do desenvolvimento das crianças que estão em casa, bem como do retorno dessas às atividades presenciais.
Abstract: Introduction: Due to the high incidence rate of COVID-19 in the world, countries have invested in interventions to contain the disease based on physical distance, and this is being able to transform the daily lives of families. Objective: To understand the implications of COVID-19 on the conditions and modes of care offered in early childhood, from the accounts of mothers who were living with this pandemic in Fortaleza, Ceará. Method: A qualitative approach study, outlined by the Oral Stories of Life, which sought to listen to the narratives of mothers who had children in Early Childhood (0 - 6 years) and who experienced the measures to confront and contain the human infection caused by the new coronavirus in Fortaleza, Ceará. For the data collection procedures, we used the semi-structured interview as a tool and for the processing of the empirical material, we used the Bardin Content Analysis as a lens. Results: We interviewed 30 mothers who reported having from one to three born children. The average age among the women was 32 years. Regarding the marital status of the participants, most of them (twenty-seven) were married or cohabiting in a stable union, two were single and one was a widow. The interviewees were grouped by social stratum, dividing them by the HDI of their neighborhoods, being thirteen residents in territories with low HDI (0.189), and seventeen residents of localities with high HDI (0.953). Of the interviewees, four from the disadvantaged HDI group received some type of social benefit from the government (Bolsa Família or Emergency Aid). Most of the women (seventeen) had a high level of schooling (post-graduation), another six concluded higher education, while the rest (seven), from the low social level group, had only high schooling. From the speeches of these women, two main categories of analysis were observed: perceptions, feelings and strategies of mothers to live with the measures to contain the spread of COVID-19; behaviors of parental care and daily life of children in the home context in the face of the coronavirus pandemic. We noticed that the interviewees have doubts about the public health strategies implemented in the country, however, most of them, despite manifesting a series of negative feelings such as: anxiety, extreme tiredness, stress, irritability, impatience, fear and concern; they have followed the determinations of the health authorities and narrate perceiving the actions to mitigate the disease as safety measures for the population. As a strategy to face the experiences of the pandemic, it was verified that many mothers tried not to think about the disease and used digital technologies as a way to keep the social support network active and feel some relief from the induced physical distance. We also noticed that during the pandemic most of the caregivers of this research were fully responsible for the care of their children and that there was greater participation of men in this process. Another issue highlighted was that part of the families sought ways, mainly playful, to transform the stressful context of the pandemic into a minimally pleasant scenario for children. It was also possible to notice that, despite the insertion of manual activities in the daily lives of families, children spent more time in front of screens and presented changes in behavior, with symptoms of agitation, anxiety, excessive dependence of parents, sleep disorders, stress and fear. Final considerations: In order to be offered favorable conditions for early childhood care, the caregivers need to be minimally healthy. Therefore, it is relevant to perform a medium and long term monitoring of maternal mental health and conditions for the exercise of positive parenting in the post-pandemic. It is necessary to monitor the development of the children at home, as well as their return to face-to-face activities.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/55473
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