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Tipo: Dissertação
Título: “A parte mais odiosa é obedecer!”: as relações de poder e as práticas de liberdade das crianças pequenas na educação infantil
Autor(es): Costa, Rebeka Rodrigues Alves da
Orientador: Frota, Ana Maria Monte Coelho
Palavras-chave: Relações de poder;Práticas de liberdade;Crianças;Educação infantil;Power relations;Practices of freedom;Children;Early childhood education
Data do documento: 2022
Citação: COSTA, Rebeka Rodrigues Alves da. “A parte mais odiosa é obedecer!”: as relações de poder e as práticas de liberdade das crianças pequenas na educação infantil. Orientadora: Ana Maria Monte Coelho Frota. 2022. 140 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022.
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo principal investigar o que revelam as relações de poder e as possíveis práticas de liberdade das crianças de uma turma de infantil 5, no contexto do atendimento da Educação Infantil provocado pela pandemia do Covid-19. Intencionou-se i) conhecer as interações sociais das crianças de uma turma de infantil 5, no contexto do atendimento da Educação Infantil provocado pela pandemia de Covid-19; ii) descrever como se revelam as relações de poder nesse contexto; e iii) identificar nas relações das crianças, possíveis práticas de liberdade que apontem para os modos que estas têm de resistir às relações de poder. O corpo teórico desse trabalho fundamentou-se nos estudos do filósofo Michel Foucault (1979; 1995; 1999; 2006a; 2006b; 2008, 2013), para compreender o poder, as relações de poder e as práticas de liberdade; em autores que desenvolveram pesquisas no âmbito dos Estudos da Infância (ARIÉS, 1981; SARMENTO, 2007; CORSARO, 2002; CORSARO, 2011; FERREIRA, 2004a; FERREIRA, 2004b; HEYWOOD, 2004), para subsidiar uma compreensão acerca dos conceitos de criança e infância; e na Filosofia da Educação (KOHAN, 2003; 2007; 2019; 2021; LARROSA, 2011; 2017a; 2017b; 2018) para construir uma reflexão sobre o tempo da infância e a escola como scholé. O trabalho investigativo teve a sua metodologia alicerçada nos princípios da Abordagem Qualitativa (MINAYO, 2009; BOGDAN; BIKLEN,1994) e configurou-se uma pesquisa de campo com inspirações do tipo etnográficas (ANDRÉ, 1995). Foram utilizados como procedimentos metodológicos para a geração dos dados a observação participante (MINAYO, 2009; ANDRÉ, 1995), as entrevistas-conversas (SARAMAGO, 2001) e as Histórias para Completar, de Madeleine B. Thomas (CRUZ, 2006). Os atores e o lócus da pesquisa foram 14 crianças de uma turma de infantil 5 de uma escola particular situada em Fortaleza - CE. A reflexão a partir dos dados evidenciou que as interações das crianças são atravessadas por relações de poder, de modo que tanto sofrem os efeitos do poder quanto exercem-no nas relações com outros sujeitos. Nas relações entre adultos e crianças, o poder se traduz no controle dos corpos e condução das condutas infantis e a brincadeira e sutis ameaças verbais, por vezes parecem ser utilizadas como tecnologia do poder e moeda de troca. Nas relações entre pares foram encontradas disputas relacionadas ao gênero, mas observou-se também confrontos entre crianças do mesmo gênero e o poder se exerce nessas relações sob a forma de gritos, gestos de bater, imposições de vontades, ameaças verbais e corporais. Por sua vez, as crianças exercitam a liberdade e exprimem resistência ao poder, de modo que refletir sobre esses pontos de enfrentamento revelou que as crianças solicitam que os adultos aprendam com elas e seus modos de viver a infância. Defendem que um professor pode ser capaz de implementar um bom governo para todos, desde que permaneça inventivo, valorize a brincadeira, ouça o que cada criança tem a dizer, possibilite tempo para que meninos e meninas possam ser consigo e com os outros, promova experiências, não imponha que todos façam a mesma coisa ao mesmo tempo e proporcione momentos junto à natureza e ao ar livre. Nesse sentido, o que elas parecem reivindicar é uma Educação Infantil que se constrói pautada na experiência da infância.
Abstract: The main objective of this research was to investigate what is revealed through power relations and the possible practices of freedom of children from a Pre-School class, in the context of the attendance of Early Childhood Education caused by the Covid-19 pandemic. It was intended to i) discover the social interactions of children in kindergarten class, in the context of Early Childhood Education care caused by the Covid-19 pandemic; ii) describe how power relations are revealed in this context, and iii) identify possible practices of freedom in the children's relationships that point to the ways they have to resist power relations. The theoretical body of this work was based on the studies of the philosopher Michel Foucault (1979; 1995; 1999; 2006a; 2006b; 2008, 2013) to understand power, power relations and the practices of freedom; in authors who have developed research in the field of Childhood Studies (ARIÉS, 1981; SARMENTO, 2007; CORSARO, 2002; CORSARO, 2011; FERREIRA, 2004a; FERREIRA, 2004b; HEYWOOD, 2004) to support an understanding of the concepts of child and childhood and in the Philosophy of Education (KOHAN, 2003; 2007; 2019; 2021; LARROSA, 2011; 2017a; 2017b; 2018) to build a reflection on childhood time and school as a scholé. The investigative work had its methodology based on the principles of the Qualitative Approach (MINAYO, 2009; BOGDAN; BIKLEN, 1994) and set up as a field survey with ethnographic inspirations (ANDRÉ, 1995). The methodological procedures used to generate the data were the participative observation (MINAYO, 2009; ANDRÉ, 1995), interview conversations (SARAMAGO, 2001), and Completion Stories, by Madeleine B. Thomas (CRUZ, 2006). The actors and the locus of the research were 14 children from a kindergarten class 5 from a private school located in Fortaleza-CE. The reflection based on the data showed that the children's interactions are crossed by power relations and they both suffer the effects of power and exercise it in their relationships with others. In the relationships between adults and children, power is materialized in the control of the bodies and conduct of children's behavior. Playing and subtle verbal threats sometimes are used as a technology of power and a bargaining currency at school. In peer relationships, disputes were found related to gender, and confrontations between children of the same gender have been observed, so that power is exercised in these relationships in the form of screams, beating gestures, impositions of wills, and verbal and corporal threats. In turn, children exercise freedom and express resistance to power. Reflecting on these points of confrontation revealed that children ask adults to learn from them and their ways of living childhood. They argue that a teacher provides good government for all, as long as he/she remains inventive, values play time, listens to what each child has to say, allows time for boys and girls to be with themselves and with others, promotes experiences, doesn't impose that everyone has to do the same thing at the same time and provide moments with nature and outdoors. In this sense, what they seem to demand is an Early Childhood Education that is built based on childhood experience.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/69785
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