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Tipo: Dissertação
Título: Pedalando para sobreviver: o processo de uberização do trabalho e os entregadores ciclistas
Título em inglês: Pedaling to survive: the process of uberization of work and bycicle delivery workers
Autor(es): Moura, Lívia Romero de
Orientador: Aquino, Cassio Adriano Braz de
Palavras-chave: Precarização;Uberização do trabalho;Entregadores ciclistas
Data do documento: 2021
Citação: MOURA, Lívia Romero de. Pedalando para sobreviver: o processo de uberização do trabalho e os entregadores ciclistas. Orientador: Cássio Adriano Braz de Aquino. 2021. 189 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
Resumo: O cenário atual de trabalho é marcado por um processo de perda de direitos sociais, flexibilização, instabilidade e precarização, acarretando novas modalidades de trabalho. A empresa Uber é uma das mais ilustrativas acerca dessa nova faceta capitalista que, por sua forte representação, trouxe um novo léxico ao mundo corporativo: a uberização do trabalho. O fenômeno global aprofunda o processo de precarização laboral e faz emergir uma nova categoria de trabalhadores eminentemente precária, mas que ganha novos formatos e se revela como mais uma possibilidade de sobrevivência para milhares de trabalhadores no país, a dos entregadores ciclistas. Frente a isso, o presente trabalho se propôs a analisar junto aos entregadores ciclistas como o fenômeno da uberização constitui referência em sua experiência laboral. Especificamente, buscamos evidenciar os desdobramentos da flexibilização e precarização nas trajetórias laborais de entregadores ciclistas; compreender as implicações na temporalidade laboral produzida com o fenômeno da uberização; e identificar elementos da precarização e flexibilização do trabalho de entrega em bicicleta. A pesquisa, de caráter qualitativo, utilizou a entrevista semiestruturada para construção dos dados, com foco na trajetória laboral, e um diário de pesquisa. Como proposta de análise dos dados construídos em campo, privilegiamos a Análise Sociológica do Discurso. Depreendemos, a partir de nossa investigação, diversos ângulos de percepção sobre a atividade de entrega em bicicleta, que variam desde as dores inerentes a uma ocupação eminentemente precária, até um olhar que, partindo de uma trajetória laboral, confere certa positividade à ocupação, como referência a uma possibilidade viável de sobrevivência, principalmente para os grupos marginalizados. Além disso, apreendemos uma reconfiguração espaço-temporal da atividade de entrega em bicicleta, evidenciada por uma aparente dicotomia entre horário fixo versus flexibilidade de horário, mas que se revelam ser faces do mesmo processo de precarização do trabalho. Acerca da composição espacial, dialogamos a partir da perspectiva de um “não lugar” na atividade dos ciclo-entregadores por aplicativo e as implicações dessa condição. Por fim, nos deparamos com a compreensão de um “olhar marginal” que recai sob o trabalhador entregador e confere um olhar de julgamento que constrange e impulsiona um processo de exclusão social. Soma-se a essa violência simbólica a violência urbana no caminho do entregador, que adensa a condição de vulnerabilidade e atenta não só contra os instrumentos de trabalho como também contra a própria vida. Hátambém, em curso, um projeto de corrosão da classe trabalhadora, potencializado pelos novos trabalhos por aplicativo. No entanto, vislumbramos traços de solidariedade de classe, faíscas de resistência e organização da luta coletiva.
Abstract: The current work scenario is marked by a process of loss of social rights, flexibility, instability and precariousness, leading to new forms of work. The Uber company is one of the most illustrative about this new capitalist facet, which, due to its strong representation, brought a new lexicon to the corporate world: the uberization of work. The global phenomenon deepens the process of job insecurity and causes a new category of workers to emerge, which is eminently precarious, but which takes on new shapes and reveals itself as another possibility of survival for thousands of workers in the country, that of cyclists. In face of this, the present work proposed to analyze with the cyclists delivery how the phenomenon of uberization constitutes reference in their work experience. Specifically, we seek to highlight the consequences of flexibilization and precariousness in the work trajectories of cyclist deliverers; understand the implications for labor temporality produced by the phenomenon of uberization; and to identify elements of the precariousness and flexibility of bicycle delivery work. The research, of qualitative character, used the semi-structured interview for the construction of the data, with focus on the work trajectory, and a research diary. As a proposal for analyzing the data built in the field, we favor Sociological Discourse Analysis. From our investigation, we perceived different angles of perception about bicycle delivery activities, ranging from the pains inherent to an eminently precarious occupation, to a look that, starting from a work trajectory, gives a certain positivity to the occupation, such as reference to a viable possibility of survival, especially for marginalized groups. In addition, we apprehend a spatio-temporal reconfiguration of the bicycle delivery activity, evidenced by an apparent dichotomy between fixed hours versus flexible hours, but which reveal themselves to be faces of the same process of precarious work. Regarding the spatial composition, we spoke from the perspective of a “no place” in the activity of cycle-deliverers by application and the implications of this condition. Finally, we are faced with the understanding of a “marginal look” that falls on the delivery worker and gives a judgmental look that constrains and drives a process of social exclusion. In addition to this symbolic violence, urban violence in the path of the delivery person, which thickens the condition of vulnerability and attacks not only the instruments of work, but also the life itself. There is also an ongoing corrosion project for the working class, enhanced bynew jobs per application. However, we see traces of class solidarity, sparks of resistance and organization of collective struggle.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/60101
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