Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/45341
Tipo: Tese
Título: Estratégias psicossociais de enfrentamento à pobreza: um estudo sobre o fatalismo e a resiliência em pessoas residentes na zona rural brasileira
Título em inglês: Psychosocial strategies to coping poverty: a study on fatalism and resilience in people living in rural areas of Brazil
Autor(es): Cidade, Elívia Camurça
Orientador: Ximenes, Verônica Morais
Palavras-chave: Pobreza;Enfrentamento;Fatalismo;Resiliência
Data do documento: 2019
Citação: CIDADE, Elívia Camurça. Estratégias psicossociais de enfrentamento à pobreza: um estudo sobre o fatalismo e a resiliência em pessoas residentes na zona rural brasileira. 2019. 295f. - Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2019.
Resumo: Esta tese tem como objetivo geral analisar como o fatalismo e a resiliência interferem nas estratégias psicossociais de enfrentamento à pobreza de moradores da zona rural brasileira. Parte da consideração de que a vida em condições de pobreza acarreta implicações nos modos com que os sujeitos desenvolvem estratégias psicossociais de enfrentamento a um cotidiano adverso e questiona como o fatalismo e a resiliência interferem nestas elaborações. Trata-se de um estudo de natureza mista (quantitativa e qualitativa), desenvolvido junto à sujeitos residentes nas áreas rurais dos estados do Ceará e Paraná. A etapa quantitativa envolveu a aplicação de um Questionário de Mensuração da Pobreza Multidimensional e Escala Multidimensional de Fatalismo - Reduzida (EMF) junto à 737 sujeitos. A etapa qualitativa integrou a facilitação de 7 (sete) grupos focais com a presença total de 79 participantes. Foram realizadas análises estatísticas descritivas, comparação de médias (Teste t de Student e Análise de Variância), Análise de Correlação e Análise de Regressão Múltipla. A apreciação dos dados qualitativos foi fundamentada na proposta de Análise de Conteúdo de Bardin, mediada pelo uso do software Atlas Ti 8.4. Pentecoste aparece com maior incidência de pobreza multidimensional considerando o Índice de Mensuração de Pobreza Multidimensional quando comparada à Cascavel. Os sujeitos vivenciam simultaneamente variados conteúdos de privação na forma de múltiplas insuficiências, sejam elas alimentares, de estrutura de habitação e de oferta de espaços de lazer na comunidade. A precariedade no acesso às políticas públicas é um fator que vulnerabiliza o sujeito à pobreza e ao adoecimento. A exposição dos sujeitos às repetidas experiências frustradas em transpor o cotidiano da pobreza fomenta o fatalismo, que se manifesta através de conteúdos de controle divino, predestinação, pessimismo e presentismo. O desamparo derivado da pobreza intensifica os pensamentos místicos, a baixa reflexividade crítica e a simplificação analítica dos fatos. A pobreza fragiliza, ainda, o acesso aos fatores que contribuem para a expressão da resiliência sociocomunitária. As relações de vizinhança são destacadas como uma relevante fonte de suporte social, permeada por sentimentos de confiança recíproca e fundamentada em códigos morais com ênfase na busca pela sobrevivência. Os participantes demonstram compreender o ato de enfrentar como enfrentamento da pobreza, o que acaba contribuindo para que discutam as experiências de privação como algo que deve ser combatido através do esforço estritamente individual. Estes pensamentos favorecem a culpabilização e apontam que o distanciamento analítico-emocional e o conformismo são consequência da intensidade da pobreza. Conclui-se que o caráter sobreposto, continuado e comum à uma coletividade, típico da pobreza rural, impacta negativamente na expressão dos fatores da resiliência sociocomunitária, deixando os sujeitos vulneráveis às concepções fatalistas. As estratégias psicossociais de enfrentamento à pobreza sofrem interferência do fatalismo e da resiliência pois estes são indicadores do que está ou não sendo asseguro ao sujeito para que, sob uma perspectiva comunitária, possa alcançar o horizonte de transformação.
Abstract: This thesis has as main objective to analyze how fatalism and resilience interfere in psychosocial strategies to coping poverty of rural residents in Brazil. It starts from the consideration that life in conditions of poverty has implications for the ways in which subjects develop psychosocial strategies to face an adverse daily life and questions how fatalism and resilience interfere in these elaborations. This is a mixed study (quantitative and qualitative), developed with subjects living in rural areas of the states of Ceará and Paraná. The quantitative stage involved the application of a Questionnaire on the Measurement of Multidimensional Poverty and the Multidimensional Scale of Fatalism - Reduced (EMF) with 737 subjects. The qualitative step integrated the facilitation of 7 (seven) focus groups with a total presence of 79 participants. Descriptive statistical analysis, comparison of means (Student's t-test and Analysis of Variance), Correlation Analysis and Multiple Regression Analysis were performed. The assessment of qualitative data was based on the Bardin Content Analysis proposal, mediated by the use of Atlas Ti 8.4 software. Pentecost appears with a higher incidence of multidimensional poverty considering the Multidimensional Poverty Measurement Index when compared to Cascavel. The subjects simultaneously experience various brand of deprivation in the form of multiple insufficiencies, such as food, housing structure and provision of leisure spaces in the community. The precariousness of access to public policies is a factor that makes the subject vulnerable to poverty and illness. The exposure of subjects to repeated frustrated experiences in crosssing poverty in daily life fosters fatalism, which manifests itself through contents of divine control, predestination, pessimism and presentism. The helplessness derived from poverty intensifies mystical thoughts, low critical reflexivity and the analytical simplification of facts. Poverty also weakens access to factors that contribute to the expression of sociocommunity resilience. Neighborhood relations are highlighted as a relevant source of social support, permeated by feelings of mutual trust and based on moral codes with emphasis on the search for survival. The participants demonstrated an understanding of the act of confronting how to face poverty, which ends up contributing to discuss the experiences of deprivation as something that must be combated through strictly individual effort. These thoughts favor guilt and point out that analytical-emotional detachment and conformism are a consequence of the intensity of poverty. It concludes that the overlapping, continued and common character of a collectivity, typical of rural poverty, negatively impacts on the expression of the factors of sociocommunity resilience, leaving the subjects vulnerable to fatalistic conceptions. Psychosocial strategies for coping with poverty suffer interference from fatalism and resilience because these are indicators of what is or is not being assured to the subject so that, from a community perspective, it can reach the horizon of transformation.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/45341
Aparece nas coleções:PPGP - Teses defendidas na UFC

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
2019_tes_eccidade.pdf8,39 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.