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Tipo: Tese
Título: Do vermelho ao rosa: um estudo das estratégias de adaptação da personagem Sherlock para a TV
Autor(es): Oliveira, Cristina Imaculada Santana de
Orientador: Silva, Carlos Augusto Viana da
Palavras-chave: Adaptação Televisiva;Cultura das Séries;Literatura;Sherlock;Literature;Series Culture;Television adaptation
Data do documento: 2021
Citação: OLIVEIRA, Cristina Imaculada Santana de. Do vermelho ao rosa: um estudo das estratégias de adaptação da personagem Sherlock para a TV. Orientador: Carlos Augusto Viana da Silva. 2021. 330 f. Tese (Doutorado em Letras) - Programa de Pós-graduação em Letras, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
Resumo: Sherlock Holmes é uma personagem centenária que, por sua projeção, chegou a obscurecer seu criador, Arthur Conan Doyle, responsável não só pela concepção dessa sólida personagem detetive, mas também pela construção de referências que têm influenciado narrativas policiais ao longo dos tempos, um método de investigação único baseado em lógica e dedução. Essa personagem, desenhada como um detetive consultor, emergiu no romance A Study in Scarlet em 1887 e, a partir deste, inúmeras adaptações foram realizadas, tanto no teatro como no cinema e na televisão. Mais recentemente, em 2010, sob a produção de Mark Gatiss – escritor, roteirista e ator britânico – e Steve Moffat – roteirista e produtor escocês –, a criação doyleana ganhou uma releitura em formato de serialização com o título de Sherlock. Das quatro temporadas produzidas, a presente tese investigou, no episódio um (E1) da temporada um (T1) e no episódio três (E3) da temporada quatro (T4), as novas formas de consumo de texto literário em linguagem audiovisual e sua inserção em uma telefilia transnacional ou, como denomina Silva (2014b), em uma cultura das séries. Para fundamentação teórica das discussões relacionadas à adaptação como reescritura literária dentro de um sistema cultural, recorreu a Lefevere (1992) e Even-Zohar (1990). Em Esquenazi (2011), Balogh (2006), Reimão (1983), Jenkins (2009) e Jost (2012), encontrou argumentos que justificam a importância das séries de televisão; e, em Hills (2015), Ndalianis (2004) e Mittell (2012), como se estrutura o formato seriado para a televisão. O objetivo foi observar como os elementos de composição da personagem doyleana – atualizada pela reescritura gatiss-moffatiana – se apresentam em um contexto contemporâneo das séries televisivas, especificamente no que diz respeito à construção de um repertório incentivador da cultura das séries. A revisão bibliográfica mostrou ainda ser ínfimo o volume de trabalhos acadêmicos sobre a obra de Conan Doyle, apesar de seu vasto número de adaptações. Esta tese se baseia no pressuposto de que, mesmo com alterações no texto de partida, a personagem é reconhecidamente protagonista no gênero policialesco, e o que poderia, em princípio, ser um limitador da criatividade de diretores mostrou, na análise da adaptação televisiva, que as estratégias adotadas por eles ampliaram o público leitor e telespectador desse gênero e tornaram a série Sherlock um exemplo de sofisticação da forma narrativa que estimula o telespectador a dialogar com o texto doyleano. Em A Study in Pink – primeiro episódio da série (T1E1) –, os diretores destacam as características do detetive, seu método lógico de investigação, a parceria com Watson – seu inseparável companheiro – dentro do atual contexto londrino, ressaltando os dilemas de uma metrópole pós-moderna. As quatro temporadas foram desenvolvidas de maneira dinâmica e, no último episódio, The Final Problem (T4E3), tem-se o retrato comprobatório do aprofundamento psicológico e afetivo não só do detetive, mas também de seus pares, nos núcleos de convivência formados. Este estudo revelou que a série reforça elementos de profundidade psicológica sutis no texto de partida que ganham força no século XXI, repleto de conflitos, fragmentações e instabilidades emocionais. Os resultados mostraram que a série, ao explorar esses recursos e aliá-los a um aparato tecnológico e potente circulação digital, que reverbera nas mídias sociais, oferece um complexo repertório que alimenta novas possibilidades de criação do detetive mais antigo do gênero.
Abstract: Sherlock Holmes is a century-old character who, due to his projection, came to obscure his creator, Arthur Conan Doyle, responsible not only for the conception of this solid detective character, but also for the construction of references that have influenced police narratives over time, a method of unique investigation based on logic and deduction. This character, drawn as a consulting detective, emerged in the novel A Study in Scarlet in 1887, and since then, numerous adaptations have been made, both in theater and in film on TV. More recently, in 2010, under the production of Mark Gatiss – the British writer, screenwriter and actor – and Steve Moffat – the Scottish screenwriter and producer, the Doylean creation got a re-writing the serial format with the title Sherlock. Of the four seasons produced, this dissertation investigated, in episode one (E1) of season one (T1) and in episode three (E3) of season four (T4), the new forms of consumption of the literary text in audiovisual language, and its insertion in a transnational telephilia or, as Silva (2014a) names it, in a series culture. As theoretical background for the discussions related to adaptation as literary rewriting within a cultural system, it was taken Lefevere (1992) and Even-Zohar (1990). In Esquenazi (2011), Balogh (2006), Reimão (1983), Jenkins (2009) and Jost (2012), it was found arguments to justify the importance of television series; and, in Hills (2015), Ndalianis (2004) and Mittell (2012), how the serial format for television is structured. The objective was to observe how the compositional elements of the Doylean character – updated by the Gatiss-Moffatiana rewriting – are presented in a contemporary context of television series, specifically regarding the construction of a repertoire that encourages the series culture. The bibliographical review showed that the range of academic researches on Conan Doyle is work still negligible, despite its vast amount of adaptations. This dissertation is based on the assumption that, even with changes in the original text, the character is recognized as a protagonist in the police novel genre, and that what could, at first, be a limiting factor in of directors’ creativity have showed, in the analysis of the television adaptation, that the strategies adopted by them expanded the readership and viewers of this literary genre, and turned the Sherlock series into an example of sophistication of the narrative form that encourages the viewer to dialogue with the Doylean text. In A Study in Pink – first episode of the series (T1E1) – the directors highlight the detective's characteristics, his logical method of investigation, the partnership with Watson – his inseparable comrade – within the current London context, highlighting the dilemmas of a post-modern metropolis. The four seasons were developed in a dynamic way and, in the last episode, The Final Problem (T4E3it is seen the evidential portrait of the psychological and affective deepening, not only of the detective, but also of his peers, in the formed acquaintanceship cares. This study has revealed that the serial reinforces elements of subtle psychological deepening in the source text that have been strengthened in the 21st century, full of conflicts, fragmentations, and emotional instabilities. The results have showed that the series, by exploring these resources and combining them with a technological apparatus and a powerful digital circulation, which reverberates in social media, offers a complex repertoire that feeds new possibilities for the creation of the oldest detective of the literary genre.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/60559
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