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Tipo: Tese
Título: Escravos e libertos nos serviços domésticos no Recife no Século XIX: mudanças e continuidades
Autor(es): Lima, Tatiana Silva de
Orientador: Ribard, Franck
Palavras-chave: Empregados domésticos - Recife (PE) - Séc. XIX;Recife (PE) - Relações raciais - Séc. XIX;Escravos libertos - Recife (PE) - Séc. XIX
Data do documento: 2021
Citação: Lima,Tatiana Silva de. Escravos e libertos nos serviços domésticos no Recife no Século XIX: mudanças e continuidades. Orientador: Franck Ribard. 2021. 230 f. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2021.
Resumo: Esta tese focaliza as experiências de escravos e libertos nos serviços domésticos no Recife entre 1830 e 1888. Investiga como as conjunturas advindas das legislações que emanciparam os cativos gradual e lentamente e desenvolveram o mundo do trabalho livre repercutiram nas relações desses sujeitos no trabalho doméstico. A partir da laboriosa articulação entre métodos qualitativos e quantitativos, foram analisados inventários post mortem (suas listas de descrição e avaliação de bens, seus testamentos, cartas de alforria e outros documentos comprobatórios de alforrias, decisões dos Juízes de Órfãos, petições e recibos de pagamentos de salários não pagos), periódicos, literatura, literatura de viagem, censos populacionais, dicionários da época, Conferências Públicas, petições de escolas particulares, documentação policial e o Regulamento de Posturas a toda pessoa de condição livre (criado de servir). As interpretações da documentação fundamentam a hipótese de que os cativos e libertos domésticos sempre tiveram dificuldades de conseguir condições favoráveis de trabalho, até mais do que os explorados em outras ocupações, porém, isso se agravou nas duas últimas décadas da escravidão. Isso porque as relações escravistas, paternalistas e de domesticidade foram muito fortes no Recife, infiltrando-se significativamente nas relações do trabalho doméstico. Tanto que os cativos foram mais explorados nos serviços domésticos do que em outras atividades, mesmo com a diminuição crescente da proporção deles na população, e a média do número de domésticos (especialmente escravos) nas famílias se manteve expressiva e estável em todo recorte cronológico, de 1830 a 1888. Ademais, os forros domésticos continuaram mais limitados ao domínio dos ex-senhores no pós-emancipação, condicionados a prestar serviços por gratidão e obrigações impostas, distantes das leis criadas para desenvolver o mundo do trabalho livre. Apenas às vezes criados e amas libertos e livres se aproximaram da liberdade de trabalho, alcançando relações contratuais e salários, mas quase sempre marcadas pela domesticidade, precariedade e dependência. Os domésticos reivindicaram, negociaram e resistiram para reduzir e até findar a exploração sobre eles e conseguir melhores condições de trabalho. No entanto, justamente a partir da conjuntura em torno de 1871, em que a crise do escravismo se agravou, atingindo a autoridade senhorial e patronal, e os livres ocuparam a maioria dos postos dos serviços domésticos, os dominantes certamente erigiram mais obstáculos para os trabalhadores domésticos não obterem direitos e assim conservarem seus privilégios.
Abstract: This thesis emphasizes on the slaves and freedmen experience in domestic services in Recife between 1830 and 1888. It investigates how the conjunctures arising from the laws that gradually and slowly emancipated the captives and developed the world of free labor had repercussions on the relations of these subjects in domestic work. From the laborious relationship between qualitative and quantitative methods, post-mortem inventories were analyzed (their lists of description and valuation of assets, their wills, manumission letters and other supporting documents of manumission, decisions of the Orphans Court, petitions and payment receipts of unpaid wages), periodicals, literature, travel literature, population censuses, dictionaries of the time, public conferences, petitions from private schools, police documentation and Postures Regulation all free status of person (created to serve). The interpretations of the documentation underlying the hypothesis that domestic slaves and freedmen have always had difficulties to get favorable conditions of work, even more than the exploited in other occupations, however, it has worsened in the last two decades of slavery. This is because the slave relations, paternalistic and domesticity were very strong in Recife, infiltrating significantly in relations of domestic work. So much so that captives were more exploited in domestic services than in other activities, despite the increasing decrease in the proportion of them in the population, and the average number of domestic (especially slaves) in families remained expressive and stable throughout the chronological cut, from 1830 to 1888. Moreover, domestic liners continued longer limited to the domain of the former masters in post-emancipation, conditioned to provide services for granted and obligations imposed, far from laws designed to develop the world of free labor. Only, at times, freed and free maids and nannies approached freedom of work, reaching contractual relations and wages, but almost always marked by domesticity, precariousness and dependence. Domestic workers claimed, negotiated and resisted to reduce and even end exploitation on them and to achieve better working conditions. But, starting from the conjuncture around 1871, when the crisis of slavery worsened, reaching the statutory and employer authority, and the free occupied most of the domestic service posts, the dominant ones certainly erected more obstacles for the domestic workers obtain rights and thus retain their privileges.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/56616
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