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Tipo: Tese
Título: Tornei-me mãe, e agora? Interações entre trabalho e família na percepção de mães empreendedoras
Autor(es): Bandeira, Emanuella Lustosa
Orientador: Cabral, Augusto Cezar de Aquino
Palavras-chave em português: Conflito trabalho-família;Conflito trabalho-família;Mães empreendedoras;Mumpreneurs
Data do documento: 2023
Citação: BANDEIRA, Emanuella Lustosa. Tomei-me mãe, e agora? Interações entre trabalho e família na percepção de mães empreendedoras. 2023. 311 f. Tese (Doutorado Administração e Controladoria) – Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023
Resumo: A relação entre trabalho e família tem atraído a atenção de diversos pesquisadores. A literatura ressalta que há dois polos resultantes dessa relação: o negativo (conflito trabalho-família) e o positivo (interface positiva entre trabalho e família). Assim, seja para reduzir conflitos ou se beneficiar dos recursos provenientes da multiplicidade de papéis, muitas mulheres, principalmente mães, inserem-se no empreendedorismo. Assim, esta pesquisa tem por objetivo geral compreender como se caracterizam as relações entre as interfaces trabalho-família, a maternidade e o empreendedorismo feminino. Para atingi-lo, foi investigada a relação entre a maternidade e o percurso empreendedor, a percepção de sucesso profissional e de desempenho de papéis, os conflitos trabalho-família e a interface positiva entre trabalho e família. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, realizado mediante 14 entrevistas semiestruturadas com mães empreendedoras que atuam no setor de confecção do estado do Ceará. Os dados foram operacionalizados no software atlas.ti 7. Os resultados indicam que o papel de mãe é levado em consideração ao se optar pelo empreendedorismo; o sucesso profissional é compreendido como o retorno financeiro e crescimento do negócio seguido do equilíbrio trabalho-família; as mães consideram seu desempenho profissional insuficiente; vivenciam conflitos por conta da alta responsabilidade e do excessivo tempo disponibilizado ao negócio; e percebem que os benefícios advindos das interfaces trabalho-família se sobressaem às incompatibilidades. Esses maiores benefícios estão relacionados, predominantemente, ao recurso do capital psicológico, quando a realização conjugal favorece a participação do parceiro nas atividades domésticas, gerando segurança e disponibilidade ao papel empreendedor; e ao recurso do desenvolvimento, quando as habilidades e diferentes perspectivas desenvolvidas na maternidade melhoram o desempenho do papel empreendedor. Logo, a família é a maior geradora de recursos positivos ao trabalho. Essa maior apreensão positiva parece ter relação com o perfil das entrevistas - mulheres da classe média - ficando os resultados limitados a essa classe. Entretanto, elas promovem o fortalecimento não apenas de si mesmas, mas também de mulheres mais vulneráveis, sugerindo que o empreendedorismo feminino vem proporcionando condições de protagonismo e autoempoderando a uma rede coletiva de mulheres da moda. Adverte-se que a transição à carreira empreendedora pode significar o retorno à situação de desequilíbrio trabalho-família vivenciada no emprego formal, trazendo reflexões sobre os dilemas enfrentados pelas mulheres ao tentarem conciliar tudo. O estudo supre duas lacunas na literatura nacional (pesquisas que contemplem as duas perspectivas teóricas da interface trabalho-família simultaneamente; e que contemplem a conexão entre o empreendedorismo feminino e a maternidade) e, nesse sentido, apresenta contribuições acadêmicas, gerenciais e sociais, destacando-se: i) análise conjunta dos diferentes prismas teóricos da interface trabalho-família; ii) contribuição ao modelo “5Ms” de Brush, Bruin e Welter (2009), confirmando que a maternidade deve ser analisada de forma central nos estudos sobre empreendedorismo feminino; iii) discussão sobre o fenômeno internacional ‘mumpreneurs’; iv) balanço das oportunidades e restrições geradas pela maternidade, sobressaindo-se as oportunidades e compreendendo-se que não a maternidade, mas sim a falta de participação do pai funciona como restrição profissional às mulheres; v) aprofundamento de projetos de lei e desenvolvimento de políticas públicas e de gestão voltadas ao cuidados familiares, ao equilíbrio trabalho-família e à equidade de gênero; e vi) percepção da variável gênero como um construto social que reverbera em diversos aspectos. Sugere-se que estudos futuros realizem pesquisas com mulheres de camadas sociais distintas e aprofundem a discussão sobre os impactos positivos da maternidade ao trabalho e vice-versa, trazendo perspectivas mais atuais da relação trabalho-família.
Abstract: The relationship between work and family has attracted the attention of several researchers. The literature highlights that there are two poles resulting from this relationship: the negative (work-family conflict) and the positive (positive interface between work and family). Therefore, whether to reduce conflicts or benefit from the resources arising from the multiplicity of roles, many women, especially mothers, enter entrepreneurship. Thus, the general objective of this research is to understand how the relationships between work-family interfaces, motherhood and female entrepreneurship are characterized. To achieve this, the relationship between motherhood and the entrepreneurial path, the perception of professional success and role performance, work-family conflicts and the positive interface between work and family were investigated. This is a qualitative and descriptive study, carried out through 14 semi-structured interviews with entrepreneurial mothers who work in the clothing sector in the state of Ceará. The data were operationalized in the atlas.ti 7 software. The results indicate that the role of mother is taken into consideration when opting for entrepreneurship; professional success is understood as financial return and business growth followed by work-family balance; mothers consider their professional performance to be insufficient; they experience conflicts due to the high responsibility and excessive time available to the business; and realize that the benefits arising from work-family interfaces outweigh the incompatibilities. These greatest benefits are predominantly related to the resource of psychological capital, when marital fulfillment favors the partner's participation in domestic activities, generating security and availability for the entrepreneurial role; and the resource of development, when the skills and different perspectives developed during motherhood improve the performance of the entrepreneurial role. Therefore, the family is the largest generator of positive resources for work. This greater positive apprehension seems to be related to the profile of the interviews - middle class women - with the results being limited to this class. However, they promote the strengthening not only of themselves, but also of more vulnerable women, suggesting that female entrepreneurship has been providing conditions for protagonism and self-empowerment to a collective network of fashion women. It is warned that the transition to an entrepreneurial career can mean a return to the situation of work-family imbalance experienced in formal employment, bringing reflections on the dilemmas faced by women when trying to reconcile everything. The study fills two gaps in the national literature (research that considers the two theoretical perspectives of the work-family interface simultaneously; and that considers the connection between female entrepreneurship and motherhood) and, in this sense, presents academic, managerial and social contributions, highlighting -i) joint analysis of the different theoretical perspectives of the work-family interface; ii) contribution to the “5Ms” model by Brush, Bruin and Welter (2009), confirming that motherhood should be analyzed centrally in studies on female entrepreneurship; iii) discussion on the international phenomenon ‘mumpreneurs’; iv) balance of opportunities and restrictions generated by motherhood, highlighting the opportunities and understanding that not motherhood, but rather the father's lack of participation, acts as a professional restriction for women; v) deepening of bills and development of public and management policies aimed at family care, work-family balance and gender equity; and vi) perception of the gender variable as a social construct that reverberates in different aspects. It is suggested that future studies carry out research with women from different social classes and deepen the discussion on the positive impacts of motherhood on work and vice versa, bringing more current perspectives on the work-family relationship.
URI: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/75054
Currículo Lattes do(s) Autor(es): https://lattes.cnpq.br/9821911330519156
Currículo Lattes do Orientador: http://lattes.cnpq.br/7080799282119351
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
Aparece nas coleções:PPAC - Teses defendidas na UFC

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