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Os desafios encontrados pelo profissional de enfermagem

durante a assistência prestada numa maternidade pública

Los desafíos que encuentra el profesional de enfermería durante la asistencia prestada en una maternidad pública

 

*Faculdade Estácio de Alagoas (FAL)

**Docente da Escola de Enfermagem e Farmácia

da Universidade Federal de Alagoas (UFAL***

Médico da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió/Alagoas

****Mestranda Saúde, Ambiente e Trabalho (UFBA)

*****Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

José Martins do Nascimento Junior*

Amuzza Aylla Pereira dos Santos**

Francisco Carlos Lins da Silva***

Renata Costa da Silva****

Jesseliane Alves do Carmo Laurindo*

Gilberto Santos Cerqueira*****

amuzza1@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Qualificação e a humanização são características essenciais da atenção obstétrica e neonatal a ser prestada pelos serviços de saúde e pelos profissionais de enfermagem que enfrentam desafios na assistência hospitalar ao parto na prestação destes cuidados. Objetivo: Descrever os desafios que os profissionais de enfermagem enfrentam na prestação da assistência hospitalar as gestantes e puérperas de uma maternidade pública de Maceió/AL. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa, realizada com os profissionais de enfermagem (Técnicos de enfermagem e Enfermeiros) que lidam com esta rotina diária. O estudo foi realizado na Maternidade Escola Santa Mônica no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012, a amostra foi constituída por 50 profissionais de enfermagem. Resultados: Dentre os desafios citados estão o salário que é defasado, a falta de valorização profissional, a falta de materiais hospitalares, a estrutura física inadequada, o relacionamento interpessoal e educação permanente insatisfatória. Conclusão: Deve ser prioridade dos gestores de saúde propiciar condições dignas de trabalhos para a equipe de enfermagem, onde a equipe possa prestar uma assistência qualificada para as gestantes e puérperas no ciclo gravídico puerperal.

          Unitermos: Assistência. Enfermagem. Saúde. Profissional de enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195, Agosto de 2014. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Todas as equipes de enfermagem da maternidade se submetem a prestar um serviço de enfermagem em ambiente insalubre e sem condições de admitir nenhuma paciente, uma vez que a essência da enfermagem é o cuidar com excelência e infelizmente a unidade não oferece recursos para os profissionais desenvolverem suas atividades (STEVENS apud SWAIN et al, 2006).

    Existe ainda muita carência de recursos físicos e principalmente recursos humanos, resultando numa realidade triste, para as parturientes, que não tem leitos suficientes para a demanda, os que existem estão sem condições dignas para receber esta gestante.

    Esta realidade aponta que a dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com problemas da esfera social e da subjetividade humana, sobretudo aqueles com formação estritamente baseada no modelo biomédico (FAKIH et al, 2009).

    A Resolução do COFEN 358/2009, de outubro de 2009, vai ao encontro desse último entendimento, ao afirmar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática profissional (MINISTERIO DA SAÚDE, 2009).

    Essa possibilidade tem contribuído substancialmente para o enfrentamento da escassez de tempo relacionada ao volume de trabalho e ao número insuficiente de profissionais na equipe de enfermagem, considerados importantes fatores de impedimento para a realização do processo de enfermagem pelo enfermeiro (SARAGIOTO & TRAMONTINI, 2009).

    Estes diferentes processos definem o papel que deve ser desempenhado pela equipe de enfermagem, evidenciado na formação do profissional e no cotidiano de seu trabalho. Com bases nessas premissas, elementos constitutivos da realidade da atuação do profissional de enfermagem na Maternidade Escola Santa Mônica. Formulou-se como questão norteadora dessa pesquisa a percepção dos profissionais de enfermagem com relação aos desafios encontrados na profissão.

    Diante do exposto, o presente estudo objetivou descrever os desafios que os profissionais de enfermagem enfrentam na prestação da assistência hospitalar as gestantes e puérperas de uma maternidade pública de Maceió/AL.

Método

    Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa, realizado em uma Maternidade Escola Santa Mônica, localizada na cidade de Maceió, no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012.

    A população de estudo foi constituída por 50 profissionais de enfermagem (enfermeiros e técnicos). O critério de inclusão, todos profissionais de enfermagem que trabalham com a rotina diária da maternidade.

    Os dados foram coletados a partir de um questionário e visitas a maternidade respeitando-se os itens constantes na resolução nº. 466/12 sobre as diretrizes e normas regulamentadoras que norteiam a pesquisa com seres humanos, com as seguintes variáveis (dados de identificação, nível socioeconômico, nível de formação, tempo que exerce a profissão, os desafios encontrados na profissão e a assistência prestada ao paciente). Tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade Estácio de Alagoas com protocolo nº 190612/109.

Resultados

    O estudo foi constituído de 50 profissionais de enfermagem com idade entre 23 a 66 anos, sendo 18 enfermeiros e 32 técnicos de enfermagem. Trabalham na instituição por mais de 10 anos, 48% (24) dos entrevistados. Os entrevistados três são homens e 47 são mulheres, sendo que 23 são solteiros e 27 casados, dos 50 entrevistados 58% (29) tem uma jornada de trabalho que ultrapassa 40 horas semanais e 42% (21) não ultrapassa às 40 horas semanais.

    Com relação à distribuição dos profissionais nos setores em que atua 14% (7) dos entrevistados trabalham no centro cirúrgico, 20% (10) na triagem, 16% (8) no setor de obstetrícia e ginecologia, 12% (6) no alojamento canguru, 6% (3) no setor de urgência da maternidade, 8% (4) dos entrevistados trabalham no banco de leite humano, 4% (2) trabalham nas enfermarias que ficam as parturientes, 8% (4) trabalham na central de material esterilizado, 2% (1) trabalham na UTI Neo, 2% (1) na UTI Materna, 8% (4) trabalham com as puérperas.

    Quando questionados sobre os desafios encontrados na maternidade os profissionais relataram que salário é defasado (32%), desvalorização profissional (8%), falta de materiais hospitalares adequados para a assistência (8%), a estrutura física prejudica a assistência (22%), o relacionamento interpessoal (18%) e a falta da Educação permanente (12%).

Discussão

    A falta de envolvimento pessoal no trabalho ocorre e envolve sentimento de inadequação pessoal e profissional. O trabalhador se auto avalia de forma negativa. Isso prejudica a habilidade para a realização do trabalho e o atendimento, o contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização (MUROFUSE et al, 2008).

    Cada dia exige mais capacidade técnico-científica da equipe de enfermagem em um sistema dinâmico-capitalista. A baixa remuneração, a sobrecarga de trabalho, a falta de autonomia e reconhecimento contribuem ao surgimento de alterações psíquicas que levam muitos funcionários a um estado de exaustão emocional, perda de interesse pelas pessoas que teriam que ajudar; e por fim baixo rendimento profissional e pessoal, com a crença de que o trabalho não vale a pena e, institucionalmente, não se podem mudar as coisas e que não há possibilidade de melhorar pessoalmente (SANTOS & PENNA, 2009). No estudo este sentimento fica muito visível, pois o profissional sente que esta sendo desvalorizado pela instituição na qual o mesmo esta prestando um serviço que até seria de qualidade.

    O serviço de enfermagem em um hospital é de extrema importância, pois proporciona o cuidado, que é fator essencial para o desencadeamento dos trabalhos realizados junto aos pacientes no que diz respeito ao seu tratamento físico-mental. No entanto, apesar de sua extrema importância, a equipe de enfermagem sofre com as condições de trabalho que lhes são ofertadas muitas vezes de forma precária prejudicando assim o seu trabalho e desmotivando os profissionais da área (DIAS et al, 2009).

    Conforme foram referidos no estudo os profissionais de enfermagem alegam ainda que a estrutura física, os insumos precários e o relacionamento interpessoal como fator negativo para desenvolvimento da sua habilidade, competências, ou seja, seu trabalho. A pesquisa mostra também que os profissionais de enfermagem acreditam que a educação permanente é determinante para desenvolver e aprimorar habilidades.

    O profissional de enfermagem geralmente possui mais de um vínculo empregatício. Isso prejudica o tempo destinado ao lazer e, como a maioria dos trabalhadores pertence ao gênero feminino, à jornada de trabalho e cuidado doméstico também deve ser considerada na análise da qualidade de vida desses profissionais (SILVA & MELO, 2006).

    Para Dias et.al (2009) algumas particularidades do trabalho da equipe de enfermagem levam à desmotivação em ambiente hospitalar: o tipo de trabalho (horário de trabalho, ritmo de trabalho, conteúdo do trabalho, controle do trabalho, uso de habilidades), relações interpessoais e grupais (tipos de relações, relações com superiores, relações com colegas, relações com os pacientes) o desenvolvimento da carreira (insegurança no trabalho).

    A carga de trabalho exaustiva é o estressor mais proeminente na atividade da enfermagem, além dos conflitos internos entre a equipe e a falta de motivação e apoio ao profissional, sendo a indefinição do papel profissional um fator somatório aos estressores (BATISTA & BIANCHI, 2008).

    A falta leitos, equipamentos e materiais, dificultam o atendimento da à equipe de enfermagem nos casos realmente emergenciais. Consequentemente, essa situação agrava a existência de estressores ao profissional de saúde, principalmente da equipe de enfermagem, pois prestam assistência aos pacientes em condições criticas além de atender aqueles que poderiam ser assistidos nos níveis ambulatoriais, postos de saúde (HARBS et al, 2008).

    Com isso, percebe-se que a função dos profissionais de enfermagem torna-se desmotivadora. A equipe de enfermagem possui muita responsabilidade no desenrolar de suas atividades diárias. As condições de trabalho são muitas vezes deficientes, e, além disso, não possui autonomia e poder de decisão compatível com as suas responsabilidades perante a organização (DIAS et.al, 2009).

Considerações finais

    Evidenciamos que a assistência prestada pela equipe de enfermagem na maioria das vezes sofre interferência dos vários desafios enfrentados por estes profissionais.

    A demanda excessiva de pacientes, a falta de condições no ambiente de trabalho e a baixa remuneração tem exposto a equipe de enfermagem a várias situações com os pacientes e isto tem resultado numa clientela insatisfeita com o atendimento.

    O estudo deu visibilidade a alguns desafios enfrentados no tocante à equipe de enfermagem, revelando à demanda excessiva de pacientes em que esses enfermeiros são expostos, bem como a sobrecarga, a sobreposição de tarefas e a falta de capacitação como fatores que dificultam essa prática. Aponta, também, que a avaliação dessa prática se dá na lógica da produção quantitativa, e não da qualidade do trabalho, fato que promove a invisibilidade e a desvalorização profissional.

    Acredita-se que a contribuição deste estudo consiste, principalmente, em desvelar os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem, pois conhecendo esses desafios os gestores possam, com vista na construção de uma política de educação permanente visando à qualidade de vida desses profissionais, bem como a assistência de qualidade, fortalecendo assim o profissional de forma que o mesmo possa se sentir cada vez mais valorizado e participante direto na assistência melhorada do paciente.

Referências

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