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Tipo: Tese
Título: Secularismo e religião na democracia deliberativa de Habermas: da pragmática ao déficit ontológico e metafísico
Autor(es): Oliveira, Juliano Cordeiro da Costa
Orientador: Oliveira, Manfredo Araújo de
Palavras-chave: Democracia – Teoria;Filosofia política;Filosofia alemã;Secularism;Habermas
Data do documento: 2017
Citação: OLIVEIRA, Juliano Cordeiro da Costa. Secularismo e religião na democracia deliberativa de Habermas: da pragmática ao déficit ontológico e metafísico. 2017. 213 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Fortaleza (CE), 2017.
Resumo: O problema a ser levantado nesta tese é que há, em Jürgen Habermas, um déficit ontológico (a falta de uma teoria dos entes) e metafísico (a falta de uma teoria do Ser) em sua filosofia. O pensamento de Habermas se reduziria à pragmática, não deixando espaço para o aprofunda-mento de questões ontológicas e metafísicas, que o próprio Habermas sugere implicitamente, embora sem aprofundar, por se manter fiel ao seu pensamento pós-metafísico. Quais as consequências disso para sua proposta de um diálogo entre secularismo e religião na democracia deliberativa e mesmo para sua análise do fenômeno religioso? O déficit ontológico e metafísico, analisado primeiramente na filosofia teórica, em Verdade e justificação, percorreria igual-mente sua filosofia política, à medida que Habermas não reflete acerca do caráter universal do bem na sua defesa da ética do justo. Finalmente, o déficit ontológico e metafísico alcançaria também sua análise dos discursos religiosos, restritos à pragmática, apesar de Habermas reconhecer a importância das religiões, quando traduzem suas intuições essenciais para uma linguagem pública e secular. Puntel, nesse sentido, coloca uma questão teórica, que o leva a afirmar, com razão, que a metafísica é a instância em que se articula o conteúdo da religião. Como o problema de Habermas é puramente pragmático, isto é, como tornar possível um diá-logo entre crentes e não crentes, ele não leva em consideração a dimensão metafísica da religião, mas apenas seu conteúdo ético. Nesse contexto, é essencial distinguir claramente duas questões que aparecem em Habermas: 1) um problema teórico: Habermas aceita a centralidade da linguagem numa teoria, embora possua uma análise unilateral da linguagem, por reduzi--la a uma análise da dimensão pragmática; 2) um problema prático: como é possível a convivência entre crentes e não crentes numa sociedade pluralista e democrática? Dessa forma, em Habermas, diversas questões podem ser avaliadas tanto à luz da filosofia como da sociologia. Contudo, tal fato traz também uma série de confusões não apenas do próprio Habermas como igualmente de seus intérpretes e críticos, uma vez que as questões, sejam elas filosóficas ou sociológicas, são postas como sendo de mesmo tipo. Um exemplo disso é o tema da religião, que ora aparece a partir de um ponto de vista sociológico de uma teoria da sociedade, ora a partir de um viés filosófico e propriamente teórico. Este trabalho, contudo, encontra-se no âmbito estritamente filosófico, haja vista que haveria um déficit ontológico e metafísico na sistemática do pensamento de Habermas, tendo consequências em sua análise limitada do fenômeno religioso, restrito à dimensão pragmática da linguagem.
Abstract: The problem to be raised in this thesis is that there is, in Jürgen Habermas’ philosophy, an ontological deficit (a lack of a theory of the beings) and also a metaphysical déficit (the lack of a theory of the Being). Habermas’s thinking would, as far as we are concerned, be reduced to pragma- tics, leaving no room to the deepening of ontological and metaphysical questions, which Habermas himself implicitly suggests, although without further elaboration, for remaining faithful to his post-metaphysical thinking. Anyway, what are the consequences of such thinking for his proposal of a dialogue between secularism and religion in the deliberative democracy and even for his analysis of a religious phenomenon? The ontological and metaphysical deficit, first analyzed in the theoretical philosophy, in Truth and justification, would equally run its political philosophy, once Habermas does not reflect on the universal character of the good, in his defense of the ethics of the righteous. Finally, the ontological and metaphysical deficit would also reach its analysis of religious discourses, restricted to pragmatics, although Habermas recognizes the importance of religions when they translate their essential intuitions into a public and secular language. Puntel, in this sense, highlights a theoretical question, which leads him to rightly affirm that metaphysics is the instance in which the contents of religion is articulated. Since Habermas’ problem is purely pragmatic, that is, how to enable a dialogue between believers and non-believers, he does not take into account the metaphysical dimension of religion, but only its ethical contents. It is essential, in this context, to clearly distinguish two questions that appear in Habermas. 1) A theoretical problem: Habermas accepts the centrality of the language in a theory, although it has a unilateral analysis of the language, by reducing it into an analysis of the pragmatic dimension of the language; 2) A practical problem, he wonders: How may coexistence between believers and non-believers in a pluralistic and democratic society be possible? Thus, in Habermas, several questions can be eva-luated both in the light of philosophy and sociology. However, this fact also brings a series of confusions not only of Habermas’ himself, but also of his interpreters and critics, since the questions, no matter wheather they are philosophical or sociological, they are exposed as being of the same type. An example of such theme is religion, which now appears from a sociological point of view of a theory of society, sometimes through a philosophical and properly theoretical bias. Our work, however, is strictly philosophical, once in our view there would be an ontological and metaphysical deficit in Habermas’ ways of thinking, with consequences in his limited analysis of the religious phenomenon, restricted to the pragmatic dimension of the language.
URI: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/22757
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