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Tipo: Dissertação
Título: Quando eu vi, tava envolvida: atravessamentos da violência urbana nas trajetórias de adolescentes privadas de liberdade
Título em inglês: When I saw, I was Involved: crosses of urban violence in the trajectores of adolescents depreived of freedom
Autor(es): Nunes, Larissa Ferreira
Orientador: Barros, João Paulo Pereira
Palavras-chave: Adolescentes (Meninas) - Condições sociais;Adolescentes (Meninas) - Atitudes;Violência contra as adolescentes;Delinquentes juvenis - Reabilitação;Violência urbana
Data do documento: 2020
Citação: NUNES, Larissa Ferreira. "Quando eu vi, tava envolvida": atravessamentos da violência urbana nas trajetórias de adolescentes privadas de liberdade. 2020. 243f. - Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2020.
Resumo: A presente dissertação se delineou a partir da seguinte questão problemática: como trajetórias de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio fechado em Fortaleza são atravessadas pelas dinâmicas da violência urbana no Ceará? Seu objetivo geral foi analisar os atravessamentos das dinâmicas da violência urbana nas trajetórias de adolescentes privadas de liberdade na cidade de Fortaleza. Já seus intentos específicos foram: conhecer trajetórias de vida de adolescentes privadas de liberdade na capital cearense a quem se atribui envolvimento em organizações criminosas conhecidas como “facções”; problematizar como a inscrição em organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas marca as trajetórias de adolescentes do gênero feminino; discutir a perspectiva de adolescentes privadas de liberdade sobre as transformações da dinâmica da violência em Fortaleza e seus efeitos em seus cotidianos. Articularam-se, para tanto, diferentes interlocuções teóricas sobre juventudes e violência urbana advindas do diálogo transdisciplinar da Psicologia Social com referências críticas à colonialidade, pós-estruturalistas e epistemologias feministas ligadas ao feminismo negro, decolonial e transfeminismo. Metodologicamente, adotou-se a perspectiva da cartografia como método de pesquisa-inter(in)venção, a partir da realização de entrevistas narrativas, com dez adolescentes que cumpriam medida socioeducativa privativa de liberdade em Fortaleza. Além de um manejo cartográfico, tais entrevistas foram orientadas, em sua concepção e execução, por um prisma feminista, a fim de que o diálogo com as participantes viabilizasse a produção e a escuta de narrativas de adolescentes mulheres sobre si, com destaque à interseccionalização do gênero às questões raciais, socioeconômicas, geracionais e territoriais. A partir da leitura do corpus e das ferramentas teóricas utilizadas na pesquisa, foram criados analisadores que inspiraram a organização dos tópicos e subtópicos dos capítulos que compõem o texto da dissertação, tais como: efeitos psicossociais das dinâmicas da violência urbana nas trajetórias de adolescentes a quem se atribui o envolvimento em facções; aprisionamentos a céu aberto e estratégias de re-existências aos efeitos psicossociais da violência no cotidiano; o “envolvimento” de meninas em facções e seus agenciamentos; o “decreto” como dispositivo de matabilidade de mulheres “envolvidas”; intersecção de marcadores de raça, classe, gênero, geração e território na precarização maximizada da vida de adolescentes ditas “envolvidas” e na inscrição destas em organizações criminais ligadas ao tráfico de drogas; marcas da violência institucional na vida de adolescentes enquadradas como “envolvidas”. Assim, a dissertação aponta para a constituição da adolescência formada sob o signo da desigualdade pela intersecção dos marcadores sociais de raça, gênero e classe; medo e acuamento ligados às restrições de liberdade devido às regras internas impostas por facções; perda de amigos e parentes assassinados nas dinâmicas da violência urbana; ameaças de morte via decreto e adesão subjetiva a políticas da inimizade e/ou perfomatização de envolvimento em tais grupos como forma de proteção e negociação da vida em meio a maquinarias necropoliticas; presença do machismo nas dinâmicas das facções, posicionando meninas em funções subalternizadas do tráfico nas periferias urbanas e tomando o corpo feminino um território de expressão da violência e de poder em disputas masculinistas. A pesquisa ressalta ainda o traço misógino das situações de violência institucional narradas pelas participantes e permite cartografar linhas que constituem o “envolvimento” das adolescentes nas chamadas facções. Concluímos ressaltando a importância dessa discussão para o fazer psicologia no âmbito da pesquisa como ferramenta para descolonizar o conhecimento.
Abstract: The present dissertation outlined from the following problematic issue: how are the trajectories of adolescents fulfilling the partner-educative measure an enclosed environment in Fortaleza crossed by the dynamics of urban violence in Ceará? The main goal was to analyze the crossings of urban dynamics in the trajectories of adolescents deprived of liberty in the Fortaleza city. The specific goals, on the other hand, were: to know the life trajectories of adolescents deprived of liberty in the capital of Ceará and those who attribute involvement in criminal activities related as “factions”; problematize as a registration in criminal organizations associated with illegal drug trade as trajectories of female adolescents; discuss the perspective of adolescents deprived of liberty about the transformations of violence dynamics in Fortaleza city and its effects on their daily lives. For this purpose, were articulated on different theoretical dialogues about youth and urban violence arising from the transdisciplinary dialogue of Social Psychology with criticisms of coloniality, post-structural and feminist epistemologies related to black feminism, decolonial feminism and transfeminism. Methodologically, it adopted a perspective of cartography as a method of research, inter(in)vention, from the realization of narrative interviews, with ten adolescents who partner-educative measure deprived of liberty in Fortaleza. In addition to a cartography manual, such interviews were guided, in their design and implementation, by a feminist prism, an end of dialogue with participants to enable the production and listen to narratives of female adolescents about themselves, with emphasis on the intersectionalization of gender, racial, socioeconomic, generational and territorial issues. From the reading of the corpus and the theoretical tools used in the research, analyzers were created that inspired an organization of the chapter's topics and subtopics that make the dissertation content, such as: psychosocial effects of the dynamics of urban violence in the trajectories of adolescents to whom whether attribution is involved in factions; imprisonments on the sun light and re-existence strategies to the psychosocial effects of violence in daily life; the “engagement” of girls in factions and their agencying; the “decree” as a killing device for “agency” women; intersection of markers of race, class, gender, generation and territory on maximized failing for the lives of adolescent victims, knows as “agency” women and on hers registration at criminal organizations related to illegal drug trade; mark of institutional violence in the lives of adolescents classified as “agency”.Thus, the dissertation points to the constitution of adolescence formed under the sign of inequality through the intersection of social markers of race, gender and class; fear and cornering linked to restrictions of freedom because of internal rules imposed by factions; loss of friends and relatives murdered in the urban violence dynamics; death threats decree and subjective adherence to enmity policies and/or role playing in such groups as a way of protecting and life negotiating in the midst of necropolitical machinery; the presence of machismo in the factions dynamics, placing girls in subordinate functions of drug traffic in the urban peripheries and taking the female body into a territory of expression of violence and power in masculinist disputes. The research also highlights the misogynistic trait of situations of institutional violence narrated by the participants and allows mapping lines that constitute the “agencying” of adolescents in the so-called factions. We conclude by emphasizing the value of this discussion for doing psychology in the scope of research as a tool to decolonize knowledge.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/54459
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