Introdução
No decorrer da vida da mulher, ocorrem diversas alterações fisiológicas em
todos os sistemas do corpo, entretanto as maiores delas acontecem especialmente
durante a gestação. No período gestacional o organismo feminino sofre
extensas adaptações para acomodar o feto, elas são detectadas nos sistemas
reprodutor, endócrino, renal, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal,
dermatológico e musculoesquelético (BURTI et al., 2008).
Nesse período há também um aumento considerável na produção hormonal,
principalmente nos hormônios responsáveis pela retenção hídrica, aumentando
o volume sanguíneo da gestante variando entre 30% a 50%, da capacidade de reter
no organismo cerca de 8 litros de água durante a gestação.
Essas alterações fisiológicas podem ser agravadas devido a posturas
inadequadas durante o dia. Algumas mulheres permanecem muito tempo em pé,
enquanto outras passam horas sentadas na mesma posição. Tudo isso dificulta o
retorno venoso, favorecendo o aparecimento de varizes, inchaço e dores nas
pernas (LEDUC, 2007).
Segundo Konkler e Kisner (2008), todos esses sinais dificultam o cotidiano das
gestantes, tornando sua qualidade de vida inferior nesta época. A restrição
em executar atividades cotidianas, o gasto maior de tempo para realizá-las, sua
ligação com a dor e as parestesias, o cansaço referente ao peso e também os
aspectos que dificultam a execução de atividades corriqueiras como conseguir
se vestir ou se calçar constituem as principais queixas que estão diretamente
ligadas à formação de edema nas pernas e nos pés.
Nesse contexto insere-se a drenagem linfática, que vem a ser o método eficaz
na diminuição do edema gestacional, ajuda a proporcionar à gestante mais
conforto durante e após a gestação, sendo realizados movimentos leves e
suaves, direcionando o excesso de líquido para os gânglios linfáticos para
que haja a eliminação das toxinas e assim a melhora, de dores e inchaços e da
circulação sanguínea. Na gestação sua utilização tem se tornado
constante, com a finalidade reduzir edemas das pernas e pés.
Uma técnica que vem se tornando constante nas consultas feitas por
fisioterapeutas é a Drenagem Linfática Manual (DLM), procedimento que utiliza
massagem com o objetivo de deslocar a linfa direcionando-a para os gânglios
linfáticos para gerar uma diferença na pressão, conduzindo a linfa e o fluido
intersticial para que sejam recolocados na corrente sanguínea e, por
conseguinte, reduzindo o edema do membro ou do local tratado (LOPES, 2009).
A Drenagem Linfática Manual foi certificada pela sociedade alemã de
linfologia, na década de 70, tendo empregado diversas técnicas como parte do
tratamento do linfedema de distintas etiologias.. Na gestação sua utilização
tem se tornado constante, com a finalidade de gerar a redução dos edemas das
pernas e pés (BARROS, 2010).
A drenagem linfática manual é uma técnica massoterápica, que favorece a
drenagem da linfa da periferia do organismo para o coração. Hoje considerada
de ampla utilização no tratamento de várias patologias, a drenagem linfática
manual desenvolve sua ação principal sobre o sistema circulatório linfático,
formada pela linfa, vasos linfáticos e linfonodos. A aplicação auxilia o
aumento do transporte da linfa, que melhora a vascularização, a anastomose
linfolinfática e linfovenosa e proporciona maior resistência defensiva
imunitária do organismo, devido ao aumento de células imunitárias que
veiculam no próprio sistema linfático (LOPES, 2009).
Este estudo teve como objetivo verificar a literatura existentes sobre a
drenagem linfática na gravidez e pós-parto no período de 2005 a 2014 com a
finalidade de provar a efetividade do tratamento, demonstrando que a mesma não
deve ser lembrada somente para fins estéticos, mas também, para prevenção e
tratamento de patologias.
Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que para
Chirinos & Meirelles (2011), é um método que resume literaturas empíricas
ou teóricas no sentido de permitir uma melhor compreensão sobre um fenômeno
particular. A revisão integrativa é um método que de estudo científico que
pode contribuir para o desenvolvimento da teoria aliado à prática e à
política.
Para selecionar as bases de dados utilizou-se da Biblioteca Virtual em Saúde -
BIREME, tendo como descritores as palavras: Sistema Linfático, Drenagem
Linfática, Gestação. As bases de dados de literatura científica e técnica
consultadas foram: Literatura Latino-Americana e de Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Como critério de inclusão foram selecionadas publicações na íntegra, em
português, que abordem as palavras chaves citadas anteriormente, no período de
2005 a 2012. Os critérios de exclusão foram: artigos repetidos, artigos não
acessíveis em texto completo, resenhas, artigos de opinião, anais de
congresso, artigos que não abordaram diretamente o tema deste estudo e artigos
publicados fora do período de análise. Resultou na seleção de 50 artigos,
foram utilizados seis estudos completos.
Resultados
e discussões
Conforme Ribeiro (2008) ao circular através dos vasos linfáticos, a linfa
atravessa os linfonodos. Neles quaisquer substâncias estranhas (antígenos) que
estejam sendo transportadas pela linfa são concentradas e expostas aos
linfócitos, o que desencadeia a cascata de etapas que constitui a resposta
imunológica. Os vasos linfáticos por fim, drenam a linfa para a corrente
sanguínea ao unir-se as veias na junção da jugular interna e da subclávia,
no pescoço.
Os roncos linfáticos que drenam a metade inferior do corpo fundem-se no abdome,
algumas vezes formando um saco coletor dilatado, a cisterna do quilo, a partir
desse saco, ou da função dos trocos o ducto torácico ascendente, entrando no
tórax e atravessando-o para entrar no ângulo venoso esquerdo, embora este seja
o padrão de drenagem típico da maior parte da linfa os vasos linfáticos
comunicam-se livremente com as veias em muitas partes do corpo (MOORE, 2007).
Wener et al (2008) ressalta que os efeitos fisiológicos da drenagem são
vários, inclusive o aumento e a reabsorção de proteínas promovem a
desintoxicação dos meios intersticiais aumentando a velocidade da linfa,
Relaxa a musculatura, beneficia a filtração e absorção de proteínas nos
capilares linfáticos, auxilia na distribuição de hormônios e medicamentos no
organismo, acentua a defesa imunológica entre outros.
Corroborando com os autores que versam sobre o tema drenagem linfática Miranda
(2005) é indicada para reduzir edemas, suavizar ao máximo o tecido
cicatricial, acelera a cicatrização dos tecidos, inclusive queimaduras,
ferimentos e rugas, alivia a congestão das suas vias nasais, reduz sintomas de
síndrome de fadiga crônica e síndrome de fibromeaulogia, diminua
hipertonicidade muscular, alivia algumas de intestino preso, promove o
relaxamento para melhorar a insônia o stress e a perda de vitalidade.
Conforme aponta Cardoso (2008), durante o período gestacional ocorre um aumento
na produção hormonal, alguns hormônios são responsáveis pela retenção
hídrica aumentando o volume sanguíneo que varia de 30% a 50% temos capacidade
de reter em nosso organismo cerca de 8 litros de água durante a gestação.
De acordo com Polden e Mantle (2007), no período gestacional durante o terceiro
trimestre há uma maior retenção de água que pode resultar em um grau
variante de edema dos tornozelos e pés na maioria das mulheres, reduzindo a
extensão da articulação. O edema pode causar também pressão nos nervos,
como na síndrome de túnel carpal onde o edema nos braços e nas mãos causa
parestesia e fraqueza muscular, afetando as porções terminais das
distribuições nervosas mediana e ulnar.
Conclusão
Este estudo objetivou verificar a literatura existentes sobre a drenagem
linfática na gravidez e pós-parto no período de 2005 a 2014 com a finalidade
de provar a efetividade do tratamento, demonstrando que a mesma não deve ser
lembrada somente para fins estéticos, mas também, para prevenção e
tratamento de patologias.
É função do sistema linfático concentrar antígenos em certos órgãos
linfóides, circular linfócitos através desses órgãos os antígenos passam a
transportar os produtos da resposta imunológica (linfócitos T efetores,
anticorpos humorais) para os tecidos em que sejam necessários, e eliminar o
antígeno do organismo.
Nesse contexto justifica-se a importância da drenagem linfática na gestação,
visto que, esse vem a ser o método eficaz na diminuição do edema gestacional,
ajuda a proporcionar à gestante mais conforto durante e após a gestação,
sendo realizados movimentos leves e suaves, direcionando o excesso de líquido
para os gânglios linfáticos para que haja a eliminação das toxinas e assim a
melhora, de dores e inchaços e da circulação sanguínea.
È também um dos tratamentos mais indicados no período gestacional por ajudar
a reduzir a retenção de líquido no corpo, melhora a oxigenação das células
musculares e a diminui os inchaços típicos da gravidez, que aparecem
principalmente no primeiro e no último trimestre. A drenagem ativa a
circulação, que fica mais lenta por causa do aumento de sangue no corpo da
gestante.
Referências
-
BARROS,
M. H.. Fisioterapia: drenagem linfática manual. 5ª ed., São Paulo:
Robe, 2010.
-
BORGES,
Fábio Santos do. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas
disfunções estéticas. 2ª ed., São Paulo: Phorte, 2010.
-
BURTI
JS, ANDRADE LZ, CAROMANO FA, IDE MR. Adaptações fisiológicas do período
gestacional. Fisioter Bras. 2008; 7(5): 375-80.
-
FONSECA
FM, PIRES JLVR, PAIVA GMMFA, de SOUSA CT, BASTOS VPD. Estudo comparativo
entre a drenagem linfática manual e atividade física em mulheres no
terceiro trimestre de gestação. Fisioterapia Ser. 2009; 4(4):
225-33.
-
GUYTON,
A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
-
JAQUEMAY,
D. A drenagem – vitalidade: a drenagem linfática associada à energia
chinesa. São Paulo: Manole, 2005.
-
KONKLER,
C.J.; KISNER, C. Princípios de exercícios para a paciente obstétrica. In:
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e
técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2008.
-
KONKLER,
C.J.; KISNER, C. Princípios de exercícios para a paciente obstétrica. In:
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e
técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2008.
-
LEDUC,
Abert. Drenagem linfática: teoria e prática; Tradução Marcos
Ikeda; 3. Ed.- Barueri, SP: Manole, 2007.
-
LEDUC,
Abert. Drenagem linfática: teoria e prática; Tradução Marcos
Ikeda; 3. Ed.- Barueri, SP: Manole, 2007.
-
LOPES,
M. L. M. Drenagem linfática manual e a estética. Blumenau:
Odorizzi, 2009.
-
LOPES,
M. L. M. Drenagem linfática manual e a estética. Blumenau:
Odorizzi, 2009.
-
MACHADO
Aline Fernanda Perez et al. Efeitos da técnica de drenagem linfática
manual durante o período gestacional: revisão de literatura. Ter Man.
2012; 10(48).
-
MANN,
Luana et al. Dor lombar pélvica e exercício durante a gestação. Fisioterapia
e Movimento, v. 21, n. 2, p. 99, 2010.
-
MARX,
A. G.; CAMARGO, M. C. Fisioterapia no edema linfático. 3ª ed. São
Paulo: Panamed, 2008.
-
MARX,
A. G.; CAMARGO, M. C. Fisioterapia no edema linfático. 3ª ed. São
Paulo: Panamed, 2008.
-
MIRANDA,
Rui Noronha. Introdução à dermatologia. Curitiba: Guanabara Koogan, 2005.
MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 4ª ed. São Paulo:
Panamed, 2007.
-
PITA,
B.R et al. Drenagem Linfática. Interfisio. Rio de Janeiro, 17 de dez
de 2007.
-
POLDEN,
M.; MANTLE, J. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. São Paulo:
Santos, 2007. REZENDE, J. O puerpério: obstetrícia. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
-
REZENDE,
J. O puerpério: obstetrícia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.
-
RIBEIRO,
D. R. Drenagem linfática manual corporal. 6. ed. São Paulo: Senac,
2008.
-
RIBEIRO,
D. R. Drenagem linfática manual corporal. 6. ed. São Paulo: Senac,
2008.
-
SILVA,
Morgana Duarte da; BRONGHOLI, Karina. Drenagem linfática corporal no
edema gestacional.
-
SOUZA,
T. C. L. Drenagem linfática como promoção de bem estar e beleza
física. 2008. Monografia (Graduação em Massoterapia) - Fisio Vitae -
Escola de Massoterapia e Terapias Naturais, Florianópolis.
